Livre da febre aftosa sem vacina, Minas poderá exportar carne para os mercados mais exigentes do mundo

Minas Gerais e o Brasil foram reconhecidos como livres da febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA – ou WOAH, na sigla em inglês). A conquista é histórica e um marco da defesa agropecuária estadual. O status sanitário foi aprovado durante a realização da 92ª Assembleia da OMSA, que ocorre até esta quinta-feira (29), em Paris, na França.
O reconhecimento promoverá a pecuária mineira, que poderá exportar a carne bovina para os mercados mais exigentes do mundo, como o Japão e a Coreia do Sul, por exemplo.
Conforme o presidente do Sistema Faemg Senar, Antônio Pitangui de Salvo, a conquista do status de livre da aftosa sem vacinação é histórica para Minas Gerais.
“O reconhecimento por parte da OMSA é histórico. Há mais de 60 anos o setor vem trabalhando para o reconhecimento de Minas Gerais como livre da aftosa sem vacinação. Foi um trabalho conjunto com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e por parte de nós, produtores rurais, que basicamente ajudamos a custear todo o processo longo e necessário para nos tornarmos livres da enfermidade”, comemora.
Salvo destaca, ainda, que o reconhecimento da robustez da defesa sanitária de Minas Gerais abrirá mais mercados para a carne bovina.
“Comercialmente, a conquista é muito boa. Com o novo status, vamos avançar para mercados que só compram carne bovina de localidades que são livres da aftosa sem vacina. São também mercados mais valorizados, como o Japão e a Coreia do Sul. Agora, Minas Gerais e o Brasil estão nivelados com os grandes players da carne bovina como os Estados Unidos, por exemplo. Estamos definitivamente na primeira classe da pecuária”, explica.
A conquista internacional fortalece o reconhecimento nacional obtido em 2023, quando Minas Gerais foi declarado livre da doença sem vacinação pelo Mapa, consolidando o Estado como referência em sanidade animal.
Reconhecimento como área livre de aftosa sem vacinação abre a possibilidade de novos mercados
O secretário de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Thales Fernandes, destaca a importância do Brasil e, consequentemente, Minas Gerais, terem conquistado o reconhecimento de área livre de aftosa sem vacinação. Além de atestar a qualidade da defesa sanitária do Estado, a conquista será importante para a balança comercial.
Segundo a Seapa, com o aval da OMSA, Minas Gerais se posiciona entre as maiores referências globais no controle de doenças que impactam o comércio agropecuário. O novo status poderá ampliar, de forma expressiva, o potencial de exportação de carne e demais produtos de origem animal, abrindo portas para mercados altamente exigentes, como Japão, Coreia do Sul e União Europeia.
“Esse é um fato histórico, muito importante para todo o mercado da proteína animal no Brasil e, especialmente, em Minas Gerais. Nos primeiros quatro meses do ano, o agronegócio superou a mineração nas exportações com US$ 6,5 bilhões. Depois do primeiro produto da pauta de exportação, que é o café, o segundo foi a soja e o terceiro é a proteína animal, a carne bovina”, diz.
Hoje, Minas Gerais exporta a carne bovina para 59 países. Ao todo, no quadrimestre, a exportação do produto movimentou US$ 374,9 milhões, alta de 19,8%. O embarque somou 78,7 mil toneladas, 8% a mais. Nos primeiros quatro meses do ano, os principais compradores foram:
- China com uma movimentação de US$ 194 milhões
- Estados Unidos com US$ 75 milhões
- Chile com US$ 13 milhões
Fernandes comenta, ainda, que a decisão da Organização Mundial da Saúde Animal em reconhecer Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacina vem em um momento importante, em que o Estado e o Brasil enfrentam o desafio da gripe aviária e o fechamento de mercados para o produto.
“Nesse momento em que estamos vivendo a questão da gripe aviária no Brasil inteiro, com a possibilidade de mercados fecharem para a exportação de carne de frango, o reconhecimento internacional pela OMSA vem reforçar a importância da abertura de novos mercados, inclusive os mais exigentes como o Japão e outros. Isso também reforça a robustez do serviço veterinário oficial mineiro. O trabalho do IMA, vinculado à Seapa, é importantíssimo para a agropecuária. É o órgão responsável pela defesa agropecuária em Minas Gerais e teve papel fundamental nesta conquista”, conclui.
Exportações de carne suína também serão favorecidas

A conquista do status de livre de aftosa sem vacinação também favorecerá os embarques de carne suína. Entre os países que Minas Gerais poderá iniciar as negociações estão México, Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos. Além da oportunidade significativa para expandir as exportações, há ainda aumento da competitividade da suinocultura mineira no cenário global.
“Para a suinocultura esta foi uma grande vitória já que muitos países considerados zonas livres, não realizam a compra da carne suína vindas de zona não livre sem vacinação o que era o caso de Minas Gerais. Nós da Associação dos Suinocultores de Minas Gerais (Asemg), entendemos que este é um momento de vitória, fruto de muito trabalho e que com certeza nos trará oportunidade ímpares para a cadeia produtiva”, explica a gerente executiva da Asemg, Bianca Costa.
Maior rastreabilidade e defesa sanitária reforçada
Com a conquista do status de livre da aftosa sem vacinação por parte da Organização Mundial de Saúde Animal, o sistema de defesa sanitária de Minas Gerais continuará rigoroso e haverá ações para ampliar a rastreabilidade da carne bovina. Conforme o secretário de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Thales Fernandes, a rastreabilidade é uma exigência do mercado.
“Os mercados têm exigido, cada vez mais, a rastreabilidade muito transparente. Minas Gerais já tem tomado as providências junto com o Sistema Faemg para que isso aconteça mais. Nosso objetivo é promover a maior rastreabilidade da carne, desde o nascimento do bezerro, quando ele foi exportado e para qual mercado foi”, explica.
Ainda conforme Fernandes, há também reforço na vigilância. Para isso, a Seapa está montando um sistema de vigilância ativa, baseado na análise de risco das propriedades. Haverá ainda uma ampliação da vigilância nos eventos agropecuários.
“Essa vigilância será voltada para as propriedades que têm maior risco, que são aquelas que mais comercializam animais. Nós vamos montar uma vigilância muito intensiva em cima dos eventos pecuários, como as feiras e os leilões”, pontua o secretário.
Recursos do Fundesa são fundamentais para prevenção e combate
Junto ao Sistema Faemg, Fernandes ressalta a importância do Fundo de Defesa Sanitária do Estado de Minas Gerais (Fundesa/MG). Os recursos do fundo são um suporte às ações de defesa sanitária, ao produtor, à prevenção e combate de doenças que possam acometer os rebanhos de Minas Gerais.
“A parceria com a Faemg na criação do Fundesa é que nos ampara no caso de uma emergência sanitária. Com os recursos, a gente terá subsídio para indenizar produtores rurais, para tomar as ações necessárias, se a gente vier a ter algum problema futuramente, o que eu espero que não aconteça”, comenta.

Cadastro do rebanho é fundamental para manutenção do status de livre da aftosa sem vacina
Está em curso, em Minas Gerais, a Atualização de Rebanhos 2025 na qual os produtores rurais precisam declarar, junto ao Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), as informações atualizadas dos animais existentes nas propriedades. A etapa é obrigatória e vai até o dia 30 de junho.
Conforme Thales Fernandes, encerrado o primeiro mês da convocação, apenas 30% dos produtores efetuaram a atualização. Quem não atualizar os dados dentro do prazo, está sujeito a penalidades.
“O produtor mineiro precisa ter consciência da importância de fazer a atualização cadastral do seu rebanho todo ano. Essa atualização nos dá subsídio para manter o Estado como área livre de aftosa sem vacinação, que agora é reconhecida internacionalmente. É a rastreabilidade, a transparência. Para isso, é preciso que o produtor contribua comparecendo aos escritórios do IMA”, disse.
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