Agronegócio

Governo compra 263,37 mil toneladas de arroz importado em leilão

A estratégia do leilão foi adotada para reduzir o preço do arroz, que chegou a aumentar 40% por causa das enchentes no Rio Grande do Sul
Atualizado em 6 de junho de 2024 • 14:37
Governo compra 263,37 mil toneladas de arroz importado em leilão
Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

Brasília – A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) comprou 263,3 mil toneladas de arroz importado em leilão realizado na manhã desta quinta-feira (6). A previsão do governo era comprar até 300 mil toneladas do alimento.

A estratégia do leilão foi adotada para reduzir o preço do arroz, que chegou a aumentar 40% por causa das enchentes no Rio Grande do Sul. O estado gaúcho é responsável por 70% da produção nacional do grão.

O governo pretende vender o arroz em embalagem específica a R$ 4 o quilo, de forma que o preço final não ultrapasse R$ 20 pelo pacote de 5 quilos.

O produto será destinado a pequenos varejistas, mercados de vizinhança, supermercados, hipermercados, atacarejos e estabelecimentos comerciais em regiões metropolitanas, com base em indicadores de insegurança alimentar.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


O leilão chegou a ser barrado pela Justiça Federal em Porto Alegre. O presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), Fernando Quadros da Silva, entretanto, acatou pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) e liberou a realização do pregão.

Para adquirir o arroz, a Conab despendeu R$ 1,316 bilhão, segundo informações do site da estatal.

Leilão de arroz foi ‘sucesso contra a especulação’, diz ministro da Agricultura

São Paulo – A Conab conseguiu 263 mil toneladas de arroz no leilão de cereal importado nesta manhã (6). Um volume que surpreendeu o mercado.

“Foi um sucesso contra a especulação”, diz Carlos Fávaro, ministro da Agricultura. Segundo ele, o governo nunca divergiu de que a safra brasileira fosse suficiente para o consumo interno, mas sabia que havia dificuldades logísticas para tirar o arroz do Rio Grande do Sul. Foram considerados todos os contrapontos das entidades do setor, afirma.

“O que aconteceu de fato? Houve uma especulação em cima da tragédia. Há um mês e meio, o arroz tipo 1, longo, fino, pacote de 5 quilos estava em torno de R$ 25 a R$ 27 no mercado brasileiro.” Após a tragédia do Rio Grande do Sul, subiu para R$ 35 a R$ 40. E a especulação não veio do produtor, afirma o ministro.

Quando o Brasil abre o mercado, sem impostos, o país consegue essas 263 mil toneladas a um preço variando de R$ 24,98 a R$ 25 por pacote de cinco quilos, afirma Fávaro. “Isso mostra qual é a realidade do mercado mundial de arroz, posto no Brasil, e tudo que passa disso é especulação, tudo é o lado perverso da tragédia”.

Para Fávaro, a judicialização do leilão por entidades do setor e por políticos foi “uma conspiração contra o povo brasileiro, uma vez que o arroz faz parte da alimentação básica.”

O ministro diz que o governo vai avaliar os reflexos da entrada desse cereal no país e, se necessário, fará novos leilões. Mas antes vai dar um tempo para ver como fica a situação no estado e incentivar mais os produtores locais.

“Antes de qualquer movimento de fazer leilão, nós conversamos com sindicatos rurais, Federarroz do Rio Grande do Sul, indústrias e cooperativas. Com a anuência, inclusive, para a retirada da Tarifa externa Comum (Tec) de 12%.”

O ministro diz que após quatro dias do primeiro edital, o arroz subiu 30%, o que obrigou o governo a suspender o leilão inicial de 100 mil toneladas.

A alta do arroz, após as enchentes, chegou à inflação. Os dados da pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) mostrou que, após oito quadrissemanas em queda, o cereal voltou a subir. A alta média foi de 0,72% em maio.

Como os dados da Fipe consideram sempre a média móvel de quatro semanas, em relação às quatro anteriores, o aumento no bolso do consumidor, na verdade, é superior a 0,72%.

Segundo o International Grains Council (IGC), a transação mundial de arroz será de 51,5 milhões de toneladas. A oferta mundial, considerando produção e estoques iniciais vindos de sobras do ano anterior, soma 691 milhões de toneladas. Neste mesmo período, o consumo será de 521 milhões.

O governo deverá liberar ainda hoje a origem das importações. Um analista do setor afirma que o produto mais próximo ao do Brasil é o da Tailândia. É preciso ficar atento, no entanto, se os países asiáticos vão cumprir o acordo de qualidade e de entrega, conforme o estipulado no leilão, afirma. (Por Mauro Zafalon)

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas