Agronegócio

Minas tem grande potencial no agronegócio

Minas tem grande potencial no agronegócio
O maior produtor de leite do País é Minas, responsável por cerca de 25% do total - Arquivo DC

LEONARDO FRANCIA

Relatório da Pricewaterhouse Coopers (PwC) Brasil mostrou que, em 2050, com uma população mundial estimada em 9,3 bilhões de pessoas, o mundo precisará de uma quantidade 50% maior de alimentos e Minas Gerais pode aproveitar esse crescimento. No entanto, o Estado ainda precisa alcançar um nível de gestão de cadeias produtivas, de tecnologia empregada nos campos e de investimentos que o setor ainda não tem.


Para a gerente sênior da PwC Brasil, especialista em agronegócios, Daniela Coco, a produção do setor em Minas tem potencial para crescer e atender ao aumento da demanda mundial, especialmente no que se refere a proteína animal. “Minas se destaca como grande produtor em algumas cadeias. É o Estado com a maior bacia leiteira, com grandes laticínios e, frente à tendência global de aumento do consumo de proteína animal, onde estão inclusos lácteos, Minas se desponta com grande capacidade para responder a este aumento de consumo”, afirmou.


De acordo com o levantamento da PwC, com uma produção da ordem de 9 bilhões de litros de leite em 2016, Minas Gerais é o maior produtor do Brasil, respondendo por cerca de 25% da produção nacional. Os principais municípios produtores são Patos de Minas, Patrocínio, Coromandel, Pompéu e Lagoa Formosa. Além disso, o Estado é o 6º maior produtor de carnes do Brasil, com o segundo maior rebanho bovino, que totalizou 19,5 milhões de cabeças em 2017, segundo o levantamento da PwC.

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Desafios – A gerente da PwC Brasil, contudo, alerta que o Estado ainda precisa vencer alguns desafios para aumentar sua produção nos campos e atender ao crescimento da demanda mundial por alimentos. “O grande desafio é a organização das cadeias de ponta a ponta. Todos os elos devem trabalhar com o mesmo objetivo para fazer produtos de mais qualidade, maior valor agregado, e não cada um pensar no seu problema específico”, disse.


Na avaliação de Daniela Coco, o mercado mundial está longe de estar plenamente aberto aos produtos agropecuários brasileiros. Os lácteos são exemplos de produtos brasileiros que enfrentam fortes barreiras tarifárias no exterior. O leite integral ou parcialmente desnatado em pó, principal produto lácteo exportado pelo Brasil, enfrenta tarifas de 17,5% nos Estados Unidos, por exemplo, e isso impacta diretamente no crescimento do segmento em Minas e no Brasil. Por isso, ela defende a expansão dos acordos internacionais de comércio, além da busca por novos mercados e da promoção do agronegócio brasileiro no exterior.


Daniela Coco ressaltou ainda que a mudança do perfil do consumidor, hoje “mais conectado” e com a disponibilidade das mídias sociais para buscar informações e tomar sua decisão de consumo, também exige mudanças por parte dos produtores. “As cadeias produtivas devem oferecer a informação correta na ponta do consumo”, frisou. A análise, segundo ela, não se restringe apenas à cadeia de proteína animal, mas a todas.

Café – Outro setor no qual Minas pode tirar vantagens é o cafeeiro. O Estado já é o maior produtor nacional do grão, respondendo por mais de 50% da produção brasileira. No entanto, uma nova tendência, atrelada à exigência do consumidor por mais qualidade, como destacou a gerente da PwC, é o aumento da produção de cafés gourmets e especiais. Ela propõe ao Estado incentivar a produção desses tipos de cafés, cuja demanda cresce cerca de 15% ao ano, enquanto o consumo de cafés tradicionais aumenta de 2% a 3% anualmente.


Entre outros pontos que precisam melhorar, como logística para escoamento da produção, Daniela Coco defende a incorporação da tecnologia nos campos. “Não vemos tecnologia sendo adotada dentro da porteira nos níveis necessários. Não tem como comercializar, na ponta, um produto diferenciado, de valor agregado, se o produtor não tem acesso a tecnologias e a financiamentos que permitam isso”, avaliou.

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