Agronegócio

Greening compromete produção de laranja

Greening compromete produção de laranja
A incidência é a maior registrada em São Paulo e Minas, sendo 8,5% superior à observada em 2017, exigindo mais atenção e controle - Foto: Cocamar/FotosPúblicas

Uma das mais temidas doenças que atacam a produção de citros, o Huanglongbing (HLB) ou Greening dos citros, está avançando nos principais estados produtores de laranja, incluindo Minas Gerais. A doença, que não tem cura e se propaga com grande facilidade, causa a morte das árvores e prejuízos significativos na produção. De acordo com o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), a doença afeta, hoje, 18,15% das laranjeiras do cinturão citrícola de São Paulo, Triângulo e Sudoeste mineiro. A incidência é a maior já registrada em São Paulo e Minas Gerais, sendo 8,5% superior à observada em 2017, que foi estimada em 16,73%. O monitoramento constante aliado à eliminação das árvores doentes e do vetor são as únicas formas de controlar o avanço da praga.

Os dados do Fundecitrus mostram que o índice de 18,15% corresponde a aproximadamente 35,3 milhões de árvores doentes. O Greening é causado pelas bactérias Candidatus Liberibacter asiaticus e Candidatus Liberibacter americanus. Elas são transmitidas para as plantas de citros pelo inseto psilídeo Diaphorina citri. As árvores novas contaminadas pelo Greening não chegam a produzir e as que já estão em produção sofrem uma grande queda de frutos.

Segundo o engenheiro agrônomo e fiscal agropecuário do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Leonardo do Carmo, o HLB foi detectado pela primeira vez, em Minas Gerais, em 2005. Hoje, a doença é a mais temida entre os produtores de laranja e de tangerina por não possuir qualquer tipo de cura ou tratamento, e se propagar com uma velocidade muito alta.

Nos últimos anos, a doença foi constatada em diversos municípios mineiros. Em 2018, a praga foi detectada em 47 municípios do Estado. No ano passado, foram 85.917 plantas cítricas eliminadas em Minas Gerais em função da doença.

“A eliminação das árvores contaminadas se faz necessária porque é a forma de controle. É importante retirar a planta doente o quanto antes para diminuir a fonte de inóculo. Para agravar a situação, a doença tem como vetor um inseto, tipo cigarrinha, que transmite a doença de uma planta para outra. Por isso, o controle do vetor também é importante e deve ser adotado nas propriedades, principalmente nos municípios onde a praga foi identificada. No Estado, a doença já foi detectada em três regiões: Triângulo, Central e Sul de Minas”, explicou Carmo.

Carmo ressalta que a praga tem aumentado e também ocorrido expansão dos municípios onde a doença é detectada no Estado. “O aumento ocorre no número de árvores erradicadas e a expansão no número de municípios afetados. Considerando os municípios onde a praga está presente, com base nos dados de 2017, o índice de infecção é de 0,7% de plantas cítricas. É um índice esperado e dentro dos padrões da doença”.

Quando a praga é identificada em algum pomar, o controle e o monitoramento das lavouras têm que ser feito nas demais propriedades do município. No Estado, o IMA habilita profissionais para fazerem o trabalho fitossanitário nas unidades que necessitam do monitoramento. A vistoria, que é obrigatória, deve ser feita a cada três meses em todas as propriedades da região.

“Não temos dados sobre o valor das perdas financeiras provocadas pelo HLB no Estado, mas é fato que a perda é muito grande. Por isso, mesmo em áreas que não tem o HLB, nós, do IMA, fazemos o levantamento em todo o Estado. Em 2017, fizemos 866 levantamentos fitossanitários para o HLB em Minas”, disse Carmo.

Outro cuidado para evitar a propagação do HLB em longas distâncias é a aquisição de mudas sadias e certificadas. Todas as mudas de citros precisam ter permissão do IMA para serem transportadas em Minas Gerais.

Produção – De acordo com os dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), o Estado produz, em média, cerca de 1 milhão de toneladas de laranja ao ano em uma área de 47,1 mil hectares, detendo o segundo lugar no ranking de maiores produtores do Brasil, atrás de São Paulo. Em Minas Gerais, a produção, em sua grande maioria, é destinada para o mercado in natura. As exportações estão concentradas em São Paulo, bem como as indústrias processadoras.

Já a produção de tangerinas gira em torno de 208,8 mil toneladas ao ano, em um espaço de 8,2 mil hectares. O Estado é o segundo maior produtor da fruta, perdendo apenas para São Paulo.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas