Mercado de biopesticidas cresce 45%

Nos últimos cinco anos, a taxa anual de crescimento no mercado brasileiro de biopesticidas foi de 45%, enquanto para os agrotóxicos foi de 6%. Em 2022, a área tratada com controle biológico no Brasil foi de 70 milhões de hectares. “É um crescimento espetacular, principalmente pela facilidade de aplicação e custos desses produtos”, destacou o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Wagner Bettiol.
O dado foi apresentado na abertura do Simpósio “Trichoderma : o mais importante agente de controle biológico de doenças de plantas”, em 23 de fevereiro, na Embrapa Meio Ambiente, realizado em parceria com a Universidade de Salamanca (Espanha), Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e a Ballagro Agro Tecnologia Ltda. O evento contou com mais de 200 participantes.
A chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, Paula Packer, enfatizou a importância do controle biológico, tema que a empresa pública estuda há décadas. “A agricultura brasileira tem que ser sustentável e mostramos isso de diversas formas, como o controle biológico baseado na ciência”, disse.
Bettiol explicou que, na cultura da soja, a área protegida com biopesticidas subiu de 12 milhões de hectares, em 2020, para 20 milhões de hectares, em 2023, e praticamente a mesma tendência ocorreu com outras culturas. Em 2028, as indicações indicam que o mercado mundial de biopesticidas será de US$ 27,9 bilhões.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Em 2011, o Brasil tinha 26 produtos registrados. Em 2023, o portfólio já continha 616 produtos. O pesquisador destacou que as diversas reuniões realizadas pelo Fórum de Adequação Fitossanitária da Embrapa Meio Ambiente foram fundamentais para que o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) editasse instruções normativas que consolidaram esse crescimento.
Engenheiro-agrônomo da empresa Ballagro, Lecio Kaneco, destacou que a empresa nasceu de um produto à base de Trichoderma. “Nossa evolução no mercado é graças ao Trichoderma e às pesquisas realizadas com esse organismo”, declarou.
O professor da Universidade de Salamanca Enrique Monte falou sobre a adaptabilidade do Trichoderma. “A principal característica que define esse gênero é o seu oportunismo, ou seja, sua enorme capacidade para colonizar qualquer substrato em qualquer ambiente, desde a Antártida até o Caribe ou o deserto do Saara”, destaca Monte.
O professor explicou que seus estudos com esse organismo começaram em 1986 e que, naquela época, era considerada uma ideia excêntrica: “Era coisa de hippies, que propunham respeito à natureza. Não se considerava algo científico. Curiosamente, China, Índia e Brasil estavam trabalhando com isso, desenvolvendo controle biológico, talvez pelo fato dos agrotóxicos serem mais caros”, analisou o professor. E agora muitas empresas que não trabalharam com esses organismos, estão buscando desenvolver produtos biológicos”.
Para o pesquisador Sergio Mazaro, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, a introdução de Trichoderma no sistema de manejo é fundamental para obter sucesso no controle de fitopatógenos em populações do solo. Ele destacou os grandes desafios para o uso de produtos biológicos de forma racional e eficiente, como os cuidados com os produtos, a especificidade dos isolados ou cepas, o alvo biológico, as formas e condições de aplicação, as compatibilidades químicas e biológicas, bem como as formulações e as tecnologias envolvidas no manejo do sistema.
O pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Bettiol reiterou que representantes de todas as regiões do País participaram amplamente das discussões, as quais demonstram a importância do tema para a agricultura brasileira. (Embrapa Meio Ambiente)
Ouça a rádio de Minas