Agronegócio

Peixamento busca aliviar danos de tragédia da Vale

Peixamento busca aliviar danos de tragédia da Vale
Empresa realizou, em abril, a soltura de 15 mil juvenis das espécies curimatã-pacu e matrinxã em trecho do rio Paraopeba em Esmeraldas | Crédito: Divulgação/Codevasf

O rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão da Vale, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), que causou a morte de 270 pessoas, também provocou danos ao habitat e à ictiofauna de rios e córregos atingidos pelos dejetos da barragem. Para mitigar os efeitos do desastre ambiental na região, este ano, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) iniciou o peixamento na bacia do rio Paraopeba, em Esmeraldas.

Com o peixamento – que deve ser constante para gerar resultados -, é esperado aumento da oferta de peixes nativos na bacia, o que também é importante para a sobrevivência das famílias ribeirinhas e desenvolvimento do comércio, da economia e do turismo da região.

De acordo com os dados da Codevasf, Esmeraldas foi escolhido por ter sido um dos municípios mais afetados. Em abril, a empresa realizou a soltura de 15 mil juvenis das espécies curimatã-pacu e matrinxã, em trecho do rio Paraopeba, na zona rural de Esmeraldas.

O biólogo da Codevasf Yoshimi Sato explica que o peixamento busca aliviar os efeitos da tragédia ambiental na região, ocorrida em 2019, que provocou danos ao habitat e à ictiofauna de rios e córregos, dentre outras consequências.

“O peixamento que realizamos introduz espécies nativas nas bacias. A ação tem várias intenções. Primeiro, trabalha-se em busca da conservação da ictiofauna que sofreu um impacto muito grande. O peixamento é também uma ação de revitalização e mitigação de ações negativas. Além do rompimento da barragem, nos últimos anos a condição hídrica piorou e, sem as grandes cheias, que são fundamentais para a reprodução dos peixes, o estoque pesqueiro vem sofrendo declínio”, disse.

Segundo a Codevasf, os alevinos usados no peixamento foram produzidos no Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Três Marias, unidade de pesquisa da empresa localizada no município de Três Marias.

Parcerias pela continuidade

Sato explica que o peixamento é importante para a recuperação das bacias, mas deve ser um trabalho continuado. A Codevasf, apesar dos esforços e de toda a tecnologia desenvolvida ao longo de muitos anos, tem capacidade reduzida de promover ações maiores e mais abrangentes. Por isso, a formação de parcerias com empresas privadas é considerada importante para ampliar a produção de alevinos e os peixamentos em várias regiões.

Em Esmeraldas, a Codevasf está em processo de negociação de parceria com a Fundação Educacional Caio Martins (Fucam). Caso firmado o acordo, as expectativas são positivas e haverá ampliação da produção de alevinos, o que favorece os peixamentos.

“Este peixamento que foi feito no Paraopeba vai ser continuado, senão não resolve o problema. Há algumas décadas, a gente já havia liberado peixes na bacia. Paramos porque nossas ações têm limitações. Nossa unidade é pequena e tem produção de alevino limitada. A ideia de formar parcerias público-privadas é interessante para aumentar o potencial de produção. Temos conhecimento e tecnologia desenvolvida há muitos anos e temos condições de atuar junto com parceiros para recuperação ambiental dentro das bacias e com peixes nativos”, disse Sato.

Além de Esmeraldas, o Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Três Marias realizou em 2021 a soltura de 118 mil alevinos das espécies curimatã-pacu, matrinxã e pacamã nos municípios de Três Marias, Patos de Minas, São João da Lagoa, Nova Porteirinha, Janaúba, Piumhi e Monte Azul.

“O peixamento, além de contribuir para o aumento das espécies nativas, também tem uma importância social e econômica muito grande. Com a maior oferta de peixes, a população ribeirinha é favorecida, há estímulo para a pesca esportiva e para o turismo, que movimenta a economia dos municípios envolvidos”, explicou Sato.

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