Agronegócio

Mais de 630 mil sacas de café deixam de ser embarcadas

Dados foram atualizados pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé)
Mais de 630 mil sacas de café deixam de ser embarcadas
Foto: Gustavo Facanalli / Embrapa

Apesar do período de entressafra dos principais produtos que são enviados em contêineres ao exterior, incluindo o café, os exportadores seguem enfrentando gargalos logísticos nos portos do País e empilhando prejuízos com custos extras durante os processos de embarque.

Em março, segundo dados atualizados pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) junto a seus associados, o setor não conseguiu embarcar 637.767 sacas do produto – equivalente a 1.932 contêineres -, o que gerou um prejuízo de R$ 8,901 milhões no caixa das empresas devido a gastos imprevistos com armazenamento adicional, detentions, pré-stacking e antecipação de gates.

Desde que o Cecafé iniciou o levantamento, em junho de 2024, as empresas associadas à entidade já reportaram um prejuízo de R$ 66,576 milhões com esses custos extras em função da estrutura defasada nos principais portos de escoamento de café do Brasil.

O não embarque desse volume de café também fez com que o País deixasse de receber US$ 262,8 milhões, ou R$ 1,510 bilhão, como receita cambial em suas transações comerciais no mês passado, considerando o preço médio Free on Board (FOB) de exportação de US$ 336,33 por saca (café verde) e um dólar de R$ 5,7462 na média de março.

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“O Brasil é o país que mais repassa o preço FOB da exportação ao produtor e, ao deixarmos de embarcar nossos cafés devido à não concretização dos embarques, temos o repasse menor a nossos cafeicultores, que trabalham arduamente para entregar produtos de qualidade e sustentáveis”, explica o diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron.

Segundo ele, as autoridades públicas vêm fazendo anúncios importantes sobre investimentos em infraestrutura, que contribuirão para mitigar os gargalos logísticos, mas é necessário dar “urgência e celeridade” aos processos, de forma que o governo atenda mais rapidamente às demandas crescentes do comércio exterior brasileiro.

Heron reafirma que a infraestrutura dos portos não acompanhou a evolução do agro brasileiro e, apesar do setor observar recordes de movimentações, o cenário é “muito ruim” para as empresas que atuam no comércio exterior.

Raio X dos atrasos

Conforme o Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela startup ElloX Digital em parceria com o Cecafé, 55% dos navios, ou 179 de um total de 325 embarcações, tiveram atrasos ou alteração de escalas nos principais portos do Brasil em março de 2025.

De acordo com o Boletim DTZ, o Porto de Santos, que respondeu por 78,5% dos embarques de café no primeiro trimestre de 2025, registrou um índice de 63% de atraso ou alteração de escalas de navios, o que envolveu 113 do total de 179 porta-contêineres. O tempo mais longo de espera no mês passado foi de 42 dias no embarcadouro santista.

Já o complexo portuário do Rio de Janeiro, o segundo maior exportador dos cafés do Brasil, com 17,2% de participação nos embarques de janeiro a março deste ano, teve índice de atrasos de 59% no mês passado, com o maior intervalo sendo de 15 dias entre o primeiro e o último deadline. Esse percentual implica que 43 dos 73 navios destinados às remessas do produto sofreram alteração de escalas.

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