Agronegócio

Lucro da Cooxupé cresce 102% em 2020

Lucro da Cooxupé cresce 102% em 2020
A previsão da safra de café da Cooxupé deste ano está estimada em 7,49 milhões de sacas, com retração de 32% | Crédito: REUTERS/José Roberto Gomes

A Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé) anunciou números recordes em 2020, apesar da pandemia de Covid-19. Segundo os resultados divulgados ontem, o faturamento foi de R$ 5,03 bilhões no ano passado, representando avanço de 19,7% em relação a 2019 (R$ 4,2 bilhões). Diante dos números, a cooperativa vai distribuir R$ 107 milhões entre os cooperados, valor 85,1% maior ao distribuído no exercício anterior. Outro destaque foi o lucro da cooperativa, que chegou a R$ 325 milhões, alta de 102% frente ao ano anterior (R$ 160,7 milhões).

“Pela primeira vez na história da Cooxupé, ultrapassamos a marca dos R$ 5 bilhões no faturamento. Um recorde que pode ser explicado pelo grande empenho e confiança dos cooperados e colaboradores neste ano tão desafiador”, avaliou o presidente da Cooxupé, Carlos Augusto Rodrigues de Melo. A cooperativa conta com 16 mil cooperados e 2.400 colaboradores.

O balanço apresentado ontem mostra ainda o maior recebimento de café da história. Ao todo foram 8,1 milhões de sacas, crescimento de 52,8% em relação a 2019. Dessas, 6,6 milhões sacas foram entregues somente pelos cooperados, ante 4,059 milhões no ano anterior. “A participação do cooperado cresceu em função da confiança no cooperativismo. O produtor trabalha cada vez mais engajado com a cooperativa”, observou Melo.

A produção dos cooperados também cresceu em 2020. Foram 10,99 milhões de sacas de café arábica na área de atuação da Cooxupé que compreende Sul de Minas, Cerrado mineiro e média Mogiana Paulista, crescimento de 42,7% em relação ao ano anterior (7,7 milhões de sacas).

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Para Carlos Melo, de um modo geral, houve impacto da pandemia no setor no ano passado, mas os obstáculos foram contornados. “Tivemos algumas restrições de mobilidade, afetando principalmente a logística. Houve muito cuidado com os colaborares e cooperados nos processos. Essas adaptações acabam gerando alguns transtornos. Porém, para o café foi um ano muito abençoado, ano de alta qualidade”, destacou.

Exportações

Nas exportações o destaque ficou com os cafés especiais. A SMC Specialty Coffees, empresa controlada pela Cooxupé com atuação no mercado de cafés finos e especiais, exportou 95.650 sacas, expansão de 12,2% ante o volume exportado em 2019 (85.217 sacas). Os principais destinos foram Alemanha, Coreia do Sul, Itália e Japão.

Já as exportações de café comum atingiram 5,9 milhões de sacas no ano passado, volume 9,25% menor que em 2019. Essa queda é explicada pela questão da bienalidade alta em 2020, quando volumes são exportados no ano seguinte.

Segundo o presidente da Cooxupé, a manutenção do dólar em patamares altos no ano que passou também colaborou para o bom resultado da cooperativa, uma vez que as exportações representam mais de 80% das vendas. “Mas é preciso lembrar que essa mesma alta impactou bastante nos custos de insumos, como fertilizantes e defensivos”, ponderou.

Expectativas

A safra de café dos cooperados da Cooxupé em 2021 está estimada 7,49 milhões de sacas, queda de cerca de 32% ante a temporada de 2020, por efeito da seca e da bienalidade negativa. A colheita, que deve começar entre o final de maio e início de junho, ainda será menor que a vista no último ano de baixa do ciclo bienal do arábica (2019), quando a produção somou 7,7 milhões de sacas, segundo dados da cooperativa.

A produção deste ano será “impactada pelo comportamento climático que provocou crises hídricas no solo e exposição da planta a altas temperaturas desde o último setembro”, disse a Cooxupé, que só trabalha com grãos arábica.

“Em 2020, tivemos um ano de safra alta, um clima favorável, seca na colheita, produzimos cafés de alta qualidade… Por outro lado, tivemos um clima ruim para esta safra que estamos iniciando”, comentou Melo, citando o impacto da estiagem para as floradas nos últimos meses de 2020.

“Com isso, reduz bastante a produção deste ano, que é de bienalidade de baixa e os cafeeiros sofreram muito com a seca”, completou, lembrando que a colheita pode começar com um ligeiro atraso, devido às questões climáticas.

“Os cafés estão bastante verdes ainda, atrasou um pouco, houve seca.” Com uma safra menor, a cooperativa que também é a maior exportadora de café do Brasil espera receber menos grãos em 2021, com um volume estimado em 6 milhões de sacas, sendo 4,6 milhões dos cooperados, disse Melo. (Com informações da Reuters)

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