Mogno africano tem futuro promissor em Minas Gerais

Com um crescimento mais rápido que as demais madeiras nobres, o plantio do mogno africano deve conquistar cada vez mais espaço no Brasil e em Minas Gerais. No País, já estão sendo feitos os primeiros desbastes e beneficiamento do mogno jovem.
De acordo com a diretora executiva da Associação Brasileira dos Produtores de Mogno Africano (ABPMA), Patrícia Fonseca, os plantios comerciais do Estado são mais jovens e as árvores têm entre dois anos e no máximo 15 anos. Os mais antigos, acima de 20 anos, estão no Pará.
“Esse gap entre as idades acontece porque os primeiros plantios foram feitos no Pará, por colonos japoneses. Eles acreditaram no potencial e plantaram. Quando o plantio começou a dar certo, ele se espalhou pelo Brasil”, disse.
A estimativa geral é que no País existam mais de 60 mil hectares plantados com o mogno africano. As florestas estão presentes em 12 estados brasileiros e em quase 50 municípios.
“Na ABPMA temos, hoje, 60 associados e dentro da associação 80% dos plantios são em Minas Gerais. O Estado tem a maior concentração de plantio do mogno africano e é feito, também, por muitos pequenos produtores”, apontou.
A diretora executiva explica que, em Minas Gerais, em algumas propriedades já estão sendo feitos os primeiros desbastes e processamento do mogno jovem.
“As florestas vão crescendo e fechando a copa. Obrigatoriamente, o produtor tem que fazer o manejo e retirar parte para que as árvores tenham espaço para se desenvolverem da forma correta. Se não houver este desbaste, que é feito com as árvores novas, elas competem em busca de luz, crescem tortas e não engrossam”.
Ainda segundo ela, hoje, o corte para desbastes gera uma madeira diferente da final, quando o corte é feito acima de 20 anos.
“Por ser um mogno jovem e o serne não estar completamente formado, a madeira é diferente. Mas, mesmo assim, já há um aproveitamento. A madeira pode ser serrada, beneficiada, seca em estufas e colocadas no mercado. Esse corte acontece com as árvores de 12 a 14 anos”.
O mercado para o mogno africano é considerado promissor. O início do retorno para o produtor começa com os primeiros desbastes. Mesmo jovem e com valor inferior ao da madeira adulta, há mercado para o produto.
Já a madeira adulta, quando o corte acontece a partir de 20 anos, pode ser amplamente comercializada no mercado de madeiras nobres. O mogno africano se destaca por demandar menos tempo que as demais espécies, como por exemplo, os ipês, que precisam de 40 anos para chegar ao ponto de corte.
“Ainda não exportamos porque não temos a madeira dos sonhos, mas teremos quando as árvores estiverem em idade propícia. Mesmo não exportando, há uma demanda grande no mercado interno e várias consultas do mercado internacional, que já está sabendo que o Brasil planta o mogno africano. Por ser uma madeira nobre e pelo crescimento mais rápido, vemos um futuro promissor para o mogno”.
Hoje, a precificação da madeira no Brasil segue o nível mundial. Em média, a cotação do mogno jovem varia de R$ 2,1 mil para a madeira B, até R$ 4,5 mil para a madeira A plus. O valor é definido conforme especificações, mercado e região.
Patrícia ressalta que a produção do mogno africano é sustentável, sendo a espécie uma boa opção para plantio em áreas degradadas. Por ser uma espécie exótica, as árvores sofrem menos pressão de doenças de pragas.
Pela madeira nobre substituir a espécie brasileira, que está em extinção, o interesse pelo plantio é crescente. A madeira africana preserva as florestas nativas do Brasil e tem se tornado uma alternativa para evitar o corte de outras madeiras nobres que também correm o risco de extinção.
Outra vantagem do mogno africano é o uso consorciado com outras culturas, como o café, cacau, frutas, pimentas, bovinos, entre outros.
Por ser uma cultura de longo prazo e possível consorciar com outras opções, os pequenos produtores podem investir no plantio, diversificando a fonte de renda enquanto o mogno atinge a idade de corte.
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