Agronegócio

Após mobilização de produtores, Minas suspende benefício de importadores de leite

Decreto publicado nesta quinta-feira (28) tem como objetivo apoiar especialmente pequenos e micro produtores rurais, prejudicados por isenções concedidas por outros países do Mercosul que desestabilizam a justa concorrência
Atualizado em 28 de março de 2024 • 20:35
Após mobilização de produtores, Minas suspende benefício de importadores de leite
Foto: Erasmo Pereira/ Epamig

O governo de Minas Gerais, com a publicação do Decreto nº 48.791, que estabelece que toda importação de leite em pó será tributada em Minas Gerais, espera contribuir para o equilíbrio de mercado e para o ganho em competitividade da produção de leite local.

O setor leiteiro do Estado e do Brasil enfrenta uma crise severa devido ao aumento significativo das importações de leite em pó vinda de países onde a produção tem subsídios. O anúncio da retirada do benefício ocorreu há cerca de 15 dias, durante o movimento “Minas Grita pelo Leite”.

Conforme o decreto, publicado em 28 de março, toda importação de leite em pó será tributada no Estado, ficando suspenso o benefício concedido aos contribuintes detentores de Regime Especial. Desta forma, quando houver importação de leite em pó, a alíquota que estava zerada sobe para 12%. Para a venda do leite em pó fracionado, a alíquota passa de 2% para 18%.

De acordo com o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Thales Fernandes, a princípio, o decreto terá validade de 90 dias. Após esse período, haverá um estudo para avaliar os efeitos e, então, se preciso, serão adotadas novas medidas.

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“O decreto, nesse momento, veio para poder equilibrar o mercado e trazer mais competitividade para os produtores mineiros. Isso é necessário porque esse leite vindo da Argentina e do Uruguai é subsidiado e está vindo em maiores quantidades”.

Fernandes ressalta ainda que o governo do Estado não é contrário às importações, desde que elas não sejam abusivas e não prejudiquem a produção interna, que gera empregos e renda. 

“Não somos contra a importação, pelo contrário, a gente acha que a importação existe para poder equilibrar os mercados e acordos bilaterais. Mas, no caso do leite, chegou a um volume assustador e que está comprometendo a atividade local”. 

Importação de leite em pó prejudica produção em Minas Gerais

A medida de voltar a taxar as importações de leite em pó em Minas também tem o objetivo de preservar a cadeia produtora. “Na situação atual, muitos produtores estão saindo da atividade. Assim, corremos o risco de, no futuro, ficar nas mãos das importações. Aí, o preço não vai ser tão barato porque não haverá competição. Então, estamos agindo agora para promover o equilíbrio do mercado, para melhorar a competitividade e manter o produtor na atividade”, completa o secretário.

Desde o ano passado, as importações de leite em pó vindas, principalmente, da Argentina e do Uruguai estão registrando recordes. Apesar do Brasil ser um dos maiores produtores mundiais, com destaque para Minas Gerais – que responde por 27% da produção e 9,5 bilhões de litros ao ano -, as importações cresceram 96% e chegaram a 2,8 bilhões de litros equivalentes. Assim, o volume foi recorde. 

Conforme o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), 46% das importações vieram da Argentina e 45% do Uruguai. 

Considerando os dados regionais, em Minas Gerais, segundo a Seapa, as importações deste tipo de produto lmovimentaram US$ 62,6 milhões em 2023. As compras continuam crescentes. No primeiro bimestre deste ano, as importações já alcançaram US$ 12,7 milhões, representando 20,3% do valor de 2023.

Preço interno em queda

Enquanto as importações seguem firmes e crescentes, o preço pago pelo litro de leite vem registrando queda. Conforme a Seapa, em janeiro de 2024, o valor pago ao produtor foi de R$ 2,11 o litro, inferior ao mesmo mês de 2023, quando estava em R$ 2,51.

Os números evidenciam o impacto negativo das importações nos preços pagos aos produtores mineiros. Em 2022, o preço médio do litro de leite era de R$ 2,71.

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