Entenda como o impacto da taxação dos EUA pode elevar preços do café ao consumidor

A taxação de 50% sobre os embarques de café para os Estados Unidos (EUA) poderá afetar a produção em Minas Gerais. Isso, pelo país ser o principal comprador do grão. A sobretaxa tende a desestimular os negócios, elevando os níveis de café no mercado nacional, o que pode, a princípio, gerar queda de preços. Uma redução nos preços pagos aos produtores tende a causar prejuízos, desestimulando a atividade e desestruturando a cadeia.
Conforme o presidente do Sistema Faemg Senar, Antônio Salvo, a longo prazo, a consequência de uma queda dos preços em decorrência da taxação pode ser uma produção menor e preços elevados para o consumidor. Dentre os produtos mineiros exportados para os Estados Unidos, o café é o principal. Em 2024, somente com os EUA, a negociação do grão movimentou US$ 1,5 bilhão, respondendo por 33% das exportações do Estado.
“Diante da nova tarifa imposta pelos EUA ao café brasileiro, é preciso fazer um alerta: quando o preço não cobre o custo de produção, o risco não é só para o produtor, é para toda a cadeia e para o consumidor. Sem equilíbrio, o café some das prateleiras ou volta mais caro”, alerta.
Na avaliação de Salvo, não há no mundo, outro país que possa fornecer aos Estados Unidos o café como o exportado pelo Brasil. “Minas é o maior produtor do Brasil e ninguém no mundo entrega o que entregamos: qualidade, volume e tradição. Seguiremos firmes na defesa dos nossos produtores e de uma cadeia que move a economia e leva o sabor do Brasil para o mundo”, explica.
Diante do problema, Salvo defende uma solução técnica e diplomática que preserve a segurança jurídica e a estabilidade comercial, garantindo a continuidade das exportações e a proteção de uma cadeia produtiva que gera milhões de empregos no País. “Seguiremos atentos e atuantes em defesa do agro brasileiro”.
Cafeicultores seguram café antes embarcado para os EUA e buscam diversificação de mercado
A tarifação do café brasileiro embarcado para os Estado Unidos pode inviabilizar a comercialização do grão. De acordo com o CEO da Fazenda Bioma Café, localizada em Campos Altos, no Cerrado Mineiro, Marcelo Nogueira Assis, diante da taxação, a opção será segurar o café antes destinado ao mercado norte-americano e oferecer a outros mercados.
“Nós optamos por segurar o café e vamos oferecer nosso produto, que é de altíssima qualidade, para o mundo inteiro. Se o nosso cliente dos Estados Unidos achar viável levar, ok. Caso contrário, seguiremos firme com a nossa postura e preços. Nossa produção é pequena e podemos escolher outros mercados. Nossa metodologia é manter as parcerias com os clientes dos EUA, mas não temos opção de mexer no preço devido à tarifa ser norte-americana”, esclarece.
O produtor acredita na força do café brasileiro e na capacidade de diálogo entre as nações, mas também defende que é necessário seguir buscando novos mercados, fortalecendo as relações com compradores, investindo sempre em qualidade, responsabilidade e inovação.
O produtor Afonso Lacerda, do Sítio Forquilha do Rio, em Espera Feliz, nas Matas de Minas, explica que a demanda mundial pelo grão está aquecida devido à menor oferta de café no mercado mundial. Por isso, a tendência é destinar o grão a outros mercados.
“As vendas para os Estados Unidos não estavam muito boas então abrimos o comércio em áreas da Europa como Portugal, Itália e Espanha. Pelo que eu vejo no mercado, o tarifaço chegou em um momento de estoque baixo, por isso, se as portas para os Estados Unidos fecharem, as da Europa estão abertas. Há uma procura grande, recebemos pedidos da Alemanha, por exemplo. O consumo está maior que a produção”.
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