Agronegócio

Colheita mineira é revisada para baixo com quebra na safrinha

Apesar do recuo, expectativa ainda é de produção recorde em 2021/22 no Estado
Colheita mineira é revisada para baixo com quebra na safrinha
Foto: ANPr

A safra mineira de grãos 2021/22 vem se consolidando com novo recorde produtivo. Os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam para uma colheita 9,4% superior e chegando a 16,8 milhões de toneladas.

Apesar do incremento, houve um reajuste para baixo na estimativa devido ao clima – altas temperaturas e estiagem -, que vem prejudicando as culturas. No levantamento anterior, a previsão era colher 17,2 milhões de toneladas no Estado.

A principal cultura afetada pelo clima desfavorável é o milho segunda safra. A expectativa do levantamento atual é colher 2,18 milhões de toneladas, ante 2,5 milhões de toneladas previstas no mês passado. 

Segundo o 11º Acompanhamento de Safras da Conab, a área em produção no Estado, na temporada 2021/22, ficou 5,7% maior e chegou a 4 milhões de hectares. A produtividade média por hectare, 4,1 toneladas, está 3,5% maior frente à registrada no ano anterior. Porém, houve uma queda no confronto com a última previsão, quando o rendimento médio estava estimado em 4,2 toneladas por hectare.

De acordo com o gerente de Acompanhamento de Safras da Conab, Rafael Fogaça, Minas Gerais é um dos estados que mais foi afetado pelo clima desfavorável ao longo dos últimos meses. 

“Em relação ao levantamento anterior, estamos observando uma redução na produtividade. Isso devido às altas temperaturas registradas, o que, combinado com a falta de chuvas em julho, trouxe um estresse hídrico para as culturas em campo. Apesar da maior parte das culturas já estar com a colheita avançada, as altas temperaturas e a falta de chuvas impactam na produtividade”, explicou. 

Segundo Fogaça, o milho segunda safra apresenta queda de produtividade frente ao levantamento anterior. “A colheita já está bastante avançada e também houve ajuste da área. A produtividade caiu, Minas Gerais teve queda devido ao déficit hídrico bastante pronunciado, que também contribuiu para a redução da produtividade em nível Brasil”.

Nesta etapa, Minas tende a colher 2,18 milhões de toneladas do cereal, volume que ainda vai ficar 10,8% maior que na safra anterior, que também foi afetada pela estiagem e geadas. No 11º acompanhamento, a Conab aponta para um decréscimo de 0,8% na produtividade, estimada em  3,9 toneladas por hectare. No levantamento anterior, a previsão era de uma alta em torno de 13,3% na produtividade e colheita de 4,5 toneladas por hectare. O volume está cerca de 30% abaixo da estimativa inicial.

“Colheita já bastante avançada e em ritmo bastante intenso. A condição climática está favorável para a perda de umidade, as temperaturas estão altas e não estão ocorrendo precipitações. Então o clima está favorável para o andamento rápido da colheita do milho segunda safra”.

Quebras no milho

Conforme os dados da Conab, com quase metade das lavouras de milho colhidas, a quebra de safra se confirma no Estado. As precipitações praticamente cessaram desde maio em todas as regiões produtoras.

As lavouras se desenvolveram nesse cenário, com baixíssima umidade no solo e, além do déficit hídrico, enfrentam o enfezamento causado pela cigarrinha (Dalbulus Maidis), o que também contribuiu para a baixa produtividade desta safra.

Nas regiões produtoras do Estado, estão sendo registradas quebras acentuadas, com destaque para Unaí, maior município produtor, com expectativa de quebra de 60%. No Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, a quebra registrada é de, aproximadamente 25%, com tendência de baixa. Já na região Centro-Oeste e Sul de Minas, a redução gira em torno de 20%.

Considerando as duas safras, Minas Gerais deve colher 7,69 milhões de toneladas de milho nesta temporada, volume 9,5% maior. Com preços e demanda elevados, a área de plantio foi aumentada em 6%, chegando a 1,3 milhão de hectares. A produtividade média é de 5,5 toneladas por hectare, 3,4% a mais que no ano anterior.

Demais grãos  

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), apesar do clima, o feijão segunda safra vem apresentando bons resultados. A previsão é colher 141,8 mil toneladas, alta de 12,8%. A produtividade está 17,1% maior, com uma média de rendimento por hectare de 1,4 tonelada. A área produtiva é de 104,7 mil hectares, variação negativa de 3,7%.

Os dados mostram que cerca de 1/5 das lavouras estava colhido ao final de julho, sendo o restante das áreas em estádios de floração, enchimento de grãos e, principalmente, em maturação. A redução na área semeada em Minas Gerais se deve à grande concorrência com o cultivo de milho. O rendimento médio estimado é considerado satisfatório, especialmente pelo uso suplementar de irrigação em grande parte das lavouras. No entanto, a escassez de chuvas pode diminuir parte do potencial produtivo da cultura.

A produção total de feijão, em Minas,  tende a retrair 7,8% e encerrar a temporada em 488 mil toneladas.

Também em fase de colheita, o algodão apresenta perdas com a estiagem, porém, a cultura vem sendo favorecida pela qualidade e ganho no ritmo de colheita. 

De acordo com a Conab, Minas Gerais já colheu cerca de 40% das lavouras de algodão. O percentual representa, em sua maioria, as áreas de sequeiro, semeadas em dezembro de 2021. As lavouras sofreram com as chuvas em excesso na semeadura e estiagem em todo seu desenvolvimento. Nas lavouras de segunda safra, que é irrigada, os impactos foram em menor escala. 

O estresse hídrico causou leve redução na produtividade esperada, que é de 3,8 toneladas por hectare, mas ainda 2,7% maior que na safra passada. No início da temporada, era esperado um rendimento de 4 toneladas por hectare e alta de 9% na produtividade. A área cultivada é de 29,4 mil hectares, 7,5% menor. 

“Houve uma revisão para baixo da produção decorrente da queda de produtividade. Apesar do clima resultar em redução da produtividade média, ele tem sido favorável para o avanço da colheita e da qualidade da pluma do algodão”, destacou o gerente de Acompanhamento de Safras da Conab, Rafael Fogaça.

Trigo em alta

A produção de trigo deve alcançar 298,1 mil toneladas, alta de 73,9%. A área produtiva, 108,6 mil hectares, está 48,4% maior. Quanto à produtividade, é esperado aumento de 17,2% e colheita de 2,7 toneladas por hectare.

Das culturas já encerradas, a produção de soja cresceu 8,1% e alcançou 7,59 milhões de toneladas. A área plantada foi de 1,98 milhão de hectares, expansão de 4,4%. Na safra 2021/22, a produtividade da soja cresceu 3,5%, com a colheita de 3,8 toneladas, em média, por hectare.

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