Minas lidera produção de remineralizadores do solo e fertilizantes

Minas Gerais se consolida como o maior produtor de remineralizadores do solo e fertilizantes silicatados, utilizados na chamada agricultura verde ou regenerativa. Após dois anos consecutivos, com Goiás liderando o setor, Minas ultrapassou o estado vizinho, alcançando a fatia de 43% do mercado, enquanto Goiás chegou a 24%. Em terceiro lugar está São Paulo, com participação inferior a 10%.
Os dados fazem parte de um levantamento realizado entre 2019 e 2022 pela Associação Brasileira dos Produtores de Remineralizadores de Solo e Fertilizantes Naturais (Abrefen), em conjunto com a Embrapa e o Ministério de Minas e Energia.
Os insumos minerais sustentáveis são obtidos a partir de rochas submetidas apenas à moagem e peneiramento, não gerando grandes quantidades de rejeitos. Ao contrário, eles contribuem para a redução do volume de resíduos armazenados em barragens pelas mineradoras. Minas Gerais voltou a se destacar tanto na produção total em toneladas quanto na proporção de remineralizadores do solo e fertilizantes silicatados.
Quais motivos fizeram Minas Gerais voltar à liderança?
Um dos fatores que impulsionaram Minas a avançar no ranking é a presença das duas maiores empresas produtoras desses insumos em terras mineiras, que atraíram investimentos externos e são de capital aberto. O presidente da Abrefen, Frederico Bernardez, destaca também o “DNA ligado à mineração” do Estado como um fator que contribuiu para esse avanço. Além disso, no ano passado, o Banco Nacional de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) ofereceu financiamentos com taxas subsidiadas para esses insumos, impulsionando ainda mais a produção.

Avanços e desafios do setor
Outro aspecto relevante é a inclusão dos remineralizadores de solo no Plano Safra de 2023, um dos principais instrumentos de financiamento federal, e no Plano Nacional de Fertilizantes (PNF). A inclusão visa estabelecer metas de produção e uso, além de associar a utilização desses insumos à quantidade de carbono sequestrado, embora seja necessário regulamentar a medida. “Tivemos alguns avanços neste sentido, porém ainda temos que evoluir mais”, avalia o presidente da Abrefen.
Por fim, Bernardez enfatiza que “ainda é necessário um plano nacional de incentivo e financiamento do uso e também da produção”. E sobre a perda de eficiência dos fertilizantes químicos, ele alerta que há um uso cada vez maior de fertilizantes e “as produções não sobem na mesma proporção”.
Ele argumenta também que existem problemas como “lixiviação” e perdas devido à alta solubilidade dos fertilizantes químicos. “Há ainda perdas de fixação de nutrientes no solo, tornando-os indisponíveis para as plantas, isso poderia ser mitigado ou parcialmente resolvido com a mudança de manejo e uso de novos insumos”, conclui.
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