Minas Gerais pode guiar a independência do País de fertilizantes

O agronegócio brasileiro importa hoje cerca de 85% dos fertilizantes utilizados para se viabilizar. Um elevado nível de dependência que deixa a economia brasileira vulnerável às oscilações do mercado internacional do insumo. Entretanto, Minas Gerais – principal produtor de fertilizantes do Brasil e da América Latina – pode ter um papel predominante na reversão deste cenário. Quem afirma é o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Matérias-Primas para Fertilizantes (Sinprifert), Bernardo Silva.
“Minas Gerais pode ter este papel não só porque todo o parque industrial atual e de futuro está concentrado no Estado, como também pelo papel de liderança que Minas possui no contexto nacional. Minas Gerais tem capacidade de atrair investimentos e construir tecnologias”, observa Silva.
Conforme o presidente do Sinprifert, o Estado é o principal player de mineração de fosfato e abriga as maiores reservas do insumo do País. “Não só pela mineração, mas a parte química também. Minas Gerais têm grande produção de potássicos e estamos vendo projetos de nitrogenados sendo anunciados também”, diz.
Porém, o dirigente pondera que, para isso acontecer, o Estado precisa assumir o papel de liderança nas discussões políticas, inclusive, no âmbito federal. Fato que o subsecretário de Política Econômica e Agrícola da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais, Caio Coimbra, diz já estar acontecendo.
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O Estado é responsável pela produção de 8,4 milhões de toneladas de fertilizantes anuais. Número que corresponde a 62,5% da produção nacional do País. Ele explica que para atingir as metas do Plano Nacional de Fertilizantes (PNF) para 2050, ações já estão sendo desenvolvidas no Estado.
O PNF tem como principal proposta que o Brasil reduza para 50% a dependência dos fertilizantes até 2050. O presidente do Sinprifert considera a meta ousada, mas plausível. E pondera que para isso acontecer “é preciso atitude, foco e senso de urgência”.
Nesse sentido, Coimbra diz que o Estado já atraiu o Complexo Mineroindustrial do Grupo EuroChem, um dos líderes globais do segmento de fertilizantes, para o município de Serra do Salitre, na região do Alto Paranaíba, visando esses objetivos.
A planta foi concebida para funcionar de forma integrada, ou seja, da extração da rocha fosfática à distribuição dos fertilizantes e estima produção capaz de atender a 15% da demanda nacional. A unidade industrial foi instalada numa área contendo 350 milhões de toneladas de reservas minerais com investimentos previstos em mais de US$ 1 bilhão.
Outra ação que o subsecretário apresentou foi a missão internacional para o International Fertilizer Development Center (IFDC), no português Centro Internacional de Desenvolvimento de Fertilizantes, em busca de estreitamento e consolidação de parceria para capacitar a produção no Estado. “Um exemplo é o treinamento e capacitação de mão de obra para otimizar o consumo de fertilizantes na agricultura mineira”, diz.
O trabalho de parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV) para a instalação do Hub MG de Fertilizantes, vinculado ao Centro de Excelência de Fertilizantes e Nutrição de Plantas, é outra ação que visa o estímulo da produção de fertilizantes em Minas. “Esse hub é uma estrutura física que vai atender à pesquisa e à inovação que buscará estudar os fosfatados, ou seja, os fertilizantes à base de fosfato”, conta.
Por último, ele destaca a parceria com a Harsco Environmental, empresa multinacional americana, que possui unidade em Timóteo, na região leste do Estado. A Harsco doou 10 mil toneladas de fertilizantes (agrosilício) por ano durante a administração do governador Romeu Zema, para o governo estimular a correção do solo em Minas. “Estima-se que o agrosilício corrige o solo três vezes mais rápido do que o calcário. Além de ter 10% de silício na composição, o que é uma espécie de complexo vitamínico para as plantações, que reduz a necessidade do uso de defensivos agrícolas para o combate de pragas e doenças”, explica.
“Temos trabalhado fazendo doação de agrosilício em pequenas quantidades para agricultores familiares para estimular a prática de correção do solo e fortalecimento das plantas”, destaca.
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