Fusão entre Embaré e Betânia cria gigante no setor de lácteos

Em busca de maior competitividade no mercado, a empresa cearense Betânia Lácteos S.A e a mineira Embaré Indústrias Alimentícias S.A. pretendem fundir as operações formando uma associação que, se aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), será a quinta maior do mercado de lácteos nacional.
Com base nos últimos 12 meses, o faturamento do grupo econômico está estimado em quase R$ 4 bilhões ao ano. Também faz parte do grupo o Arlon Latam, fundo de private equity que estruturou e participa diretamente da operação.
Conforme os dados divulgados pelas empresas, com a fusão, o grupo terá 3,6 mil colaboradores diretos, com um faturamento bruto combinado de R$ 3,9 bilhões (últimos 12 meses). Ao todo, são nove fábricas e 13 centros de distribuição, além de laboratórios próprios e filiais, com capacidade para processar 4,8 milhões de litros de leite por dia, fornecidos por mais de 6.500 famílias de produtores e 12 cooperativas.
A associação que reunirá as empresas terá 220 produtos das marcas Betânia, Bat Gut, Betânia Kids, Embaré e Camponesa, divididos entre leite UHT, leite em pó, leite condensado, creme de leite, doce de leite, bebidas lácteas, iogurte, leite fermentado, manteiga, requeijão, queijos e caramelos, vendidos em mais de 100 mil pontos de venda no Brasil e em outros 45 países.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
De acordo com o sócio do Arlon Latam, Bruno Silva, a nova empresa terá uma governança bem distribuída entre os três grupos societários. A ideia é aproveitar o que cada um tem de melhor.
“A família Girão e os acionistas, que administram a Betânia, têm forte experiência na região Nordeste do País. A família Antunes, da Embaré, tem experiência muito grande com leite em Minas Gerais, e a ideia é juntar forças. A Arlon tem experiência em fazer negócios, trazer dinheiro para os negócios e ajudar com estratégia, governança e visão global. Este será o papel de cada um dos sócios na nova associação”, explica Silva.
Silva afirma que o Arlon e a Betânia já atuam em sociedade desde 2017, neste período a empresa ampliou o marketing share no Nordeste de 30% para 42% no caso do leite fluido e saiu de quarto lugar em iogurtes para primeiro lugar, o que garantiu uma posição muito consolidada da Betânia nos mercados de leite fluido e produtos refrigerados lácteos.
“Sempre admiramos o trabalho da Embaré, que é muito forte na produção de leite em pó. A captação de leite é muito grande em Minas Gerais e tem condições de continuar a crescer. Como a Betânia é muito forte em leite fluido e produtos refrigerados, achamos que a união das empresas seria muito interessante para a complementaridade do portfólio. A Betânia vai ter acesso e pode fortalecer o seu portfólio com o leite em pó, assim como a Embaré/Camponesa poderá fortalecer também seu portfólio. São empresas muito fortes nos seus mercados”, destaca.
Aprovação no Cade
Segundo Bruno Girão, presidente da Betânia Lácteos e futuro CEO da nova empresa, as estimativas são positivas em relação à aprovação da nova associação no Cade. A decisão pode levar de 45 dias a um ano.
“Estamos esperando a decisão do Cade para que a gente possa decidir o nome da nova empresa. Entendemos que a participação combinada das empresas no mercado ainda vai ficar muito baixa e, portanto, esperamos que o Cade não se contraponha”.
Caso aprovada a fusão, a nova empresa será a quinta maior de lácteos do País. “Isso nos dá robustez, competitividade, capacidade financeira, de investir e também para alcançar outros mercados”, avalia.
Girão explica que a intenção da associação é continuar trabalhando com as marcas separadas.
“Vamos manter o posicionamento das marcas, inclusive com as equipes de vendas separadas. Nossa ideia é colocar mais itens na marca Embaré, que, por questão de frete, chega ao Nordeste com preços difíceis de serem competitivos. A ideia é passarmos a fabricar alguns produtos com a marca Embaré nas nossas plantas no Nordeste. A Embaré também poderá produzir leite em pó com a marca Betânia nas unidades fabris de Minas Gerais. Vamos combinar o portfólio e as marcas e, juntos, ter mais de 220 itens disponíveis”, comemora.
A princípio, não estão previstos investimentos nas indústrias. O CEO da Embaré, Alexandre Antunes, explica que, recentemente, foram feitos investimentos importantes na fábrica de Patrocínio e a empresa está pronta para produzir grandes volumes. Na Betânia, também foram feitos aportes na indústria de leite condensado e leite em pó.
“Não haverá necessidade de criar novo capex para iniciar a operação. Nosso desafio agora é vender”, diz Antunes.
Números da nova empresa
• Receita bruta consolidada (últimos 12 meses): R$ 3,9 bilhões;
• Capacidade produtiva: 4,8 milhões de litros de leite ao dia;
• 9 fábricas, 13 centros de distribuição, 9 laboratórios próprios, 3 filiais, 4 brokers, 1 armazém geral e 2 cross dock;
• Portfólio consolidado de 220 produtos vendidos em mais de 100 mil pontos de venda no Brasil e em outros 45 países;
• Mais de 6,5 mil famílias produtoras de leite e 12 cooperativas em 221 municípios;
• Geração de 3,6 mil empregos diretos.
Ouça a rádio de Minas