Lavras terá laboratório para aprimorar qualidade das cachaças mineiras

Minas Gerais vai ter agora um Centro de Referência em Análise de Qualidade de Cachaça, que promete ser referência para todo o País. A Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), a Universidade Federal de Lavras (Ufla) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) firmaram o acordo para a criação do centro na última quinta-feira (20).

O projeto, que recebeu recursos na ordem de R$ 3,7 milhões da Fapemig, visa à reestruturação e implementação de um laboratório na Ufla e aquisição de equipamentos. O investimento impulsionará a cadeia produtiva da cachaça no Estado, que é líder da produção da bebida de alambique no Brasil.

Conforme o Anuário da Cachaça 2021, divulgado pelo Ministério da Agricultura em 2022, a cada três municípios que produzem a bebida, um está situado em Minas. No Estado, há mais de 350 cachaçarias e cerca de 2,2 mil marcas diferentes.

Salinas, localizada no Norte de Minas, é a cidade brasileira com o maior número de estabelecimentos produtores, totalizando 16. E Córrego Fundo, na região Sudoeste, é reconhecida por ter a maior concentração de empreendimentos de cachaça por habitante no Brasil, com 643 residentes para cada instalação.

Durante a cerimônia de assinatura do termo de outorga, o secretário Thales Fernandes ressaltou o apoio do Estado à produção de cachaça.  “A produção de cachaça de alambique em Minas tem crescido cada vez mais. Nosso trabalho, junto aos parceiros do Sebrae, Faemg e Ufla, entre outros, acontece no sentido de apoiar o produtor para que ele saia da informalidade e tenha seu produto nas prateleiras, comercializado e exportado com valor agregado, gerando renda e empregos para os mineiros”, afirmou.

A parceria vai fortalece a cadeia produtiva e contribuir para que a cachaça mineira alcance as prateleiras e os mercados internacionais. No período de janeiro a agosto de 2023, as exportações de cachaça de Minas alcançaram uma receita de US$ 1,5 milhão, com um total de 258 toneladas embarcadas. O montante representou um aumento de 15,3% em valor e 10% em volume em comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

De um total de 16 países compradores, os principais destinos internacionais para a cachaça mineira durante esse período foram o Uruguai, os Estados Unidos e a Itália.

Análise vai fortalecer ampliação das exportações do produto

Para a professora da Ufla Maria das Graças Cardoso, a concretização do Centro de Referência representa a realização de um sonho de mais de duas décadas. O laboratório, equipado com tecnologia de ponta, atenderá produtores de todo o País, buscando aprimorar a qualidade da cachaça e torná-la um produto de exportação. Minas Gerais, que detém a maior quantidade de cachaçarias de alambique do Brasil, se tornará uma rota especial para a bebida.

A assinatura do termo de outorga foi durante a abertura do I Simpósio Brasileiro de Cachaça de Alambique, promovido pela Ufla em parceria com a Seapa . O evento, que também englobou o V Seminário Mineiro de Cachaça de Alambique, reuniu estudantes, pesquisadores e representantes da cadeia produtiva e de valor da cachaça. A programação teve atividades como minicursos, conferências, mesas redondas e oportunidades de negócios.