País deve ter recorde de embarques de soja em março

3 de março de 2021 às 0h25

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Somente no porto de Paranaguá, são 50 navios previstos para embarque em março, contra 32 de um ano atrás | Foto: Ivan Bueno/APPA

São Paulo – Com a forte demanda pela soja do Brasil, a programação para embarques em março aponta para um volume de cerca de 15 milhões de toneladas, considerando o número de navios no line-up de exportações de cerca de 250 embarcações, um crescimento de mais de 40% na comparação com o número visto no mesmo período do ano passado, segundo dados da agência marítima Cargonave.

Se todo esse volume fosse embarcado, o Brasil até poderia superar o recorde histórico de exportações em um só mês, de cerca de 14,85 milhões de toneladas, registrado em abril de 2020, segundo dados do governo. Mas os desafios logísticos são grandes, especialmente em uma temporada chuvosa como esta, o que atrasa o carregamento da soja do campo até os portos, segundo especialistas.

“Apesar do atraso na colheita, já existe volume suficiente colhido para exportar 15 milhões de toneladas, ainda mais considerando que a colheita tende a avançar bem nas próximas semanas. A questão é se vamos conseguir transportar toda essa soja até os portos. Vai depender muito do clima. Março começou super chuvoso em diversos estados”, disse a analista Daniele Siqueira, da consultoria AgRural.

A AgRural apontou que, até a semana passada, o ritmo de colheita seguia na velocidade mais lenta em dez anos e que o País havia colhido um quarto de sua safra até a última quinta-feira.

Isso teve impacto nos embarques de fevereiro, que caíram cerca de 40% ante o mesmo período do ano passado, para quase 3 milhões de toneladas, o que resultou em uma fila maior para exportações em março.

Para Aedson Pereira, da IHS Markit, “sair tudo” que está na programação é “impossível” devido às complicações geradas pelas chuvas.

Ainda assim, ele afirmou que as exportações em março devem ser um recorde para este mês, marcando o início do período no ano em que os embarques no maior produtor e exportador global passam a ser mais fortes – as expectativas de exportações totais do País no ano superam 80 milhões de toneladas.

Em março do ano passado, os embarques brasileiros atingiram uma máxima histórica de 10,85 milhões de toneladas.

O porto com mais navios previstos para março é o de Santos, o principal para embarques de soja do Brasil, com mais de 70, segundo dados da Cargonave, enquanto no mesmo período do ano passado a expectativa era de 58 navios.

Pico de safra – Em Paranaguá (PR), são 50 embarcações, versus 32 previstas para o mesmo mês do ano passado, segundo a Cargonave.

Diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia disse à Reuters que, para os próximos dias, Paranaguá tem sete navios em condição de atracar, já com todas as liberações e carga contratada.

Ele mencionou que outros nove navios estão ao largo, aguardando indicação de programação, e outras 22 embarcações ainda não têm toda a carga programada e não são considerados prontos para entrar na fila do porto – essa metodologia visa evitar problemas logísticos.

“Os que esperam são os que ainda não têm toda a carga para atracar… visando garantir as boas condições logísticas”, explicou.

No que diz respeito ao volume de soja no porto, ele disse que, com a colheita ganhando ritmo, os armazéns estão enchendo. “Começamos a receber a pleno vapor, o nosso pátio de caminhões estava com movimento baixo, e a média em pico de safra são mais de 2 mil caminhões por dia, isso já temos, além de um número expressivo de vagões”, declarou, lembrando que o movimento aumentou na última semana.

Chuvas – Garcia concordou que as chuvas podem limitar a velocidade dos embarques, contudo, já que paralisam as operações.

“Nos últimos 15 dias, tivemos dez dias com chuva. Nos primeiros sete, não afetou tanto, mas começa a retardar um pouco o embarque mais intenso”, disse ele, ponderando que esse tipo de situação é relativamente normal em Paranaguá, que lida com mais de cem dias chuvosos por ano.

A programação de embarques de soja também é intensa em Itaqui, no Maranhão, com 28 embarcações, o dobro do visto no ano passado. Em Barcarena, no Pará, são 30 navios previstos para março, versus 19 no mesmo período do ano passado.

O porto de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, tem quase o dobro de navios programados do que na mesma época do ano passado, somando cerca de 15. (Reuters)

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