Agronegócio

CNA aponta a necessidade de investir R$ 2,7 bi para melhorar estradas vicinais de Minas

Panorama da situação das vias que dão acesso a áreas rurais foi apresentado pela CNA; Minas teve 19 microrregiões classificadas como prioritárias por concentrarem grande parte da produção agropecuária
CNA aponta a necessidade de investir R$ 2,7 bi para melhorar estradas vicinais de Minas
Estradas vicinais em péssimas condições são grandes gargalos para agro | Foto: Reprodução Adobe Stock / Kavin

As más condições de conservação das estradas vicinais, o que causa diversos prejuízos, estão entre os principais gargalos enfrentados pelo agronegócio de Minas Gerais e do Brasil. Diante dessa realidade, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) elaborou um panorama completo da situação das estradas vicinais no Brasil e também apontou os investimentos necessários para a recuperação dessas vias. Em Minas Gerais, estado que possui a maior extensão de estradas vicinais do País, o estudo da CNA, ao considerar toda a malha prioritária, apontou que seriam necessários investimentos anuais de R$ 2,7 bilhões para gerar melhorias.

O “Panorama das Estradas Vicinais no Brasil” foi realizado a partir de uma demanda da CNA ao Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-Log), de São Paulo.

Minas Gerais possui 66 microrregiões, destas, 19 foram classificadas como prioritárias para investimentos por concentrarem grande parte da produção agropecuária. Conforme o estudo, ao considerar toda a malha prioritária (vicinais e não classificadas), que representa 38,15% da malha vicinal estadual, os custos estimados para melhorias das estradas chegam a R$ 2,671 bilhões. No Brasil, o investimento necessário seria de R$ 4,9 bilhões ao ano para adequação das estradas vicinais.

Panorama das Estradas Vicinais no Brasil
Presidente da CNA, João Martins apresentou panorama na quarta-feira | Foto: Wenderson Araujo / Trilux / CNA

“O investimento anual para adequar as estradas vicinais a um padrão mínimo de qualidade não é apenas viável, é estratégico. No Brasil, estamos falando de um valor que representa menos de um terço do prejuízo anual (R$ 16,2 bilhões) causado pelas más condições dessas vias, apenas em custos operacionais. Com esse aporte, seria possível melhorar a qualidade de vida da população rural e garantir o escoamento de alimentos com mais segurança e eficiência”, explicou a assessora técnica da Comissão Nacional de Logística e Infraestrutura da CNA, Elisangela Pereira Lopes.

Considerando as estradas de Minas Gerais, cujo aporte necessário está estimado em R$ 2,7 bilhões ao ano, para a adequação da malha em condições precárias seriam necessários aportes anuais de R$ 2,176 bilhões (81,45%) e para a manutenção da malha em condições adequadas os investimentos seriam de R$ 495,63 milhões (18,55%).

Dentre as microrregiões prioritárias, Uberlândia é a que demanda maior volume de aportes, R$ 238,13 milhões. Com uma malha de 11,1 mil quilômetros, seriam necessários R$ 44,43 milhões para cobrir custos de manutenção e R$193,7 milhões para adequações.

Logo em seguida, estão as microrregiões de Paracatu, que demanda R$ 231,91 milhões de custos totais para implantar as melhorias, Unaí, R$ 181,69 milhões, e Araxá com R$ 167,79 milhões.

Conforme a CNA, as quatro microrregiões se destacam pela produção agropecuária robusta. Há, por exemplo, forte produção de frangos e suínos na cidade de Uberlândia, que lidera a produção estadual em ambos os plantéis. Outro destaque é a produção de bovinos, com o município de Prata detendo o maior efetivo estadual.

Entre as microrregiões com cinco grupos de produtos de alta produção, Paracatu se destaca na soja, milho e cana de açúcar e Araxá em cereais. Sacramento detém a maior produção de trigo do Estado, além de cana, soja e milho, leite e lavouras temporárias.

O estudo mostrou ainda que a produção de leite é expressiva na maioria das microrregiões prioritárias. Em Patrocínio, cujo valor necessário é de R$ 167,79 milhões, o destaque são a bovinocultura, as lavouras permanentes e temporárias. Em Patos de Minas, onde os recursos demandados são de R$ 154,59 milhões, há concentração da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas. Nesta mesma microrregião, estão os seis municípios com maior produção de leite do Estado.

As microrregiões de Ituiutaba e Unaí apresentam em comum a grande produção de leite e de cereais, leguminosas e oleaginosas. Em Ituiutaba, se destaca a cana-de-açúcar, enquanto em Frutal, além da pecuária, sobressai-se a produção de cana e frutas, especialmente, abacaxi e laranja.

Para o coordenador da Comissão de Agricultura Familiar da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o deputado federal Rafael Simões (UNIÃO/MG), a manutenção das estradas vicinais é fundamental para a evolução do setor agropecuário e para a economia como um todo.

“É triste ver a realidade do homem do campo pela falta de estradas. Não é só logística, estamos falando da vidas das pessoas. Viver na roça é comer poeira na seca e enterrar na lama na época da chuva. Precisamos mudar essa realidade e a única forma é através da união e da política. Do lado da produção, a logística é extremamente importante quer para receber insumos, quer para entregar produtos. Precisamos que os governos olhem para os produtores. Levantar esse assunto é essencial para podermos manter o pequeno produtor no campo, incentivar os jovens a darem sequência à atividade agropecuária, que é fundamental”.

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