Conab prevê safra recorde de grãos para 2021/22

A produção brasileira de grãos na safra 2021/22 deve crescer 14% e atingir o volume recorde de 289,6 milhões de toneladas. A demanda interna e as exportações aquecidas, atreladas aos preços valorizados, são fatores que irão impulsionar a produção nacional.
Conforme as Perspectivas para a Agropecuária Safra 2021/22 – Edição Grãos, divulgadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ontem, a alta será puxada pela manutenção do ótimo desempenho da soja e boa recuperação do milho e algodão, que deverão registrar fortes quedas este ano.
O estudo da Conab aponta para a manutenção de preços em patamares remuneradores para as principais culturas, mesmo com os desafios enfrentados no campo, como o clima e também os efeitos da pandemia de Covid-19.
De acordo com a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina, traçar perspectivas para a produção de grãos é importante para toda a cadeia do agronegócio.
Com a análise de dados feita pela equipe da Conab, o produtor e demais envolvidos na produção têm informações para tomar decisões mais assertivas para a safra. Os estudos da Conab envolvem tendências e panorama dos mercados internos e externos, estoques, produções, fatores climáticos, entre outros.
“O levantamento é importante e precisa ser cada vez mais aprimorado. As informações são fundamentais para os produtores, principalmente, para os médios, que terão informações seguras para a tomada de decisão desde o plantio até a venda da safra. Conhecer os números que temos do mercado interno e externo é fundamental. Seguimos monitorando a retomada da economia pós-Covid-19 e a tendência de demanda interna e externa”, disse a ministra.
Com a perspectiva de preços e demanda firmes, a safra de grãos tende a ser recorde, com alta de 14% e um volume colhido de 289,6 milhões de toneladas. Por mais um ano, o destaque de produção deve ser a soja.
A estimativa é de um aumento de 3,6% na área a ser plantada com a soja, que vai atingir 39,9 milhões de hectares. A produtividade média estimada está em 3,5 toneladas por hectare, variação positiva de 0,29%. A estimativa de produção é de 141,26 milhões de toneladas, 3,9% a mais que em 2020/21.
Em relação às exportações, com a estimativa de aumento da demanda chinesa e o câmbio elevado em 2022, os embarques devem passar de 83,42 milhões de toneladas em 2021 para 87,58 milhões de toneladas em 2022.
De acordo com o gerente de Produtos Agrícolas da Conab, Fernando Motta, fatores importantes estimulam a maior produção da oleaginosa. “Os preços internacionais da soja se mantiveram elevados neste ano. Além disso, o câmbio tende a se manter atrativo e a expectativa é de aumento nas exportações e esmagamentos em 2022. A boa rentabilidade em 2021 pode ser repetida em 2022”, explicou.
Milho
Para a safra 2021/22 também é esperada recuperação da produção de milho, que na safra 2020/21 foi bastante prejudicada pelas condições climáticas desfavoráveis, como o atraso das chuvas, estiagem prolongada e geadas. Nesse cenário, os preços médios no Brasil apresentaram uma alta superior a 100% em um intervalo de doze meses.
Com oferta ajustada, preços elevados e demanda forte é esperado um aumento do interesse em plantar o cereal na safra 2021/22. De acordo com a Conab, para 2021/22 a tendência é de que a produção do cereal chegue a 115,9 milhões de toneladas, um avanço de 33,8% sobre 2020/21. A produtividade deve ficar em 5,63 toneladas por hectare, ante 4,4 toneladas registradas na safra anterior, incremento de 27,9%. A tendência é de um aumento de 3% na área de cultivo, podendo chegar a 20,6 milhões de hectares.
Em relação aos preços, mesmo com a estimativa de maior produção, os preços se manterão em patamares elevados, não atingindo novos recordes, porém também não voltando aos patamares de um ano atrás.
“É esperada demanda aquecida pelo milho, que será estimulada pela recuperação da economia com o controle da pandemia de Covid-19. É importante lembrar que os custos de produção permanecerão altos e os preços também. A estimativa é de um quadro melhor de preços em relação à situação que temos hoje, mas não voltarão aos patamares de um ano atrás”, disse o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), José Ronaldo Souza Júnior.
Plantio de algodão deve voltar a crescer
Na safra 2020/21, devido às incertezas em relação à pandemia da Covid-19, ao atraso no plantio da soja e à boa rentabilidade do milho, a área destinada ao algodão caiu cerca de 18% em relação à safra 2019/20. Agora, para a safra 2021/22, é esperada elevação de 13,4% na área plantada, que pode chegar a 1,6 milhão de hectares.
A produção de algodão também será maior, alcançando cerca de 2,71 milhões de toneladas, 15,8% a mais. A produtividade média estimada é de 1,7 tonelada por hectare, 2,1% superior.
Segundo a Conab, o déficit na produção global do algodão previsto para o período, a recuperação da demanda com o controle da pandemia, o dólar valorizado e a menor oferta da safra brasileira de algodão 2020/21 contribuirão para preços domésticos e, consequentemente, boa rentabilidade ao produtor.
“Entre os fatores que irão contribuir para a elevação da área plantada com algodão estão os preços elevados, o dólar valorizado e a antecipação de vendas feitas pelos produtores. Porém, o aumento não será mais expressivo, a ponto de chegar ao mesmo patamar antes da pandemia, devido à competição com o milho, que vai se manter valorizado com a demanda alta”, explicou o gerente de Alimentos Básicos e Culturas Perenes da Conab, Bruno Nogueira.
Feijão
Em 2020/21, a safra de feijão também foi prejudicada pelo clima, que causou um recuo de 8,8% na produção, somando 2,9 milhões de toneladas. Para a safra 2021/22, as estimativas são favoráveis. A tendência é chegar a uma safra de 3,17 milhões de toneladas, alta de 5,65%. O ganho virá da produtividade, alta de 5,65% e 1,08 tonelada por hectare, uma vez que a área ficará estável em 2,9 milhões de hectares.
De acordo com os dados da Conab, apesar da expectativa inicial ser de manutenção da área de feijão, há possibilidade de reduções pontuais da área de plantio dadas as boas rentabilidades da soja e do milho. A produção segue bem ajustada à demanda e deverá continuar proporcionando boa rentabilidade ao produtor.
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