Agronegócio

Milho pode conduzir safra mineira de grãos a novo recorde

Para colheita geral de 2022/23, 1º Levantamento da Conab projeta crescimento de 8,5% com maior produtividade
Milho pode conduzir safra mineira de grãos a novo recorde
Safrinha do milho no Estado tem aumento previsto de mais de 70% da produção, o que vai impulsionar a safra total de grãos | Crédito: Divulgação

A safra de grãos 2022/23, em Minas Gerais, promete seguir a tendência da temporada anterior e deve bater mais um recorde. É o que aponta o 1º Levantamento da Safra de Grãos que se inicia, elaborado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). De acordo com os dados, divulgados ontem, o volume de produção mineira deverá ser de 18,2 milhões de toneladas, alta de 8,5% em relação a 2021/22, quando foram colhidos 16,9 milhões de toneladas. O aumento na produtividade deverá ser de 6,4% e, entre os produtos, destaque para o milho.

Com uma estimativa de produção 18,4% maior (de 7,7 milhões de toneladas para 9,05 milhões de toneladas), o milho é quem chama a atenção nesta temporada. A projeção favorável do cereal é puxada pela segunda safra, que estima colher 3,74 milhões de toneladas, alta de 72,2%. A pesquisa ainda indica elevação na produtividade de 54,3%. 

O gerente de Acompanhamento de Safras da Conab, Rafael Fogaça, ressalta que o Estado semeia muitas culturas, como milho, soja e feijão. No entanto, o crescimento estimado para a produção total em 2022/23 é fruto da recuperação prevista para o milho segunda safra, que ainda será plantado no ano que vem. 

“A perspectiva para a produção de milho é de cerca de 1,5 milhão a mais de tonelada. O milho segunda safra tem um aumento previsto de mais de 70% da produção neste ano em comparação com o ano passado. Então, essa recuperação forte na produção e na produtividade de Minas Gerais é pela expectativa do milho segunda safra”, destacou.

Segundo ele, desde abril o Estado sofre com a falta de chuvas, o que afetou a produtividade do milho safrinha na temporada anterior. Além da estiagem, o ataque de cigarrinhas também prejudicou o rendimento do cereal no ciclo 2021/22. 

Para o milho primeira safra, Fogaça destaca a redução de 2,8% na área plantada, “com os produtores migrando para cultivos que cada um julga mais rentável”. Conforme ele, geralmente, essa migração ocorre para o cultivo de soja. Apesar disso, Fogaça salienta que Minas Gerais não deixa de ser um importante produtor de milho. “É o segundo maior produtor na primeira safra e continua mantendo a posição, uma posição muito relevante para o abastecimento do mercado”. 

Ainda segundo os dados da Conab, a área total destinada para o plantio de grãos em Minas deve crescer 2%. A expectativa é que sejam cultivados 4,15 milhões de hectares, ante 4,07 milhões de hectares do ciclo passado. 

Feijão deve ter nova baixa

A estimativa para o feijão é de nova queda, desta vez, de 1,8%. Ao todo, deverão ser colhidos 476,2 mil toneladas. A produtividade deve cair 0,7% e a área cultivada, 1%. Apesar da estimativa negativa, Fogaça destaca que “Minas também continua sendo um importante produtor de feijão na primeira safra, sobretudo, de feijão de cores”. 

Conforme análise da Conab, “as operações de plantio devem se intensificar a partir de outubro e se estender até o final do ano, mantendo o Estado como um dos principais produtores de feijão neste primeiro momento da safra”.

Trigo segue em alta

A produção de trigo deve crescer novamente, com alta de 74,3% e volume de 298,7 mil toneladas. A produtividade também deve aumentar 17,1%. Quanto à área, é esperado crescimento de 48,8%. Para Fogaça, o resultado é reflexo da preocupação do mercado com o abastecimento de trigo por parte dos europeus. Com isso, houve um aumento nas exportações do produto do Brasil, o que favoreceu a criação de áreas em vários estados. 

“O Rio Grande do Sul foi o que mais aumentou em questão de aumento absoluto de área em hectares. Santa Catarina aumentou bastante também. E Minas Gerais foi outro estado que os produtores se motivaram a semear trigo. Como houve um clima muito bom para a cultura, aumentou também a produtividade de trigo”, disse. 

Outras culturas

O cultivo de algodão no Estado também deve aumentar. A estimativa é que a produção chegue a 116,9 mil toneladas, 5,6% a mais. A produtividade deve ter o mesmo percentual de crescimento. Em análise feita pela companhia, “prevê-se que a área a ser semeada para a próxima safra mantenha-se constante”.

Conforme os dados da Conab, a soja deve ter leve alta de 0,2%, com a produção de 7,6 milhões de toneladas. Quanto à produtividade, é estimada queda de 1,9%. O destaque fica para a projeção de crescimento de área de 2,2%. Fogaça realça que a soja é “o principal grão semeado em cada estado”.  

Chuvas de granizo em Minas Gerais

Nos últimos dias, fortes chuvas de granizo atingiram várias regiões mineiras. Questionado sobre o quanto as precipitações podem impactar a previsão inicial da Conab para a safra 2022/23, o gerente de Acompanhamento de Safras da companhia, Rafael Fogaça, disse que, “nessa época do ano, não traz impacto para a safra de grãos”. Ainda segundo ele, “o granizo, principalmente, em Minas Gerais, deve afetar lavouras perenes, como café e laranja”.

Soja está entre apostas da temporada no País

São Paulo – A safra de soja do Brasil deverá crescer 21,3% em 2022/23, para um recorde 152,35 milhões de toneladas, com uma recuperação nas produtividades após a seca no Sul no ciclo passado e aumento da área plantada, afirmou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ontem.

O primeiro levantamento da estatal para a temporada apontou uma produção acima da expectativa média de 12 analistas e instituições, conforme pesquisa da Reuters de ontem, que indicou 150,62 milhões de toneladas.

A área plantada com soja no Brasil em 2022/23 foi estimada pela Conab em 42,89 milhões de hectares, alta de 3,4% ante 2021/22, uma máxima histórica para o plantio da oleaginosa no maior produtor e exportador global da commodity.

“A semeadura do grão ocorre dentro da janela nos principais estados produtores e chega a 4,6% da área, com o maior índice registrado no Paraná (9%), seguido de Mato Grosso (8,9%) e de Mato Grosso do Sul (6%)”, disse a Conab, ressaltando o bom início com chuvas favoráveis.

Segundo analistas, o avanço de área ante 21/22 é motivado por preços atrativos da soja e margens positivas, mesmo com custos elevados diante de maiores despesas com fertilizantes.

Mais rentável que outras culturas, a soja ganhou espaço do arroz no Rio Grande do Sul, milho primeira safra no Paraná, feijão e pastagens, disse o gerente de Acompanhamento de Safras da Conab, Rafael Fogaça.

“Pecuaristas estão destinando parte de suas propriedades a lavouras de soja. Se eles plantavam 5% da área total, este ano estão aumentando (o total para as lavouras) e confinando animais”, disse Fogaça, ao explicar os números em uma transmissão pela internet.

Ele citou também que em estados de fronteira agrícola há expansão.

Conforme dados da Conab, o Mato Grosso, maior produtor brasileiro de soja, deverá aumentar a área em cerca de 5%, ou 550 mil hectares.

Na fronteira agrícola do Matopiba, o Piauí terá o maior aumento percentual (4,1%), enquanto o Pará está se aproximando de 1 milhão de hectares de soja, com crescimento de 11,7% de uma safra para outra. (Reuters)

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas