Leite e carne bovina no foco de compras

Rio de Janeiro – Carne bovina e leite são os principais produtos que beneficiários do Auxílio Brasil deixaram de comprar nos últimos meses e pretendem voltar a consumir a partir do aumento do benefício para R$ 600. A conclusão é de uma pesquisa divulgada pela Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj).
O levantamento foi produzido nos últimos dois finais de semana em quatro supermercados da zona Norte e da zona Oeste do Rio. Segundo a entidade, 425 consumidores aceitaram responder às perguntas.
Em torno de 42% afirmaram receber recursos de algum programa de complemento de renda do governo federal. Com folga, o Auxílio Brasil foi o mais citado pelo grupo (92%). Benefícios pagos para compra de gás (31%) e auxílios para caminhoneiros (1%) e taxistas (3%) também foram mencionados.
De acordo com a pesquisa, a carne bovina (80%) foi o item mais lembrado entre aqueles que deixaram de comprar produtos nos últimos meses e pretendem retomar o consumo a partir das transferências. Leite e derivados (57%) aparecem na sequência.
Carne de frango (45%), produtos de limpeza (44%), pães, bolos e biscoitos (43%) e produtos de higiene pessoal (41%) também estão entre as mercadorias assinaladas. As respostas são cumulativas.
“A leitura mostra que temos uma demanda reprimida”, diz a diretora-geral da Asserj, Ana Paula Rosa. Ela projeta um aquecimento das vendas a partir dos benefícios no segundo semestre.
O governo Jair Bolsonaro (PL) aposta em medidas como a ampliação do Auxílio Brasil para atenuar os impactos da perda do poder de compra dos brasileiros às vésperas das eleições.
A carestia de alimentos afeta, sobretudo, os mais pobres, que têm menos condições para encarar os aumentos.
As carnes, por exemplo, subiram ao longo da pandemia com a demanda aquecida no mercado internacional e o avanço dos custos de produção, segundo analistas.
O leite, que passou a custar mais do que a gasolina recentemente, também foi impactado pela pressão de custos. O período de entressafra, que deve se estender até setembro ou outubro, é outro fator associado à inflação nas gôndolas.
Para Rosa, da Asserj, uma redução “mais clara” nos preços dos alimentos ainda deve levar algum tempo, porque os supermercados representam o elo final da cadeia produtiva.
Nesse sentido, ela diz que as lojas trabalham com estoques que absorveram aumentos anteriores. “Tudo agora é uma questão de negociação com a cadeia de fornecedores”, afirma. (Por Leonardo Vieceli)
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