Agronegócio

Minas Gerais se destaca na produção de cachaça de alambique

A Seleta, uma das mais tradicionais do País, é produzida em Salinas | Crédito: Richard Cheles
A terceira reportagem da série mostra que o Norte de MG é polo consagrado de produção de cachaça de alambique

A região Norte de Minas Gerais – onde está localizado um dos  principais polos produtores de frutas do Estado – também tem como grande riqueza a produção da cachaça de alambique. Com clima, luminosidade e solo adequados para a produção da cana-de-açúcar, as bebidas são de alta qualidade e conquistam prêmios e são exportadas para o mundo.

Um dos principais destaques da região é o município de Salinas, que concentra o maior número de cachaçarias registradas no Estado e no Brasil. De acordo com o Anuário da Cachaça 2021, divulgado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), ao todo, são 16 estabelecimentos em Salinas, dos 353 registrados em Minas. A cidade também conquistou o título de Capital Nacional da Cachaça.

De acordo com o integrante da Comissão Técnica da Cachaça de Alambique do Sistema Faemg Senar,  Edilson Jardim Viana, o Norte de Minas se destaca na produção da cachaça de alambique, concentrando grande quantidade de marcas, produtores e volume.  “No Norte de Minas, Salinas é o município da cachaça, onde tem o maior número de produtos e de marcas.  Isso contribuiu para que a região se destaque como importante produtora da bebida”, reitera.

Na Fazenda Engenho dos Rodrigues, em Salinas, de propriedade da Cachaça Seleta, são cultivadas variedades diferentes de cana-de-açúcar que fazem todo o diferencial da premiada marca | Crédito: Richard Cheles

Ainda segundo Viana, as características próprias do Norte de Minas fazem com que a região seja ideal para a produção da cachaça artesanal de alambique. Entre os diferenciais estão a tradição, o clima, a luminosidade e o solo: “Na região as condições desde o solo até o clima são bem propícias para o cultivo da cana-de-açúcar, que tem exigências diferentes até a maturação. Para crescer, a cana precisa de muita luminosidade, calor e água. Na fase da maturação, é necessário um período seco e frio”.

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O superintendente de Abastecimento e Cooperativismo da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Gilson de Assis Sales, ressalta que Minas Gerais é um dos maiores produtores de cachaça do País, tendo a região Norte como destaque. “Minas se destaca na produção de cachaça de alambique. No modelo, há a separação da cachaça em frações durante o processo de destilação e somente a melhor parte é aproveitada”, revela.

A produção é concentrada em pequenos e médios produtores. Ao todo, são 353 cachaçarias registradas no Mapa, totalizando mais de 1,7 mil marcas registradas.

“Em Minas, a região Norte se destaca na produção de cachaça, sendo que dos 89 municípios da região, 48 produzem a bebida, segundo os dados do IBGE, sendo o maior produtor Salinas, com 16 estabelecimentos registrados”, disse Sales.  

Desafios

Entre os desafios enfrentados pelos produtores da cachaça de alambique estão a alta informalidade e os impostos elevados. Outro gargalo é a falta de dados sobre volumes de produção que, por não existirem, prejudicam o desenvolvimento de políticas públicas para o setor. 

O integrante da Comissão Técnica da Cachaça de Alambique do Sistema Faemg/Senar, Edilson Jardim Viana, explica que o problema da informalidade não está somente na região Norte ou em Minas Gerais e é um problema a nível nacional. “A informalidade na produção de cachaça é muito alta e também está atrelada ao mercado da bebida. No Brasil, cerca de 85% da produção é informal. Estes produtos, que estão à margem da legislação, são vendidos a granel, em bares e restaurantes locais”, explica.

A produção informal e aceitação no mercado acabam prejudicando os alambiques registrados, que têm a competitividade comprometida em função dos custos maiores de produção.

“A informalidade é um grande problema. As cachaçarias registradas têm custo para estarem aptas à legislação. As empresas são acompanhadas, fazem diversas análises para garantir a qualidade da bebida e isso onera a produção. É uma concorrência desleal. O irregular acaba conseguindo vender mais em conta e o mercado quer preço”, aponta Viana.

Tonéis da Seleta, uma das riquezas do Norte, são de fabricação própria feitos de madeira como umburana e jequitibá, dentre outras | Crédito: Richard Cheles

Estímulo à regularização da produção de cachaça

Tentando estimular a regularização da produção, o Sistema Faemg /Senar tem um projeto de consultoria gratuita para os produtores. Através do programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), os produtores são preparados em relação à gestão, produção e para a formalização.

“Também temos a Câmara Técnica onde representantes de todo o Estado discutem os rumos da produção, os gargalos e formas de melhorar as políticas públicas”.

O superintendente de Abastecimento e Cooperativismo da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Gilson de Assis Sales, explica que o governo de Minas está ciente da alta informalidade e da falta de dados da produção da cachaça e está trabalhando para solucioná-las.

“O setor ainda tem um grande nível de informalidade. Estamos elaborando um projeto de atendimento aos produtores visando à redução dos alambiques informais. Hoje, ações de educação sanitária e combate à informalidade já são executadas pelo IMA”. 

Ainda segundo Sales, foi iniciado neste mês o trabalho para o mapeamento da produção de cachaça em todo o Estado. “O objetivo é levantar os dados formais das cachaças legalizadas, vamos ter as principais regiões e os volumes produzidos”.

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