Minas registra redução de 3,1% na safra de café em 2024

Estiagens acompanhadas por altas temperaturas e até geadas durante o ciclo das lavouras impactaram a produção de café em Minas Gerais na safra 2024. O cenário foi apontado pelo 4º levantamento da Safra de Café 2024, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que indicou que Minas Gerais colheu um volume total em torno de 28,1 milhões de sacas, redução de 3,1% frente à safra de 2023.
Por sua vez, a produção nacional de café encerrou ano passado com 54,2 milhões de sacas de 60kg, resultado que é 1,6% inferior ao volume produzido na safra de 2023.
A região do Cerrado mineiro, que engloba o Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste do Estado, foi a mais afetada pelo clima e registrou uma retração de 29,4% no volume de sacas, na comparação com 2023. Em síntese, diversos fatores influenciaram uma boa evolução da cultura em sua fase reprodutiva, acarretando redução do potencial produtivo.
Segundo o gerente de acompanhamento de Safras da Conab, Fabiano Vasconcellos, “apesar do clima ser um pouco atípico em relação aos outros anos, em 2024 foi um ano de bienalidade positiva, no qual as lavouras naturalmente tendem a produzir mais. Isso aconteceu de uma maneira geral em todo o País para o café arábica, com exceção de Minas Gerais. Em algumas regiões do Estado, desde 2021, ocorreram muitas geadas e restrição hídrica por conta do La Ninã e, por isso, essas regiões registraram a bienalidade positiva um pouco alteradas”, avaliou.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Arábia e Conilon
Concentrando a maior produção nacional do grão tipo arábica, o Estado foi responsável por colher 27,7 milhões de sacas em 2024, resultando, portanto, em uma queda de 3,3% no volume. Com o clima adverso, a produtividade média atingiu 25,4 sacas por hectare, ficando 4,9% abaixo do registrado no ano anterior.
Já a safra mineira do café conilon encerrou 2024 com alta 9,4%, com 388 mil sacas beneficiadas. A produtividade média registrou queda de 16,5%, com 32,7 sacas por hectare. A área em produção foi da ordem de 11,8 mil hectares, apresentando crescimento de 31%.
Nas demais regiões, previsão é de crescimento
Conforme os dados da Conab, mesmo com os desafios climáticos nas demais áreas produtoras de café em Minas Gerais, a Safra 2024 foi encerrada com números positivos. As regiões Sul e Centro-Oeste, que concentram o maior volume de cafés do Estado, foram responsáveis por um volume de 13,4 milhões de sacas, 0,2% maior do que em 2023. Entretanto, o clima impactou na produtividade, que reduziu 2,7% e gerou 24,7 sacas por hectare.
Nas regiões da Zona da Mata, Rio Doce e Central a produção de café cresceu 19,1% chegando a 8,3 milhões de sacas. De acordo com o órgão federal, mesmo com o clima adverso, a bienalidade positiva permitiu o incremento no rendimento médio da cultura em comparação à temporada passada. A produtividade avançou 15,1% com a colheita de 21,8 sacas por hectare.
Ainda na região, a área em produção também apresentou incremento em relação ao mesmo período, favorecida pela inserção de novas áreas e o retorno à produção de lavouras, o que gerou elevação de 3,5%, somando, assim, 332,7 mil hectares. No Norte, Jequitinhonha e Mucuri, a produção total de café foi de 985,7 mil sacas, 0,9% a mais que em 2023.
- LEIA TAMBÉM: Programa Fomento Agro repassou mais de 35 mil itens para produtores rurais de Brumadinho
Exportações de café
Durante a safra 2024 o Brasil exportou 50,5 milhões de sacas, número que representa um novo recorde e alta de 28,8% na comparação com o ano anterior, segundo dados consolidados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). A exportação do grão gerou uma receita de US$ 12,3 bilhões em 2024, o maior valor já registrado no Brasil, representando uma alta de 52,6% na comparação com 2023.
Entre os motivos que contribuíram para o crescimento nas exportações brasileiras de café em 2024 estão a valorização do produto no mercado internacional e a valorização do dólar. O cenário de oferta e demanda global ajustado influenciou a alta dos preços do produto no ano passado, mesmo com a recuperação da produção em alguns países. Outro fator de alta para os preços foi a ocorrência de novas adversidades climáticas em importantes países produtores, que limita a recuperação da oferta futura.
Ouça a rádio de Minas