Dia Mundial do Feijão: importante item da culinária, grão enfrenta mercado desafiador

Em 10 de fevereiro é comemorado o Dia Mundial do Feijão. A data instituída pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) busca valorizar a importância nutricional e cultural do alimento. O grão, que é um dos principais itens da culinária brasileira, tem enfrentado um mercado desafiador. A produção de feijão vem apresentando bons resultados em volumes, porém, produtores enfrentam um mercado com consumo estagnado e preços em baixa. Com a produção voltada para o mercado interno, uma das saídas apontadas para ampliar a demanda são as exportações.
Conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a cotação do feijão no encerramento de 2024 chegou a R$ 244,88 por saca de 60 quilos em Minas Gerais, representando, portanto, uma queda anual de 28,34%. Agora, em fevereiro, com o início da colheita, o grão, no Noroeste de Minas Gerais – principal polo produtor do Estado – , está cotado a R$ 220 a saca de 60 quilos.
O subsecretário de Política e Economia Agropecuária da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Caio Coimbra, explica que na safra 2024/25 a produção mineira do grão ficará estável, o que só foi possível pela recuperação da produtividade. A área destinada ao cultivo caiu em função da concorrência com outros produtos, soja é um exemplo, que geram melhores resultados.
Safra cresce enquanto demanda segue estável
Segundo maior produtor de feijão do Brasil, Minas Gerais, conforme a Conab, tende a produzir cerca de 516 mil toneladas do grão na safra 2024/25, volume equivalente ao ano passado. Já no País, a estimativa é de aumento de 3,4%.
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Este ano, é esperado avanço de 6% na produtividade no Estado, com a estimativa de colher em torno de 1,7 toneladas por hectare. Quanto à área plantada, devido à concorrência com outras culturas e desestímulos, houve uma redução de 5,8% e o plantio ocupa, assim, 301 mil hectares.
A primeira safra é a maior do Estado e está estimada em 190,6 mil toneladas. Apesar de ser a maior, neste ano-safra houve uma redução de 7,7% na produção. Isso é resultado da concorrência com outras culturas, o que provocou uma queda na área plantada. Por outro lado, com o clima mais favorável, houve avanço de 8,2% na produtividade.
“A produção de feijão em Minas ficará estável em 2025, mas no Brasil chegará a 3,4 milhões de toneladas, 4,9% a mais que na safra anterior. O aumento da safra acontece em um período de mercado desafiador, onde o consumo segue estável e há um volume excedente estimado em 16,5 mil toneladas. Isso impacta nos preços ao produtor e é necessário buscar alternativas, como as exportações”, reforça o subsecretário.
Exportações
Coimbra explica ainda que a exportação de feijão feita pelo Estado é muito incipiente. Os últimos dados consolidados da Seapa em relação às exportações do grão mostram que, em 2023, o faturamento dos embarques mineiros chegou a US$ 8 milhões. Os quatro principais destinos foram Costa Rica, com 23% de participação; Estados Unidos, 18%; México, 16%, e Índia, com 14%.
“É preciso buscar novos mercados e ampliar a comercialização do feijão com o mercado externo. Nesta semana, representantes do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe) estão indo à Índia para prospectar mercados. A Seapa, apesar de não ter representantes na comitiva, está acompanhando o processo”, confirma ele.
Minas Gerais se destaca na produção de feijão
Apesar das dificuldades, Minas Gerais se destaca na produção. O feijão é cultivado em todo o Estado, sendo as lavouras plantadas por produtores familiares até os de grande porte.
“O feijão é uma cultura muito relevante e uma importante fonte de renda para a agricultura familiar. Para obter bons resultados, diante de um mercado desafiador, a assistência técnica é primordial. Em Minas, contamos com a Emater, que está presente em 819 municípios e possui uma grande parceria com os agricultores familiares, dando suporte e contribuindo para sucessos do cultivo do feijão em Minas”, completa Caio Coimbra.
Dentre as regiões, o destaque é o Noroeste do Estado. Concentrando 41,15% do volume produzido, ao longo da safra 2023/24, a região foi responsável por uma produção de 195,5 mil toneladas. No Noroeste, a área colhida de feijão responde por 27,42% da ocupada no Estado pela cultura.
O Alto Paranaíba ocupa a segunda posição na produção do feijão, com um volume de 62,8 mil toneladas na safra 2023/24 e respondendo por 13,22% da colheita do grão no Estado.
Entre os maiores municípios produtores, Unaí, no Noroeste, se destaca com 71 mil toneladas de feijão produzidas na última safra. Em seguida vêm Paracatu, com um volume de 70,4 mil toneladas, e Guarda-Mor, com 12 mil toneladas.
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