Leite: oferta cai 1,3% e preço sobe 5,34% em Minas Gerais

Em Minas Gerais, o preço médio recebido pelos produtores de leite aumentou 5,34% em março. Assim, o litro encerrou o mês cotado a R$ 2,86 , segundo apurou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Na comparação com o mesmo período do ano passado, a valorização foi expressiva e chegou a 30%. No mês de captação – fevereiro -, houve retração de 1,3% no volume, assim, a alta é reflexo da oferta mais ajustada frente à demanda.
A valorização do preço pago ao produtor em março, referente à produção entregue em fevereiro, também ocorreu em nível nacional. Os dados do Cepea mostram que o valor na média Brasil, R$ 2,77 por litro, aumentou de 3,3% em relação ao mês anterior. Quando comparado com fevereiro de 2024, a alta foi de 18,1%, em termos reais.
Conforme o Cepea, com os resultados, este foi o segundo mês consecutivo de valorização do leite cru, estimulada pela maior competição das indústrias pela matéria-prima.
Com a concorrência acirrada, no mercado spot, conforme o Centro de Inteligência do Leite (CILeite), ao longo de março, houve um aumento de 18% no valor do litro de leite na negociação entre as indústrias. Assim, o litro encerrou o mês cotado a R$ 3,31. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o incremento foi de 32,6%, uma vez que no período o valor era de R$ 2,58.
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A análise da pesquisadora do Cepea, Natália Gringol, mostra que, no campo, houve um aumento da concorrência na compra do leite e isso ocorreu pela diminuição da oferta em fevereiro, influenciada pelo clima adverso em várias bacias leiteiras – como a seca e o calor intenso.
Para se ter ideia, de janeiro para fevereiro, o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) registrou queda de 4,6% na média Brasil, puxado por recuo médio de 6% nos estados do Sul, de 9% em Goiás, e de 4% em São Paulo. Em Minas Gerais, a diminuição foi de 1,3%, e na Bahia, de 0,3%.
Com maior remuneração, tendência é de aumento da oferta de leite
Com a valorização do leite, houve ganho em rentabilidade, o que estimulou investimentos na atividade. Por isso, a expectativa é de recuperação da produção de leite no curto prazo, o que pode interromper o movimento de alta nos preços.
”Apesar do avanço da entressafra, as condições climáticas foram mais favoráveis em março e a melhor rentabilidade do produtor comparada a anos anteriores – que se reverteram em investimentos na atividade – reforçam a perspectiva de crescimento da oferta nos próximos meses, sobretudo em bacias leiteiras mais intensificadas. Se esse cenário se concretizar, o movimento de valorização do leite ao produtor pode perder força nos próximos meses”, explicou Natália Gringol.
Outro fator que pode romper o movimento de alta do preço do leite é o crescimento das importações. Conforme o Cepea, as importações de leite subiram 3,76% no mês, chegando a 216,2 milhões de litros em equivalente leite.
“O crescimento consistente das importações eleva a preocupação dos agentes de mercado em relação à possibilidade de fazer o repasse da valorização da matéria-prima para o preço dos derivados. De fato, agentes de mercado consultados pelo Cepea relataram que, depois das altas impostas nos valores dos derivados em fevereiro, houve maior dificuldade nas negociações com os canais de distribuição em março”, reforça.
Ainda conforme a pesquisadora, outro desafio é o consumo de lácteos, que está estabilizado. “A valorização do leite no campo e, consequentemente, a alta nos preços dos produtos finais, impactaram os consumidores, limitando a remuneração das indústrias de laticínios”.
Conforme o CILeite, para o pagamento de abril, referente à produção entregue em março, espera-se um aumento de 2,9% na cotação do leite no campo.
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