Pecuaristas vão a Brasília contra importação

Frear a importação de leite pelo Brasil. E com esse objetivo que produtores de todo País vão à Brasília, na próxima quarta-feira (16), para o Encontro Nacional de Produtores de Leite. A reunião vai ser na Câmara dos Deputados, a partir das 14 horas. Os pecuaristas querem alertar o governo federal e toda a sociedade sobre os problemas que a cadeia de lácteos vem enfrentando no Brasil.
Dados do Agrostat/Mapa indicam que, no primeiro semestre deste ano, o Brasil importou o equivalente a mais de 1 bilhão de litros de leite. O volume do produto estrangeiro que chega ao Brasil neste período supera em quase 300% quando comparado ao mesmo período de 2022. O aumento da disponibilidade da matéria-prima, a custos inferiores ao produto nacional, tem pressionado toda a cadeia.
Para o leite entregue em julho, por exemplo, a ser pago em agosto deste ano, o Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado de Minas Gerais (Conseleite-MG) aponta uma queda de 3,1% no preço pago ao produtor. O cenário, de acordo com o vice-presidente de Finanças do Sistema Faemg Senar, Renato Laguardia, pode resultar no esvaziamento total da cadeia de lácteos em Minas e no Brasil.
“É altamente prejudicial aos produtores de leite, porque está entrando leite importado com alíquota zero, principalmente do Mercosul e que não sabemos de fato qual a origem desse leite, se é só de países do Mercosul ou se outros países estão fazendo algum tipo de dumping com Argentina e Uruguai”, detalhou.
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A cobrança zerada sobre o leite importado gera uma pressão interna sobre os produtores de leite brasileiros que estão perdendo receita e renda, segundo o vice-presidente. “É uma importação predatória porque acaba abaixando muito o preço do leite para o produtor que está parando seu trabalho, passando para outras atividades da agropecuária ou até mesmo vendendo suas propriedades e desestabilizando toda uma cadeia que hoje está presente em quase todos os municípios do estado. Minas Gerais hoje é o maior produtor de leite do país, e é quem mais vai sentir os impactos dessa crise”, lamentou Laguardia.
Para ele, o governo federal deve rever as alíquotas de importação aplicadas nas negociações envolvendo os lácteos, além da realização de um pente-fino na origem do leite que tem sido comprado junto ao Mercosul. “Hoje, as importações já correspondem a 10% ou mais da nossa produção total, anteriormente era 2%, 3%. Houve um aumento considerável com uma enxurrada de leite estrangeiro no Brasil. Precisamos travar essas importações”, concluiu Laguardia.
“O produtor brasileiro tem uma imposição de regras, custos e exigências legais para produzir leite. Tanto nos aspectos técnico e ambiental quanto nos aspectos econômico e sanitário. O nosso questionamento é se os produtores de outros países têm essas mesmas características e exigências que o produtor brasileiro tem. É uma concorrência desleal, desequilibrada”, lamenta o presidente da Comissão Técnica da Pecuária de Leite da Faemg, Jônadan Ma.
Encontro
O Encontro Nacional de Produtores de Leite é liderado pela Frente Parlamentar de Apoio ao Produtor de Leite, junto à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Organização das Cooperativas do Brasil, Abraleite e mais 15 entidades de classe.
Faemg reúne-se com ministro Fávaro
Representantes do Sistema CNA e o Sistema Faemg Senar participaram ontem de uma reunião com o ministro da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro, para tratar justamente sobre o impacto para o setor lácteo brasileiro com o aumento expressivo das importações de leite em pó.
Na reunião, estiveram presentes o vice-presidente de Finanças da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Renato Laguardia; o assessor técnico da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Guilherme Dias, e o deputado federal Diego Andrade (PSD/MG), que solicitou a audiência.
Os participantes mostraram ao ministro que esse aumento na importação de leite em pó traz impactos negativos na competitividade e afeta todos os produtores rurais, principalmente porque alguns países aplicam subsídios diretos à produção, o que traz distorções ao mercado e torna a concorrência desleal com os produtores do Brasil.
De acordo com os participantes, o ministério se comprometeu a adotar medidas já nas próximas semanas. “O ministro disse que atuará de maneira consistente para rever a situação das importações e em prol de nossos produtores”, disse Laguardia após a reunião. (Com informações da Faemg)
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