Novo bioinsumo aumenta produtividade das lavouras de cana-de-açúcar em até 20%

Duas bactérias identificadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em seu banco de microrganismos, capazes de aumentar a absorção de fósforo pelas plantas, mostram ganhos comprovados na cultura da cana-de-açúcar.
O incremento de produtividade, segundo dados da pesquisa da Embrapa, chega a 20% com o primeiro inoculante solubilizador de fósforo desenvolvido no País com recomendações agronômicas validadas para a cultura da cana-de-açúcar, identificado como Omsugo ECO. O novo bioinsumo promove a redução da aplicação de adubos fosfatados, resultando em ganhos econômicos e mais sustentabilidade ambiental e está sendo comercializado pela multinacional Corteva Agriscience
As duas cepas de bactérias que deram origem ao inoculante – Bacillus subtilis (CNPMS B2084) e Bacillus megaterium (CNPMS B119) – foram selecionadas a partir dos acessos da Coleção de Microrganismos Multifuncionais e Fitopatógenos (CMMF) da Embrapa Milho e Sorgo (MG). “Esse acervo tem enorme potencial em oferecer soluções para o aumento de produtividade de diversas culturas agrícolas, com foco em sustentabilidade e descarbonização da agricultura”, enfatiza a chefe-adjunta de Transferência de Tecnologia da Embrapa Milho e Sorgo, Myriam Maia Nobre. A coleção possui 11 mil registros.
De acordo com a pesquisadora líder da equipe desenvolvedora do estudo, Christiane Paiva, as cepas dessas bactérias, a partir de mecanismos distintos, promovem maior crescimento das raízes e solubilização do fósforo absorvido no solo. “Realizamos pesquisas com foco na cultura da cana, definindo as doses e quais seriam as recomendações de uso do inoculante Omsugo ECO para buscarmos o melhor custo-benefício para o produtor rural. Tivemos relatos de ganhos médios de cerca de 12 toneladas por hectare nas áreas onde os produtores realizaram testes com o produto, se comparadas com áreas sem aplicação”, reforça.
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Experimentos conduzidos no ano agrícola 2020/2021 pela Embrapa e pela Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana) em três áreas produtoras brasileiras comprovam a eficiência do Omsugo ECO nessa cultura, que é fornecedora de matéria-prima para um setor de alta importância estratégica e econômica para o País.
O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, com 572,8 milhões de toneladas produzidas para a atual safra 2022/2023, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Desempenho
Os cientistas avaliaram os três mais importantes índices relacionados ao desempenho de uma lavoura de cana-de-açúcar: toneladas de cana por hectare (TCH) que mede a produtividade; açúcar total recuperável (ATR), indicador que representa a capacidade da cana de ser transformada em açúcar ou álcool; e toneladas de açúcar por hectare (TAH).
A maior média de produtividade observada coincidiu com a parcela que recebeu a maior dose do inoculante líquido do Omsugo ECO. “A produtividade em TCH foi 20% superior ao tratamento que não recebeu aplicação do inoculante ou adubo fosfatado”, relata o pesquisador Geraldo de Almeida Cançado, da Embrapa Agricultura Digital, que conduziu os estudos na cultura da cana.
No mercado, é crescente a demanda por produtos biológicos. “Isso deve continuar assim nos próximos anos. O novo produto vem ao encontro da demanda e da expectativa dos produtores de cana-de-açúcar na busca por soluções inovadoras sustentáveis. O foco dessa solução é fazer uso do fósforo retido no solo e, ao mesmo tempo, melhorar significativamente no aproveitamento da adubação fosfatada, contribuindo para um salto em produtividade e longevidade do canavial”, informa o líder de Marketing de Cana da Corteva Agriscience, Rodrigo Takegawa. (Embrapa)
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