Nova linha de crédito em dólar estimula Agro brasileiro

Produtores rurais de Minas Gerais que possuem receita e contratos atrelados à venda internacional serão beneficiados pela linha de crédito em dólar lançada esta semana pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Na avaliação da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Sistema Faemg), a iniciativa vem em um momento em que o setor precisa cada vez mais de opções e diversificação nas linhas de crédito.

Com recursos em torno de R$ 2 bilhões, a nova linha poderá ser contratada pelos produtores a partir de maio. A expectativa é que os valores sejam investidos na aquisição de silos, tratores, máquinas e em inovação no campo.

De acordo com os dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a linha de financiamento rural em dólar do BNDES terá taxa fixa de 7,59% ao ano mais a variação cambial. O prazo total da oferta de crédito vai de 25 a 120 meses, incluindo carência de até 24 meses.

Para a assessora técnica do Sistema Faemg/Senar, Aline Veloso, o lançamento de uma nova opção de recursos para o financiamento da produção rural é positiva e para os produtores do Estado que possuem operações em dólar.

“A nova linha de crédito é uma possibilidade de ampliação do funding para o setor produtivo, uma vez que tem se percebido, ao longo dos últimos anos, diminuição e dificuldade dos recursos orçamentários para a equalização das taxas de juros para linhas e programas de crédito oficiais. Pela sinalização da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), é importante continuarmos atentos na busca por recursos privados para financiamento ao setor.”

Lançado na última segunda-feira (17), a linha de crédito em dólar é voltada para a compra de máquinas e equipamentos agrícolas de qualquer espécie, de fabricação nacional para a ampliação da mecanização.

Os recursos também podem ser aportados na renovação e atualização tecnológica da frota de tratores e colheitadeiras agrícolas, com o objetivo de ampliar a produtividade no campo.

Para ter acesso ao financiamento, o produtor precisa ter receitas ou contratos em dólar ou atrelados à variação cambial e ter limite de crédito nos bancos parceiros. A partir de maio, os recursos poderão ser acessados nos 77 agentes financeiros conveniados ao banco.

“Aguarda-se divulgação da circular do BNDES para as instituições financeiras, e o governo ainda precisa definir a origem do recurso para a linha – que, em princípio, viria do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), por meio de empréstimo do BNDES. Mas isso ainda precisa ser formalizado pelas fontes que consultamos”, disse Aline.

Sem riscos

Durante o lançamento da nova linha, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, ressaltou que os produtores que têm a receita atrelada à venda internacional não correm risco ao fazer a operação dolarizada.

“Essa é uma nova forma de financiar o agro exportador, é um modelo inteligente, que não pesa nos cofres públicos e dá competitividade aos nossos produtores”, avaliou.

As demais linhas de crédito, com equalização de juros pelo Tesouro, continuarão sendo oferecidas para produtores que não tenham receita atrelada ao dólar.

“Quem produz leite, feijão, arroz, terá que ter linhas de crédito em reais. E, para isso, vamos estruturar novas linhas, inclusive com a participação do Tesouro”, disse o ministro.