Agronegócio

Ração contaminada: morte de cavalos sobe para 284 e Mapa mantém interdição da Nutratta

Investigações conduzidas pela pasta indicam que a contaminação teve origem em falhas no controle de matérias-primas, com a presença de resíduos de plantas do gênero Crotalaria
Ração contaminada: morte de cavalos sobe para 284 e Mapa mantém interdição da Nutratta
Foto: Divulgação Osmar Henrique

O Ministério da Agricultura e da Pecuária (Mapa) informou, nesta quarta-feira (23), que o número de cavalos mortos após o consumo de rações da empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda subiu para 284. Minas Gerais está entre os estados que registram mortes de equinos, junto a São Paulo, Rio de Janeiro e Alagoas.

A pasta também pontuou que a decisão judicial que permitia, de forma parcial, a retomada da produção e comercialização de rações não destinadas a equídeos foi revogada. Com isso, volta a valer a suspensão cautelar imposta pelo Mapa, que proíbe a fabricação de rações para todas as espécies animais.

A interdição segue vigente até que a empresa comprove a correção de todas as irregularidades apontadas pela fiscalização, o que ainda não ocorreu, de acordo com o ministério. 

Substância tóxica presente na ração 

As investigações conduzidas pelo Mapa indicam que a contaminação teve origem em falhas no controle de matérias-primas com a presença de resíduos de plantas do gênero Crotalaria, que contêm alcaloides pirrolizidínicos como a monocrotalina, uma substância hepatotóxica e proibida na formulação de rações. Conforme a pasta, a substância altera o DNA celular e causa danos ao fígado dos animais, com efeitos que variam conforme a dose, o tempo de exposição e as condições clínicas dos equinos.

O ministério ainda aguarda o resultado de análises de outros lotes de ração e de matérias-primas utilizadas na produção. A pasta afirmou que seguirá apurando o caso e que manterá a sociedade informada.

Entenda o caso

O Mapa recebeu, em 26 de maio, uma denúncia via plataforma Fala.BR relatando mortes de cavalos no interior de São Paulo. Quatro dias depois, fiscais estiveram em uma propriedade em Elias Fausto (SP) e identificaram suspeita de contaminação na ração fornecida aos animais.

Inspeções realizadas entre os dias 2 e 4 de junho na fábrica da Nutratta revelaram falhas nos processos de produção e controle de qualidade. Novas denúncias foram registradas e, em todos os casos investigados, os equinos que adoeceram ou morreram consumiram produtos da empresa. Já os animais que não ingeriram a ração permaneceram saudáveis, mesmo quando alojados nos mesmos ambientes.

Em 25 de junho, laudos laboratoriais confirmaram a presença de monocrotalina nos produtos. A partir disso, o Ministério determinou a suspensão imediata do consumo das rações da Nutratta, instaurou processo administrativo, manteve a interdição e iniciou o recolhimento dos lotes contaminados.

O que diz a Nutratta

O Diário do Comércio entrou em contato com a Nutratta sobre o assunto e aguarda retorno.

Quando houve o recolhimento dos lotes de rações pelo Mapa, a empresa se pronunciou sobre o caso. Na época, a empresa informou que estava realizando investigações de campo para esclarecer os fatos e que estava colaborando integralmente com os trabalhos da pasta.

“A Nutratta está tratando os fatos com extrema seriedade e se solidariza com todos os criadores que foram impactados nesse momento difícil”, declarou a empresa na época.

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