Países devem estimular consumo

A queda de preços mundiais do café e o desequilíbrio econômico provocado na cadeia produtiva têm despertado a atenção dos representantes da cafeicultura mundial. Dentre os principais países produtores do grão, o Brasil e a Colômbia se reuniram em busca de soluções para enfrentar o cenário e uma das ações que deverá ganhar força é o estímulo ao consumo do café em países produtores e nos mercados emergentes. Ainda neste mês, haverá uma semana de reuniões da Organização Internacional do Café (OIC), em Londres, onde os países produtores buscarão apoio.
De acordo com o comunicado divulgado após a reunião entre os representantes da cafeicultura colombiana e brasileira, na atualidade, os preços internacionais do café estão abaixo dos custos de produção, comprometendo a sustentabilidade econômica e a sobrevivência de 25 milhões de famílias cafeeiras no mundo.
O diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) e presidente das Comissões de Cafeicultura da Faemg e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Breno Mesquita, explica que a grande preocupação do setor produtivo são os preços do café em queda e insuficientes para cobrir os custos na maioria das regiões produtoras, incluindo as regiões montanhosas de Minas Gerais, por exemplo.
“A grande preocupação são os preços declinantes que hoje não cobrem o custo de produção da grande da maioria dos países produtores do café arábica. A Colômbia, o México, os países da América Central, África, Ásia e o Brasil estão todos com custos superiores aos preços recebidos. Chegamos a um ponto que é preciso ser feita alguma coisa. Discutimos as possibilidades e é unânime que um dos pontos importantes é estimular o aumento de consumo de café no mundo, principalmente, nos países produtores que, com exceção do Brasil, que consome 40% da produção, não têm esse mesmo desempenho e exportam”, explicou.
Para que o consumo do café seja estimulado nos países produtores e emergentes é essencial que seja feito um estudo, levantando ações que possam ser implantadas para aumentar o consumo, de forma agressiva, rápida e com atores que realmente conheçam o assunto, como o Brasil e a Colômbia.
“Precisamos de pessoas que tenham expertise no assunto, para que essa política se reverta em dados positivos para o produtor em curto prazo. Precisamos de uma solução rápida e o fórum apropriado para isso é a OIC. Tendo um brasileiro como secretário-geral da OIC, em tese, a gente entende que ele terá muito mais sensibilidade para perceber esta necessidade. Nossa ideia é que, neste mês, durante a reunião da OIC, em Londres, haja uma proposta conjunta para que a prioridade seja o aumento do consumo e outros pontos. Mas o crucial é aumentar o consumo”.
Ainda de acordo com Mesquita, o consumo de café no Brasil cresce em torno de 3% a 3,5% ao ano e no mundo o índice varia entre 1,5% e 2% ao ano.
“Nos países produtores, com exceção do Brasil, o consumo é um detalhe e precisamos aprimorar esse consumo. Por isso, é importante o esforço conjunto. Senão, perderemos um projeto que tem tudo para dar certo”.
Tradicional – Além de continuar estimulando a demanda pelo café especial em países que já consomem a bebida, Mesquita ressalta que existem economias em países africanos e da América Central que não têm os recursos e o poder aquisitivo que outros países têm para o mercado dos cafés especiais. Por isso, também é importante aumentar o consumo do café tradicional. Ao elevar a demanda interna pelo grão nos países produtores haveria uma melhora no percentual de consumo mundial, promovendo um melhor equilíbrio entre a oferta de café e a demanda.
“A minha visão disso é que precisamos aumentar o consumo de café. Óbvio que quem opta por consumir mais café, naturalmente, vai buscar por produtos de melhor qualidade, independente de ser café arábica ou conilon. O importante é que o consumo de café aumente nestes países que não têm percentual adequado de demanda interna e são produtores. Acredito que é uma saída firme, coerente e importante, porque teríamos uma produção crescente e o consumo proporcional. Isso é fundamental para que os preços pagos pelo café sejam justos e remunerem o cafeicultor”, disse Mesquita.
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