Irrigação no café reduz efeitos da bienalidade

As condições climáticas cada vez mais desafiadoras para a produção agrícola têm estimulado os produtores a investirem em meios que mitiguem os impactos negativos. Na cafeicultura, uma das opções cujo uso vem crescendo significativamente é a irrigação. Além de permitir um controle mais efetivo da oferta de água para as lavouras, no café, produtores registram ganhos em produtividade e renda.
Um dos estímulos para os investimentos na irrigação dos cafezais é a Feira Nacional de Irrigação em Cafeicultura (Fenicafé), evento que acontece até esta quinta-feira (18), em Araguari, no Triângulo Mineiro. Já na sua 27ª edição, o evento reúne fornecedores de produtos para irrigação, demais insumos para a atividade cafeeira e também é espaço para discutir o futuro, tecnologia e avanços do setor.
De acordo com o pró-Reitor da Universidade de Uberaba (Uniube) e integrante da comissão organizadora da Fenicafé, André Luís Teixeira Fernandes, o uso da irrigação no café é crescente: “Quando começamos a Fenicafé, em 1995, o Brasil tinha apenas 3 mil hectares irrigados e, ao longo dos 27 anos, aumentou muito a adoção da irrigação pelos produtores. Hoje, são cerca de 600 mil hectares irrigados no Brasil, aumento muito significativo”.
Ainda segundo ele, hoje, o café é a terceira cultura mais irrigada, atrás somente do arroz e da cana-de-açúcar e reitera que essa evolução na cafeicultura passou pela Fenicafé. Com o uso da irrigação, o cafeicultor consegue reduzir bastante os efeitos da bienalidade do cafeeiro, efeito que faz com que um ano seja de alta produção e o seguinte de baixa. A tecnologia também permite a mitigação dos efeitos climáticos, como a seca e as altas temperaturas, fornecendo o volume de água correto para o cafezal e conservando a umidade do solo.
Ganho em eficiência
Outra vantagem é o ganho em eficiência, sendo possível produzir mais em um mesmo espaço, evitando, assim, a abertura de novas áreas. “Com a irrigação é possível intensificar a atividade em um mesmo espaço, sem necessidade de novas áreas”.
Há também ganhos em produtividade. “A região do Sul de Minas, que não tinha tanta tradição de irrigar como acontece no Cerrado, também está irrigando mais as lavouras. Lá, tem produtores conseguindo aumentar em 50% a produtividade, o que gera mais renda para os cafeicultores. Por isso, a demanda pela irrigação cresce tanto”, completa Fernandes.
Conforme ele, hoje, há tecnologias disponíveis para a implementação da irrigação que atendem desde a demanda da cafeicultura desenvolvida no sistema familiar até os grandes produtores.
A Fenicafé, que é promovida pela Associação dos Cafeicultores de Araguari (ACA) e pela Federação dos Cafeicultores do Cerrado, com apoio da Embrapa Café e Prefeitura Municipal de Araguari, reúne todas essas tecnologias.
“A Fenicafé se tornou o maior evento de cafeicultura irrigada no mundo. Mas, apesar de ter começado com irrigação, ela, hoje, reúne tudo que está relacionado ao agronegócio do café. São cerca de 100 empresas participando com produtos de nutrição para plantas, mecanização, irrigação, entre outros. A movimentação financeira, ao longo do evento, deve ficar em torno de R$ 50 milhões. É um grande evento de café”, completa o também diretor da ACA.
Durante a feira, produtores também podem participar gratuitamente de diversas palestras e workshops, que discutem as novidades e tendências da produção. Somente neste ano, são esperados 30 mil visitantes de todas as regiões produtoras de café do Brasil e de outros importantes países cafeeiros, como Colômbia, Guatemala e Costa Rica.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Ouça a rádio de Minas