Agronegócio

Pastagens apícolas transformam semiárido

Plantio de árvores vem modificando a vida de pequenos produtores do Norte de MG; eles agora produzem mel
Pastagens apícolas transformam semiárido
Em São João da Ponte, Cleuza de Jesus está feliz da vida | Crédito: Divulgação

Uma novidade está mudando o semiárido mineiro. A apicultura transformou-se em uma das grandes alternativas para os pequenos produtores de várias cidades do Norte de Minas Gerais. Com a valorização nos mercados interno e externo, o mel torna-se uma oportunidade para os pequenos produtores rurais no seminárido.

Somente o produto procedente da florada da aroeira, que vem sendo um dos mais procurados e valorizados, tem, em média, 400 toneladas produzidas por ano, segundo a Cooperativa dos Apicultores e Agricultores Familiares do Norte de Minas (Coopemapi). Na região, ainda são produzidos outros tipo de meles como silvestres, eucalipto, cipó uva, entre outros.

O Norte de Minas vem se destacando na produção apícola pelo trabalho dos próprios produtores rurais, que contam com ações, treinamento e assistência do Sistema Faemg Senar. Atuando com planejamento e melhores técnicas, eles passaram a adotar estratégias para valorizar a propriedade rural de acordo com o objetivo proposto.

Um desses exemplos, Cleuza de Jesus Antunes, de São João da Ponte. Ela recebeu assistência técnica por meio do Programa AgroNordeste e mudou o foco da propriedade rural onde mora. Com dificuldades de plantio na roça, nas culturas de milho e feijão, por exemplo, ela passou a plantar árvores frutíferas e típicas do cerrado com o objetivo de alimentar e proteger as abelhas, e a atividade vem dando retorno financeiro. Onde era pasto para o gado, agora é pastagem apícola.

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“Reflorestamos parte do antigo pasto para plantio de espécies que a própria abelha pode usar para fabricar diferentes tipos de meles, Árvores frutíferas foram plantadas na beira do rio e nos quintais das casas de todo a comunidade. Já nas regiões de mata seca, plantamos jatobá, aroeira, anjico, ipê, entre outras espécies”, conta a apicultora.

Antes de ser apicultora, Cleuza ficava de três a quatro meses fora da cidade, trabalhando na colheita de café, no Sul de Minas. Com isso, quase nada se desenvolvia na fazenda, chegando, até mesmo, a dar prejuízo. Mesmo após o fim das viagens a trabalho, Cleuza tinha dificuldades para fazer a propriedade prosperar. Com dedicação total à apicultura, ela transformou o cenário da fazenda junto aos vizinhos da Comunidade João Moreira, que já plantaram cerca de 20 mil mudas de árvores nos últimos anos.

“Com o trabalho que fizemos, já vemos resultado na florada das abelhas. No espaço do meu apiário, não tiro nada da mata original. Não tenho mais vontade de desmatar para plantar porque a apicultura está dando certo, e isso me anima. É impossível criar abelhas sem árvores. A conscientização aqui na comunidade foi tão grande que a maioria dos produtores migrou para a apicultura”, conta ela.

Fazenda em Porteirinha trocou pasto por árvores frutíferas | Crédito: Divulgação

Porteirinha

Com grande capacidade produtiva de leite e derivados, a produção rural de Porteirinha também vem se desenvolvendo para a apicultura. Maurício Ribeiro dos Santos vem trabalhando juntamente com o pai, Mauro Ribeiro, para tornar a fazenda 100% apícola. O plantio de novas espécies de árvores tem sido um dos pontos de destaque da estratégia.

“Reflorestamos toda a propriedade, retirando a maior parte de pasto, que deu lugar para novas floradas de aroeira, ipê, jacarandá e algaroba. O reflorestamento é essencial para alimentar as abelhas e estamos criando pastagem apícola para seguir evoluindo na nossa atividade”, conta, satisfeito, Maurício Ribeiro.

A produção de forma profissional e focada, que também é acompanhada pelo AteG AgroNordeste, está no início e virou o xodó da família. Ele já deixou o trabalho em outra cidade para retornar ao Norte de Minas e dedicar-se ao apiário na propriedade rural. Maurício e o pai já celebraram a produção média, no último ano, de sete toneladas de mel. Ele acredita que as ações realizadas com auxílio técnico, aliadas ao processo de manutenção e recuperação da flora fizeram toda a diferença.

O processo de reflorestamento começou com mudas de ipê e, ao todo, foram plantadas mais de 500 mudas na propriedade para ajustar o reflorestamento e também servir como pasto apícola para as floradas de abelha, o que ajuda diretamente na produtividade.

“Hoje, nossa renda vem totalmente da apicultura”, esclarece ele. Ele vai mais além. O apicultor está testando a florada de algaroba, que teve grande floração neste ano e também serviu de estudo para iniciar a captura de abelhas sem ferrão. “Serve como teste e também preservação das espécies. Além disso, iniciamos parceria com o viveiro municipal de mudas para doação de aroeira”, acrescenta o apicultor. O mel da florada desta árvore tem despertado grande importância no mundo. (Sistema Faemg Senar).

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