Manga Ubá é Patrimônio Natural desde 2003
Uma das características territoriais mais fortes da Zona da Mata é a produção da manga Ubá. Presente em muitas propriedades rurais, a fruta tem sabor diferenciado na região. Há muitas gerações, a manga é ingrediente para diversos produtos, como a mangada de manga Ubá, geleias, sucos, recheios e biscoitos.
De acordo com dados da Prefeitura de Ubá, a fruta foi oficialmente declarada “Patrimônio Natural de Ubá” e a “Mangada de manga Ubá”, registrada como “Patrimônio Imaterial do Município”, através do Decreto nº 4.258, de 13 de dezembro de 2003.
O gerente regional da Zona da Mata e Vertentes do Sebrae Minas, João Roberto Marques Lobo, reitera que a produção de frutas é importante para a região, em especial nos municípios próximos a Ubá, onde estão concentradas as indústrias e que acabam absorvendo boa parte da produção.
“Essa região de Ubá acaba sendo o foco do Sebrae na atuação de desenvolvimento por causa da força que a cadeia produtiva, em especial, da tradicional manga Ubá, representa. A região é muito rica. Além da manga, há cidades que se destacam com a produção de morangos, goiaba, banana, uvas, entre outras”, enumera Lobo.
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Uma das ações para promover o turismo e valorizar a tradicional produção da manga é a criação da Rota da Manga, em Ubá. A ideia é valorizar a gastronomia, com pequenas agroindústrias vendendo itens que utilizam a manga como ingrediente.
Além de perpetuar alguns produtos – cujas receitas passaram por várias gerações – como o doce em barra, há o estímulo para o desenvolvimento de novos produtos como as geleias de manga com temperos variados, além de biscoitos e molhos.
“A manga Ubá tem uma identidade muito forte. Andando pela região, você vê as árvores desse tipo de manga no meio das cidades. A manga acabou sendo a fruta que realmente tem representado bem a região”, reitera.

Ainda segundo Lobo, o trabalho desenvolvido pelo Sebrae é dividido em duas vertentes. A primeira é o trabalho para a qualidade da fruta, básico em qualquer cultura. A outra vertente é o desenvolvimento também do artesanato e das pequenas agroindústrias para a produção de doces e quitutes.
“Há um consumo in natura da fruta, mas, muitas vezes, ela não tem o doce suficiente para ser fruta de mesa, mas pode ser usada na fabricação de doces. No caso da manga Ubá, iniciamos, no ano passado, um projeto para a criação dessa rota gastronômica”.
Lobo explica que devido às condições climáticas em 2022 – onde houve muita chuva-, a produção da manga Ubá foi muito prejudicada e com um volume muito menor de produção, o projeto foi adiado. Mas a ideia é retomá-lo este ano. “No ano passado, houve uma quebra enorme da produção, o que desacelerou o processo. Esse ano, tudo indica que teremos uma produção maior e vamos seguir com o projeto”.
A ideia é linkar a identidade forte que a manga Ubá tem na região com um circuito gastronômico, favorecendo o turismo, valorizando a manga Ubá e estimulando a geração de renda para as famílias envolvidas.
“Hoje, é muito comum ter produtos associados a rotas gastronômicas e a ideia é trabalhar justamente com a manga Ubá. Já vimos esse tipo de projeto em Goiás, com o limão Taiti, e deu certo. Quando estruturada, a rota é capaz de agregar valor e promover o desenvolvimento da região. Queremos fazer isso com esta manga, aproveitando que ela já tem uma identidade forte na região”.
A princípio, sete agroindústrias da agricultura familiar foram selecionadas e estão desenvolvendo produtos derivados da manga Ubá, como bolos, doces, sorvetes, entre outros. O objetivo é consolidar estas sete primeiras e depois ampliar para outras.
Mulher do Campo Ubá
Uma das participantes da Rota da Manga é a proprietária da agroindústria familiar Mulher do Campo Ubá, Veridiana Aparecida Barroso Rodrigues, que fabrica diversos produtos que têm como ingrediente principal a manga Ubá.
Segundo Veridiana, o uso da Ubá para a produção de doces é uma tradição da região, que vem sendo passada há gerações. “Desde pequena, a gente aprendeu a trabalhar com manga. Desde sempre, as mulheres faziam as barras de mangada para vender. Aprendi com minha avó e com a minha mãe a fazer os doces. Antes, na época da manga, as famílias se juntavam nas casas para descascar as mangas e fazer o doce no tacho. Cada uma mexia um pouco. Era muito legal”.

Na agroindústria de Veridiana são produzidos doces, pães, biscoitos, recheios, geleias, molho de manga para carnes, bolos, entre outros. “O auge da safra é em dezembro, mas já estamos nos preparando. Pelo Sebrae, fizemos um curso com uma chef de cozinha que nos ensinou a produzir geleias com ingredientes variados, como o limão, a fazer molho de manga salgado para carnes, fazer vinagrete com manga. Estou tentando incluir em várias outras receitas e agregar valor a uma fruta que é nossa”.
Além de produzir diversos itens com a manga, ao integrar a rota gastronômica, Veridiana pretende receber os turistas. “Nosso objetivo é receber visitante para tomar um café, degustar e comprar nossos produtos. No ano passado, devido à grande redução da produção, não foi possível fazer isso. Mas queremos fazer este ano”, diz, animada.
A criação da Rota da Manga, o estímulo ao turismo combinado com o aumento da variedade de produtos feitos com a fruta são considerados importantes para agregar valor à produção. “Hoje, a barra do doce é vendida a cerca de R$ 25, mas sentimos que pode ser mais valorizada. A manga faz parte da nossa história”, explica.
A produção de Veridiana é fornecida para a merenda escolar e ela também participa de feiras como a Agriminas, que acontece em Belo Horizonte.
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