Morre Alysson Paolinelli, pai da agricultura tropical sustentável no Brasil

O Agro brasileiro perdeu, nesta quinta-feira (29), um dos seus maiores entusiastas e responsáveis por transformar o status do setor nacional no País e no mundo. O ex-ministro da Agricultura e presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) e do Fórum do Futuro, Alysson Paolinelli, faleceu aos 86 anos.
Ele era considerado o “pai da agricultura tropical sustentável” no Brasil e uma das grandes referências da agropecuária brasileira.
Paolinelli sofria de complicações após passar por um procedimento cirúrgico para a implantação de uma prótese no quadril. Depois da cirurgia, o ex-secretário sofreu com uma forte gripe que acabou evoluindo para uma pneumonia. Ele estava internado em estado grave no Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte.
Alysson Paolinelli nasceu no município de Bambuí, na região Centro-Oeste de Minas Gerais, em 1936. Formou-se em agronomia pela Escola Superior de Agronomia de Lavras, em 1959.
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O engenheiro agrônomo se tornou secretário estadual da agricultura em 1971 e contribuiu para o desenvolvimento da produção de café no Estado.
Já em 1973, Paolinelli assumiu o Ministério da Agricultura e foi um dos grandes responsáveis pela modernização da então recém-criada Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Durante o seu mandato como ministro da Agricultura do Brasil (1974 a 1979), Alysson Paolinelli trabalhou pela ocupação e desenvolvimento econômico da região do Cerrado brasileiro.
Ele também implantou programas de bolsas de estudos para estudantes brasileiros nos maiores centros de pesquisa em agricultura do mundo. Além de cuidar da reestruturação do crédito agrícola e do reequacionamento da ocupação do bioma amazônico.
O ex-ministro foi secretário estadual da Agricultura três vezes e também foi presidente do Banco do Estado de Minas Gerais e da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Além de ser um dos deputados membros da Assembleia Nacional Constituinte de 1987 e 1988.
Revolução Verde
Paolinelli chegou a ser reconhecido como o “pai da agricultura tropical”, que contribuiu para a transformação do setor no País, tornando-o uma potência agroalimentar global. Graças a esse trabalho na chamada “Revolução Verde”, o Brasil deixou de ser um País dependente das importações e se tornou um dos maiores exportadores de alimentos no mundo.
O projeto também contribuiu para a redução do custo dos alimentos consumidos pela população brasileira, além do aproveitamento do solo do Cerrado, até então considerado improdutivo.
Em uma entrevista exclusiva ao DIÁRIO DO COMÉRCIO em 2021, o ex-ministro contou que não existia nada parecido com isso no mundo antes de 1970 e que foi o Brasil quem decidiu desenvolver esse sistema, por meio da ciência, pesquisa, tecnologia e da inovação.
“Colocamos projetos de políticas públicas adequados e chamamos o produtor, que acreditou. Transformamos o Cerrado, que era uma das áreas mais inférteis e degradadas no mundo, na mais produtiva e competitiva que o mundo tem hoje”, afirmou na ocasião.
Reconhecimento internacional
Esse trabalho de implantação da Agricultura Tropical Sustentável no Brasil também lhe rendeu uma premiação do World Food Prize em 2006. O prêmio é equivalente a um “Nobel da Alimentação”.
Além disso, em 2021, Paolinelli foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz. A nomeação foi apoiada por instituições científicas ligadas ao agronegócio de 24 países, como Brasil, Estados Unidos, China e Alemanha, dentre outros.
Ele voltaria a ser indicado para este mesmo prêmio no ano seguinte. Assim como em 2021, a indicação de Paolinelli ao Prêmio Nobel da Paz de 2022 foi protocolada no Conselho Norueguês do Nobel pelo diretor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), Durval Dourado Neto. Dessa vez, ele receberia o apoio de organizações de 78 países diferentes.
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