Mudas para parques de BH vão utilizar fertilizante orgânico

Belo Horizonte deu um passo para começar a utilizar fertilizante orgânico em parques e jardins da cidade, que vendo sendo produzido com lodo proveniente de estações de tratamento de esgoto (ETE) da Copasa. A empresa pública e a Transplantar Tree vão formalizar, a partir de desta terça-feira (23), a entrada da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica de BH (FPMZBC) no acordo para a aplicação do fertilizante orgânico, insumo que resulta da transformação de lodo produzido pelo esgoto tratado, na produção e plantio de mudas, que vão contribuir para a recuperação de áreas degradadas.
Desde junho de 2022, a Copasa e a Transplantar Tree têm um Acordo de Parceria no projeto que usa um processo chamado compost barn. Nele, resíduos vegetais, como aqueles provenientes de podas de árvores, são misturados com a terra e formam uma espécie de cama de matéria orgânica para o descanso de gado. Quando esses animais – mantidos em um ambiente confortável – defecam e urinam, o solo vai se transformando em um pré-composto. Posteriormente, o produto é misturado ao biossólido proveniente do tratamento de esgoto, que também é rico em matéria orgânica, para ser usado como fertilizante.
Desse modo, o processo combina a compostagem de resíduos vegetais com a criação de gado de forma sustentável e em conformidade com parâmetros sanitários, além de promover tratamento e destinação adequados do lodo das estações de tratamento de esgoto. Vale destacar ainda que, além de fornecer matéria orgânica para o solo, a transformação do lodo em insumo agrícola evita a liberação de gás carbônico na atmosfera, diminuindo a emissão dos gases que causam o efeito estufa.
Outros ganhos são a redução dos custos com o transporte para disposição final do lodo e aumento da vida útil dos aterros sanitários. A Copasa opera atualmente mais de 200 estações de tratamento de esgoto. Só na Região Metropolitana de Belo Horizonte são produzidas mais de 250 toneladas de lodo desidratado por dia.
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Já a Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica de Belo Horizonte administra mais de 10 milhões de metros quadrados de áreas verdes, ricas em fauna e flora. A produção e plantio de mudas são essenciais para a manutenção dessa biodiversidade.
A Copasa e a Transplantar Tree, que tem usina de compostagem em Esmeraldas (RMBH), já comprovaram a eficiência do fertilizante produzido.
Sustentabilidade
Em janeiro deste ano, a engenheira sanitarista da Unidade de Serviço de Desenvolvimento Operacional, Qualidade e Energia da Copasa, Frieda Keifer Cardoso, concedeu uma entrevista do DIÁRIO DO COMÉRCIO e explicou que o projeto do fertilizante é parte integrante do Programa de Desenvolvimento e Inovação da Copasa.
“Na primeira etapa, utilizamos 300 toneladas de lodo para a produção do fertilizante. O produto ainda está em fase de teste e para que a gente possa disponibilizar para produtor rural, há uma nova etapa que consiste na avaliação do comportamento do fertilizante no solo e em culturas diferentes. Somente depois desse período de pesquisa – cerca de dois anos de testes -, o produto poderá ser licenciado pelo Mapa e, então, colocado à venda. São etapas ambientais e de licenciamento que faremos para atender às leis”, apontava a engenheira no dia 8 de janeiro.
Na mesma ocasião, o conselheiro técnico da Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo), engenheiro agrônomo e responsável técnico pela Tera Ambiental Ltda, Fernando Carvalho Oliveira, ressaltava que o uso do lodo para a fabricação de fertilizantes, atendendo às normas técnicas, é uma alternativa muito interessante: “O tratamento do esgoto gera um excedente de biomassa e esse excedente chamamos de lodo de esgoto. Então, esse produto concentra matéria orgânica, macros e micronutrientes. Justificando, assim, o reaproveitamento do lodo como matéria-prima para a produção de fertilizantes orgânicos. O lodo é o resíduo gerado em maior quantidade no processo de tratamento de esgoto. Se fizermos uma análise ampla, esse tipo de trabalho é um exemplo bem característico de economia circular”.
Para o Brasil, segundo o especialista, o tratamento do lodo para a produção de fertilizantes e o aproveitamento no campo e em áreas urbanas é uma ótima alternativa. Segundo Oliveira, a alternativa tem menor custo e ganhos em sustentabilidade.
Solenidade
A assinatura do acordo entre Copasa, Transplantar Tree e a Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica de BH será nesta terça-feira, às 9h30, no Jardim Botânico, que fica no Zoológico. (Com informações da Copasa)
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