Agronegócio

Liberações do crédito rural recuam 32% em Minas Gerais

Montante somou R$ 8,93 bilhões entre julho e agosto contra R$ 13,06 bilhões registrados em igual período do ano safra passado
Liberações do crédito rural recuam 32% em Minas Gerais
Ao longo dos dois primeiros meses da safra, maior parte dos recursos foi para agricultura | Crédito: Reprodução Adobestock

Os primeiros dois meses da safra agropecuária 2024/25 vêm sendo marcados pela queda nos desembolsos do crédito rural em Minas Gerais. Conforme os dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), as liberações somaram R$ 8,93 bilhões entre julho e agosto, ficando, então, 32% menores que os R$ 13,06 bilhões registrados em igual período do ano safra passado.

Assim como em Minas Gerais, no Brasil também houve retração. Ao todo, os recursos liberados chegaram a R$ 69,02 bilhões, uma queda relevante de 40%. No período, o Estado respondeu por 13% do valor desembolsado para o Brasil.

Ao longo dos dois primeiros meses da safra, em Minas Gerais, a maior parte dos recursos foi aplicada na agricultura. Ao todo, a demanda de crédito para a atividade somou R$ 5,71 bilhões, queda de 38%. Para a pecuária, os desembolsos somaram R$ 3,23 bilhões, ficando, portanto, 19% menores que em igual período da safra 2023/24.

Atraso na divulgação do Plano Agrícola e Pecuária impactou nas liberações do crédito rural

Conforme a assessora técnica do Sistema Faemg Senar, Aline Veloso, a concessão do crédito rural, tanto em Minas Gerais quanto no Brasil, apresentou queda nos primeiros dois meses da safra.

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Um dos motivos é o atraso na divulgação do Plano Agrícola e Pecuário 2024/25, o que, consequentemente, postergou o acesso dos produtores rurais ao crédito junto às instituições bancárias. 

“Este ano, houve atraso na divulgação do Plano Agrícola e Pecuário. Isso gera, operacionalmente, dificuldade e também atraso nas entidades financeiras na implementação das regras do Plano no sistema interno. O processo que deveria ter começado em 1º de julho, não começou e operacionalmente até as entidades bancárias adequarem às regras e dispararem para todas as agências também demora. Então, o acesso ao crédito para o produtor deve ter acontecido com atraso, por volta dos últimos 10 dias de julho”.

Falta recurso para equalização

Ainda segundo Aline, outro ponto que dificulta o acesso dos produtores ao crédito e que pode ter contribuído para a queda dos valores são os debates sobre o orçamento do governo federal e a indisponibilidade, em alguns momento, para a equalização das taxas de juros divulgada no Plano Safra.

 “Nós temos visto forte debate sobre orçamento do governo. Então, há restrições esse ano. Há ainda, indisponibilidade, em alguns momentos, para a equalização da taxa de juros para manter o percentual efetivamente anunciado no Plano Safra. O que sabemos, é que contratos Pronaf e de médios produtores, em partes, estão sendo aprovados. Mas, empresas e grandes empresários – principalmente na linha de custeio – ainda aguardam a liberação dos recursos de equalização”.

Principais linhas do crédito rural apresentam queda nos valores

Dentre as linhas, a de custeio é a mais demandada, porém, apresentou queda substancial nas liberações. Ao longo dos dois primeiros meses do novo Plano Safra houve queda de 74% no volume de recursos liberados, que ficou em R$ 6,09 bilhões. A aprovação de contratos retraiu 49%, encerrando, então, o primeiro bimestre da safra em 19.937 unidades aprovadas.

Para o custeio da agricultura, os desembolsos somaram R$ 3,53 bilhões. O valor caiu 81%, se comparado com os R$ 18,29 bilhões registrados anteriormente. Ao todo, os contratos aprovados somaram 10.378 unidades, resultando, então, em uma diminuição de 58%. A pecuária demandou R$ 2,56 bilhões da linha de custeio, volume 52% menor. A aprovação de contratos caiu 36%, encerrando, assim, com a aprovação de 9.559 pedidos. 

Assim como na linha de custeio, os produtores rurais de Minas Gerais também acessaram menor recursos para a comercialização da safra. No primeiro bimestre da safra, o crédito liberado foi de R$ 1,05 bilhão, retraindo, então, em 86%. A aprovação de contratos somou 737 unidades, 61% a menos. Para a agricultura, o crédito da linha de comercialização alcançou R$ 1,03 bilhão em desembolsos, variação negativa de 82%. Já para a pecuária, o montante liberado, R$ 2 milhões, ficou 99% menor.

Liberações de crédito para investimentos também ficaram menores

Na linha de investimentos, as liberações também caíram, conforme os dados da Seapa, nos primeiros dois meses da safra, os desembolsos caíram 78%, com o valor de R$ 1,4 bilhão liberados. O número de contratos aprovados, 7.716, ficou 60% menor.

A agricultura demandou a maior parte do crédito para investimento. Os recursos somaram R$ 860 milhões, resultado, assim, em um valor 82% inferior ao registrado anteriormente. No período, a aprovação de contratos caiu 56%, encerrando em 3.649 unidades aprovadas. Na pecuária, a busca pelos recursos de investimentos caiu 64%, com a liberação de R$ 540 milhões em crédito. A aprovação de contratos, 4.067 unidades, ficou 64%.

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