Agronegócio

Minas Grita Pelo Leite completa um mês sem respostas da União

Segundo a Federação, a única medida anunciada até o momento foi a repactuação das dívidas dos produtores rurais
Minas Grita Pelo Leite completa um mês sem respostas da União
Produtores de leite se reúnem no Expominas, em Belo Horizonte, para denunciarem alta nas importações de leite | Crédito: Michelle Valverde/ Diário do Comércio

Passado um mês do movimento que reivindica o fim das importações de leite em pó do Mercosul e a adoção de medidas emergenciais para salvaguardar o setor leiteiro do País, os pecuaristas brasileiros continuam sem respostas concretas do governo federal. Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Antônio de Salvo, a única medida anunciada até o momento foi a repactuação das dívidas dos produtores rurais, que, entre outras adversidades, foram prejudicados pelo efeito da política desleal das importações.

“As outras promessas ainda não foram cumpridas. O nosso relógio ‘gritômetro’, que marca quanto tempo levarão para responder aos nossos pleitos, continua rodando. Vamos seguir pressionando para que o governo federal entenda a importância deste setor não só para Minas Gerais, mas para todo o Brasil. Já houve melhoria nos preços do leite praticados em várias regiões, mas apenas isso não é suficiente. Precisamos diminuir ainda mais as importações para que o produtor possa ter garantia de renda no final do mês”, alertou.

O “gritômetro” foi lançado no dia 18 de março durante o Minas Grita pelo Leite, que reuniu mais de 7 mil pessoas, no Expominas, em Belo Horizonte, com o apoio da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), sindicatos rurais, cooperativas e autoridades. No evento, também foi assinado um manifesto com os pleitos do setor, que incluem a inserção permanente do leite nos programas sociais do governo federal e a ampliação da fiscalização no âmbito do Decreto 11.732/2023, que visa estimular, por meio de benefícios governamentais, a utilização de leite in natura brasileiro nas indústrias nacionais de lácteos.

Durante o manifesto, o governador Romeu Zema (Novo) anunciou que o Estado estava retirando as empresas importadoras de leite em pó do Regime Especial de Tributação. Essas empresas passaram a pagar ICMS de 18% na comercialização dos produtos importados.

Cenário

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Minas Gerais representou 11,6% do volume importado de leite no País entre janeiro e março de 2024, enquanto em 2022 representou apenas 5,1%. Por este motivo, a medida anunciada pelo governador para reduzir a entrada de leite estrangeiro no Estado, por meio da suspensão do diferimento do ICMS na comercialização de leite em pó importado, mostrou-se essencial.

“O decreto anunciado durante o Minas Grita pelo Leite foi de suma importância não apenas para a redução das importações mineiras, mas por todas as outras ações que foram desencadeadas nos demais estados, entre eles Goiás, Mato Grosso, Alagoas, Pernambuco e Paraná. Porém, sozinha, essa medida não é capaz de mudar o cenário das importações e da crise que o setor vem enfrentando”, afirmou Antônio de Salvo.

Ainda segundo o presidente, os maiores estados importadores não publicaram nenhum diferimento quanto à tributação dos produtos lácteos importados, com destaque para São Paulo, Santa Catarina, Espírito Santo e Rio Grande do Sul, o que gera um cenário de insegurança quanto à efetiva redução das importações em âmbito nacional, além de projeções ainda muito preocupantes para o mês de abril. (Faemg)

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