Agronegócio

México é o mais novo mercado para carne

Abertura foi anunciada recentemente pelo Mapa; em Minas Gerais, custo de produção do setor está bem elevado
México é o mais novo mercado para carne
Foto: Wenderson Araujo/Trilux

O anúncio de abertura do mercado do México para a carne suína brasileira pode contribuir para enxugar a oferta do produto no mercado interno e estimular os preços. Ao longo de 2022, a suinocultura de Minas Gerais enfrentou o desafio dos custos elevados e preços insuficientes para garantir rentabilidade. O quilo do suíno vivo é negociado, em média, a R$ 7,30, no Estado – valor que empata com os custos. O anúncio da abertura foi feito pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

De acordo com o diretor da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), Fernando Araújo, o preço do suíno vem se mantendo estável há algumas semanas. O ano tem sido considerado desafiador tanto para os suinocultores quanto para os frigoríficos. A abertura de novos mercados pode contribuir para um controle da oferta.

“Há um excesso de produção no Brasil e também em Minas. A maior oferta impede que a remuneração pague os custos de produção. Vivemos um cenário global de estoque de passagem muito baixos de milho e farelo de soja, guerra entre Rússia e Ucrânia se estendendo e grande pressão internacional nos preços das commodities. Então, a abertura do mercado mexicano para carne brasileira traz alguma esperança”.

Ainda segundo Araújo, a abertura é válida para Santa Catarina, que é o maior produtor de carne suína do País. Minas Gerais ocupa a quarta posição, perdendo apenas para os estados do Sul do País.

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“Um incremento nas exportações da carne suína brasileira será importante e pode retirar o excedente de produção que a gente vem registrando no momento. Em nível nacional, as exportações estão dentro da normalidade e devem fechar o ano repetindo 2021, que foi um ano muito positivo. O México vem compor a cesta de mercados e é uma grande vitória para toda a cadeia de produção da suinocultura Brasil”, acrescenta ele.

Araújo ressalta ainda que o mercado mexicano é bastante exigente e a autorização de comércio com o Brasil coloca a produção de igual para igual em relação aos princiais players produtores de suínos.

Em relação ao desempenho da produção suinícola de Minas Gerais, os produtores, há dois anos, vêm trabalhando com custos muito acima da média histórica. Em média, o custo de um quilo de suíno vivo está em R$ 7,30, valor igual ao de venda. Apesar do cenário, a produção de Minas manteve o crescimento, assim como no Brasil. 

“A produção continua crescendo, mas em ritmo menor. Estávamos crescendo cerca de 8% a 10% ao ano e reduzimos no último trimestre, segundo o IBGE, para apenas 2%. Então, a Asemg, estima que a gente termine o ano com estabilidade do plantel. Estamos com os preços de venda iguais ao custo, é um momento que o produto fica muito vulnerável”.

Um dos fatores que pode ajudar na formação de preços remuneradores para os suinocultores são as festas de final de ano, quando o consumo do produto é bastante estimulado. 

“A expectativa é de aumento do consumo. Nas três primeiras semanas de dezembro, deve haver uma alta de 30% nas vendas, conforme os dados compilados da nossa plataforma de oferta de suínos vivos. Nos últimos cinco anos, tivemos esse aumento de demanda em razão das festividades de fim de ano. Isso deve trazer algum alento para o produtor, com mercado reagindo à uma demanda maior”, explica o diretor da Asemg.

Por ter preços mais acessíveis, o consumo interno de carne suína segue avançando. Durante o ano, o consumo aumentou de 17 quilos per capita para 19,5 quilos. 

“Esta alta prova que consumidor tem migrado para carne suína pelos melhores preços. Mesmo com a questão da crise internacional,  o consumidor final fez sua parte para retirar o excedente de produção do mercado. Este ano, entramos no mercado de carne de frango e de boi, que são os principais concorrentes”. 

Araújo acredita que 2023 será um ano de menor oferta, resultado dos custos que desanimam o produtor.

“O cenário atual desestimula o suinocultor a investir na produção. Por isso,  terá regulação automática da oferta, pois a atividade passou a não ser rentável. Estamos finalizando o segundo ano com margens muito estreitas. Em 2022, a suinocultura venceu o ano no vermelho, se olharmos de janeiro a novembro”, finaliza ele.

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