Lúpulo em Minas Gerais: plantio quintuplicou em 2023

Em relação aos desafios enfrentados no Estado, Leal diz que são similares aos encontrados no restante do País. O vice-presidente da Aprolúpulo destaca a necessidade de mais avanços na tecnificação da cultura e ressalta a importância de otimizar processos com foco em ganhos de produtividade, eficiência e escala. “A cada safra, estamos entendendo como esses ganhos podem ser alcançados, algo que é natural para uma cultura que foi resgatada no País somente há poucos anos”, salienta.
Para 2024, há uma expectativa de que Minas siga um caminho de expansão na cultura do lúpulo. “À medida que a produtividade e a eficiência forem avançando, a escala das produções também vai aumentar, acelerando muito o crescimento em termos de área e volume”, conclui Leal.
“Van de Bergen” espera dobrar venda de mudas neste ano
Localizada em Sapucaí Mirim, no extremo Sul do Estado, a Van de Bergen é um viveiro que investe, desde 2019, na comercialização do lúpulo com procedências comprovadas. A empresa, após investimento em tecnologia e infraestrutura, agora colhe os bons resultados obtidos e projeta dobrar a produção de mudas para as próximas safras.
“No ano de 2023 vendemos 50 mil mudas. A perspectiva para 2024 é acompanhar a curva de crescimento do campo, dobrando esta quantidade. Desta forma, projetamos a venda de 100 mil unidades”, declara o sócio do viveiro, Felipe Wigman.
Em relação ao potencial do Estado, segundo ele, a possibilidade de o clima ser uma adversidade para o cultivo não só foi descartada como também foi constatado um ponto positivo em relação ao inverno rigoroso, permitindo a colheita de mais de uma safra anual. “À medida que fomos aprofundando o conhecimento técnico de manejo da planta, percebemos que o crescimento da planta está condicionado ao maior tempo de incidência de luz solar ou artificial, não existindo uma relação direta com o clima frio”, destaca.
Wigman ressalta ainda que Minas Gerais mostra outros importantes potenciais que se diferem de outros estados do Brasil. O primeiro é o de plantio devido às suas terras férteis e disponibilidade de água para irrigação e, o segundo, é a cultura cervejeira que o Estado adquiriu no segmento de cervejas artesanais.
“Mundo Hop” obtém safra em nove meses do ano
Em operação desde 2019, a Mundo Hop, fazenda em Mateus Leme, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, atua no desenvolvimento de novas técnicas com foco em adaptar o cultivo do lúpulo à realidade local. São sete variedades. Em quatro anos, a empresa já conseguiu um importante marco e se destaca no cenário nacional com safras em noves meses do ano, segundo um dos sócios-fundadores, Gabriel Purri.
Ele ressalta a importância desse marco e compara o tempo ao de outros países, onde a safra ocorre, no mínimo, a cada 45 dias. “Foi uma vitória para nós conseguirmos safras em quase todos os meses do ano, em qualquer época”, comemora.
Em relação às evoluções do cultivo de lúpulo em Minas Gerais nos últimos cinco anos, um ponto ressaltado é a modernização das operações através da mecanização e um processo de beneficamento com maior qualidade. Além disso, as aberturas e expansões de cervejarias especializadas, segundo ele, contribuíram para o crescimento do mercado em terras brasileiras, com destaque para as empresas mineiras Krug Bier, Caraça, Capa Preta, São Sebastião e Viela, que reafirmam o estado como principal consumidor dos cultivares da empresa. Todas já utilizaram os lúpulos frescos da Mundo Hop em suas respectivas cervejas. A Cervejaria São Sebastião foi a primeira a utilizar o produto mineiro. Da fazenda Mundo Hop à fábrica, são apenas 71 quilômetros, distância que deu nome à primeira cerveja fabricada com o lúpulo mineiro pela São Sebastião: a 71 KM. Está aí a importância do frescor do lúpulo.
“Grupo Petrópolis” faz primeira colheita de lúpulo em Uberaba
Maior cervejaria com capital 100% nacional do País, a Petrópolis realizou, em dezembro de 2023, a primeira e maior colheita de lúpulo do grupo na unidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro. É a segunda cidade com cultivo de lúpulo da empresa, já que desde 2018 conta com uma fábrica na Serra do Capim, em Teresópolis (RJ).
Em Uberaba, foram semeadas, ao todo, 5.600 mudas de lúpulo das espécies Comet e Cascade em uma área de 2 hectares. O processo, que vai do plantio à colheita, tem duração de aproximadamente 150 dias, conforme indica o engenheiro de alimentos e mestre cervejeiro do Grupo Petrópolis, Leonardo Penna.
Ele ressalta que, apesar de não haver acordos formais com produtores, a empresa está aberta para compartilhar soluções e insights adquiridos. Exemplo disso é o momento “Dia de Campo”, uma ação que conta com a participação de produtores locais, potenciais produtores e instituições de pesquisa e ensino para conhecer o cultivo da cervejaria e as tecnologias utilizadas tanto no plantio quanto no beneficiamento.
Produtores no Estado investem em soluções sustentáveis

“O Brasil já nasceu no lúpulo com inúmeras práticas que hoje os países mais tradicionais da cultura começam a aprender”.
Felipe Wigman, sócio do viveiro Van de Bergen
A cultura de lúpulo em Minas também se destaca no quesito sustentabilidade. Entre as ações no Estado, Wigman, do viveiro Van de Bergen, menciona ações como irrigação por gotejamento (para máximo aproveitamento da água) e plantio de adubação verde (que beneficia os solos) como pontos altos do cultivo sustentável.
A Mundo Hop, segundo Gabriel Purri, também está atenta às questões de sustentabilidade. “A gente conversou bastante agora no fim do ano sobre a cultura de como recuperar o solo, como utilizar ali o plantio de cobertura de forma a manter o solo bem protegido e como desenvolvê-lo”, pontua.
Já a unidade de Uberaba da Cervejaria Petrópolis opera com sistema de reúso de água da produção, também resultado dos investimentos em tecnologia aliados à preocupação socioambiental destacada pelo Grupo. Além disso, a empresa conta com um programa de gerenciamento de resíduos voltado à economia circular, que, segundo Leonardo Penna, tem se mostrado como um dos mais bem estruturados do País, com índices de até 99,9% de reaproveitamento dos seus resíduos ou subprodutos.
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