Agronegócio

Minas Gerais tem quebra de safra de café

Adversidades do clima na safra 2021/2022 são responsáveis pelo recuo de 0,8% na produção; são 21,96 milhões de sacas
Minas Gerais tem quebra de safra de café
Região Sul de Minas, maior produtora do País, tem produção 18,03% menor que ciclo passado | Crédito: Reuters/Nacho Doce

As adversidades climáticas como déficit hídrico, seca e geadas prejudicaram a safra mineira de café. Conforme o 4º Acompanhamento da Safra Brasileira de Café, Minas Gerais produziu um total de 21,96 milhões de sacas do grão, ou seja, queda de 0,8% frente à safra anterior, que era de bienalidade negativa. Na comparação com 2020, ano também de bienalidade positiva, quando as lavouras de café, normalmente, aumentam a produção, a redução foi de 36%, uma vez que a produção chegou a 34,6 milhões de sacas naquele período.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita no Estado já foi concluída e a quebra de safra foi confirmada  em relação ao potencial desejado.

De acordo com os pesquisadores da Conab, as condições climáticas adversas registradas antes do início do ciclo prejudicaram as lavouras de café. E, mesmo ao longo dessa temporada, as condições não foram boas a ponto de mudar o panorama prévio.

Os prolongados períodos de estiagem e as frentes frias, inclusive com a incidência de geadas em algumas localidades, acometeram as lavouras em fases importantes, impactando a floração, a carga, o “pegamento” e crescimento dos frutos. Ao longo da colheita, segundo a Conab, foi verificada uma carga de frutos bem aquém do esperado, com rosetas com menos grãos que o padrão, e grãos com peso e tamanho abaixo da média.

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“O ano de 2022 é de bienalidade positiva, o que naturalmente aumenta a produtividade. Entretanto, ficamos bem aquém do volume produzido em 2020 (também de bienalidade positiva) pelas adversidades climáticas, sobretudo estiagem e geadas que acometeram as principais regiões produtoras do País”, explicou o gerente de Acompanhamento de Safras, Rafael Fogaça.

Ainda segundo Fogaça, o clima desfavorável atingiu quase todas as regiões do Brasil e impactou de forma negativa a produção de Minas Gerais. 

“Em Minas Gerais, tivemos um clima bem adverso, com geadas no inverno de 2021 e depois uma estiagem que é muito danosa para o café. Já vínhamos retratando desde o segundo boletim que a recuperação estimada não iria acontecer. A região mais afetada no País foi o Sul de Minas, que é a maior produtora, respondendo por um quinto do volume do Brasil”, disse o gerente.

Regiões produtoras

Portanto, reiterou Fogaça, dentre as regiões, a mais prejudicada pelo fator climático foi o Sul de Minas, bastante afetada pelas geadas ao longo do ciclo, principalmente em 2021.

Com isso, a produção de café ficou 18,3% menor que no ano anterior, que já foi um ciclo de baixa produtividade. Ao todo, a colheita somou 9,59 milhões de sacas processadas. A produtividade caiu 19,1% com rendimento médio por hectare em torno de 19,3 sacas. Em relação à área produtiva, foi registrado aumento de 1% e o uso de 496,7 mil hectares. 

Na região do Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste, ou do Cerrado Mineiro, também houve registros de geadas no início do ciclo e estiagem. A produção ficou 12,1% menor que em 2021, somando 4,19 milhões de sacas de café. A queda na produtividade –  8,3% –  fez com que o rendimento por hectare ficasse em 23,1 sacas. A área em produção é de 181,7 mil hectares, o que representa uma queda de 4,2%.

Já na região da Zona da Mata e Rio Doce, as Matas de Minas, as lavouras tiveram um desempenho positivo. O levantamento da Conab aponta para uma produção 49,6% superior,chegando a 7,3 milhões de sacas de café. A produtividade avançou 30% com a colheita de 23,5 sacas por hectare. Também foi visto aumento na área em produção, 15%, chegando a 312,8 mil hectares. De acordo com a Conab, o bom aumento na área em produção na região em comparação a 2021 beneficiou o resultado final.

Alta também na região Norte de Minas, Jequitinhonha e Mucuri, ou Chapada de Minas. A representatividade das áreas irrigadas minimizou o impacto da estiagem. Houve relatos pontuais de perdas por excesso de chuvas em algumas regiões, logo após a florada. Em 2022, a região produziu 803,9 mil sacas –  aumento de 16%.Houve um ganho de 13,2% na produtividade, que chegou a 30 sacas por hectare. A área em produção cresceu 2,4% e encerrou o ciclo em 26,8 mil hectares. 

Para 2023, segundo o gerente de Acompanhamento de Safras, Rafael Fogaça, não é possível estimar o volume a ser colhido. Mas, pelo acompanhamento mensal da Conab, o clima em 2022 foi mais favorável que em 2021. 

“Ainda estamos recebendo os dados de campo para a formulação da primeira estimativa para a safra 2023. Estamos sem os dados numéricos, mas, já sabemos que o clima de 2022, que interfere em 2023, foi melhor que em 2021. As condições são melhores, mas não são as perfeitas. Tivemos chuvas de granizo que, dessa vez,  tiveram abrangência mais pulverizada. Além disso, houve estiagem e mesmo que tenha sido um período curto, a falta de chuvas pegou o período de floração, o que pode impactar”, concluiu ele.

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