Preços do frango em Minas não devem ter grandes recuos com a gripe aviária

Os preços do frango em Minas Gerais não devem apresentar recuos significativos em função da suspensão das exportações de proteínas de frango para a China e a União Europeia (UE) após a confirmação do primeiro caso de gripe aviária em um granja comercial no Brasil. A estimativa é que a produção mineira, antes enviada aos parceiros comerciais, seja direcionada a outros mercados, como os que restringiram compras apenas do Rio Grande do Sul. Além disso, é esperado que o plano de contingência da doença adotado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) evite a proliferação.
A suspensão das compras de proteína de frango mineira por parte da China e da União Europeia aconteceu após a detecção do vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP), conhecida como gripe aviária, em um matrizeiro de aves comerciais em Montenegro, no Rio Grande do Sul. Cerca de 10 países já impuseram algum tipo de restrição aos embarques.
De acordo com a analista de agronegócio do Sistema Faemg Senar, Mariana Simões, a princípio é esperado recuo nas cotações, porém, o impacto não deve ser forte e nem a longo prazo. Os embarques estão suspensos por 60 dias.
“O impacto no mercado estará relacionado ao número de focos que teremos para a doença. A produção de carne no País segue um padrão rigoroso de biosseguridade, então, caso as medidas do plano de contenção tenham sucesso e não haja proliferação da doença, o impacto no mercado não será alto. Claro que, no primeiro momento, há um desequilíbrio em função da novidade da doença e pela suspensão das exportações, mas, a tendência é que não seja muito grande porque a maioria dos bloqueios estão concentrados somente no Rio Grande do Sul”.
Mariana explica ainda que a suspensão das exportações segue acordos que são previamente estabelecidos e, entre os embargos que atingem Minas Gerais, os principais são a China e a União Europeia. Porém, o Estado poderá direcionar os volumes para outros países.
“Minas Gerais é um importante estado produtor de carne de frango e, diante dos embargos, pode vir a suprir a demanda de outros países. Há oportunidades, visto que o Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo. Por isso, não temos a expectativa de um impacto muito forte nos preços e a longo prazo porque nós estamos confiantes que as ações de controle serão eficientes”.
Conforme o levantamento semanal realizado pela consultoria Safras & Mercado, na última semana, em Minas Gerais, o quilo do frango vivo caiu de R$ 6,00 para R$ 5,90.
“Assim que a doença for contida no País, a gente já espera a retomada das compras da China e da União Europeia”, explicou Mariana.
Mapa descarta suspeita da doença em granja de Sabará
O governo de Minas Gerais confirmou, na tarde de segunda-feira (19), que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) descartou a suspeita de Síndrome Respiratória e Nervosa das Aves, cujas doenças-alvo são Influenza Aviária e Doença de Newcastle, em uma granja de Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
A amostra analisada apresentou resultado negativo para Influenza Aviária. O possível caso de gripe aviária na cidade mineira estava em investigação junto com os municípios de Salitre (CE) e Aguiarnópolis (TO). Ao descartar a suspeita em Sabará, Minas Gerais segue sem registrar nenhum caso de gripe aviária em produções comerciais.
Governo de Minas Gerais adota medidas preventivas para evitar Gripe Aviária
Diante da confirmação do caso de gripe aviária no Sul do País, o diretor técnico do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), André Almeida Santos Duch, explicou que Minas Gerais adotou medidas para evitar que a doença chegue às granjas do Estado.
Como medida preventiva, no sábado (17), foram rastreados ovos férteis trazidos para o Estado a partir de uma granja comercial de Montenegro, Rio Grande do Sul. Por esta razão, como medida preventiva, 450 toneladas de ovos fecundados e demais materiais envolvidos serão descartados no Centro-Oeste de Minas.

A iniciativa mostrou-se necessária para manter o controle sanitário, seguindo planos prévios para possíveis ocorrências do tipo, garantindo contenção e erradicação da doença e a manutenção da capacidade produtiva do setor. Conforme Duch, os ovos seriam incubados justamente para produção de novas aves.
“Então, de forma preventiva, nós entramos em contato com o setor produtivo, com a granja para fazer o descarte desses ovos, mesmo não tendo a certeza de que eles estariam positivos. O descarte desses ovos é uma medida preventiva para minimizar a chance de a gente ter algum caso positivo em Minas Gerais”.
Em nota, o governo de Minas Gerais explicou que o processo de descarte inclui rigorosa sequência de etapas. Os itens a serem descartados passam por um processo inicial de desinfecção; depois, são enterrados e incinerados. Todas as medidas que estão sendo tomadas fazem parte do Plano de Contingência da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP), firmado entre União, Estados e setor produtivo em 2022, quando surgiu o primeiro foco da doença na América do Sul.
Ainda em nota, foi ressaltado que a gripe aviária leva as aves à morte, mas não representa risco para a população por não ser transmissível por meio do consumo da carne ou ovos.
O governo de Minas, a Seapa e o IMA têm se mobilizado para conter a chegada da doença ao Estado, investindo em políticas de prevenção, rastreio e controle sanitários da Influenza Aviária, além de contato direto com o Mapa.
Continuamente, o IMA vem realizando as ações do Plano de Vigilância de Influenza Aviária e Doença de Newcastle (PNSA), ciclo 2024/2025, em articulação com o Mapa, que promove estratégias de vigilância epidemiológica para as doenças avícolas de controle oficial: newcastle, salmonelose e micoplasmose. As ações incluem medidas de biosseguridade das granjas comerciais, políticas de educação sanitária e vigilância nas propriedades classificadas como risco, cadastro e vistoria em criatórios de subsistência.
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