Agronegócio

Nutrição animal: substitutos podem aliviar custos de suinocultores

Nutrição animal: substitutos podem aliviar custos de suinocultores
CRÉDITO: ARQUIVO

O aumento da demanda mundial por grãos, como o milho e a soja, alavancou os preços desses insumos em mais de 50% ao longo de 2020, o que vem comprometendo a margem de lucro dos suinocultores, uma vez que estes grãos respondem por cerca de 50% do custo de produção. Com um início de ano marcado por uma queda média de 20% nos preços do suíno vivo, a busca por alternativas mais acessíveis para alimentar o rebanho pode ser uma saída para reduzir os custos e garantir margem de lucro.

O especialista em nutrição sênior de suínos da Vaccinar, Matias Appelt, explica que o cenário atual é de aumento dos preços da matéria-prima, o que acaba impactando bastante os custos, e de queda no valor do suíno.

“O impacto do custo da ração é muito visível na produção. Hoje, no custo de produzir um suíno, cerca de 70% é voltado para alimentação, por isso, o impacto é muito grande. Em uma média geral, o milho e farelo de soja, que são a base da nutrição animal, respondem por cerca de 50% do custo de produção de um quilo de suíno. Esta continuidade na valorização das commodities e de desvalorização do preço do suíno impacta muito e é importante buscar alternativas para reduzir o custo da ração”, avalia.

Ainda segundo Appelt, uma das alternativas é buscar substitutos para o farelo de soja e para o milho. Dentre as opções, podem ser usados alguns cereais, produtos residuais da indústria alimentícia e aditivos.

Sorgo – No caso do milho, que é um alimento energético, a substituição pode ser parcial ou total, dependendo do ingrediente a ser adotado e das recomendações feitas pela equipe técnica da fazenda, que deve elaborar um novo procedimento de preparo da alimentação. Entre os substitutos que possuem menor valor de mercado está o sorgo, que tem maior oferta e já é conhecido em Minas Gerais.

“O uso do sorgo está atrelado também à disponibilidade, que pode ser sazonal e regional. Os preços ficam em torno de 60% a 70% do valor do milho. É uma boa opção em Minas, que já produz”, diz.

Além do sorgo, resíduos da indústria de alimentação, como o farelo de macarrão e de bolacha, também podem ser utilizados. “Vale ressaltar que a oferta desses produtos também está menor e os preços subiram, mas ainda são mais em conta do que o milho”, afirma.

Outros produtos que podem ser adotados são o milheto, farelo de arroz integral, farelo de trigo e farelo de arroz desengordurado, quirera de arroz.

“Ao optar pela substituição, o produtor precisa fazer a avaliação da qualidade para definir a entrada na dieta. Também é necessário reajustar toda a formulação para que a substituição seja feita de forma correta e traga bons resultados. Além disso, a mudança precisa ser parcial e gradual. A troca bruta pode impactar o desempenho do suíno”, explica Appelt.

Já para a substituição do farelo de soja, podem ser adotados ingredientes alternativos protéicos, como os farelos de algodão, farelo de canola, farelo de girassol e grão seco de destilaria (DDG). Alguns produtos de origem animal, como farinha de ossos e de vísceras, que são subprodutos das indústrias alimentícias, também apresentam boa viabilidade.

“Mesmo com os preços mais elevados, os substitutos podem ser viáveis para a redução dos custos. Mas é importante que toda a substituição seja feita com cautela e acompanhamento de um nutricionista. Também é importante avaliar em quais fases as mudanças podem ser aplicadas e definir uma dieta para cada uma delas”, destaca.

Aditivos – Além dos macroingredientes, Appelt  explica que alguns aditivos como as enzimas também podem ser adotados para reduzir a inclusão do farelo de soja e do milho na formulação da ração. Entre elas estão a fitase, proteases, carboidrolases e lipases. O uso gera melhorias na digestibilidade. Além disso, favorecem a inativação de fatores antinutricionais presentes nos ingredientes, com efeitos secundários sobre a integridade do trato gastrointestinal.

“As estratégias podem ser combinadas para atender à demanda da produção, para a redução de custo com as fórmulas e para manter o desempenho do animal. O objetivo da substituição é reduzir custos, sem alterar a produção animal, o que é possível quando o processo é bem manejado e acompanhado”, conclui o especialista.

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