Agronegócio

PIB do agronegócio de Minas fecha 2021 com expansão de 18%

Retração de 8,4% no volume produzido foi compensada pela escalada de preços no mercado mundial
PIB do agronegócio de Minas fecha 2021 com expansão de 18%
Com 7 milhões de toneladas colhidas, a soja foi o único dos principais produtos agropecuários mineiros a registrar elevação no volume em 2021 | Crédito: Divulgação

O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio mineiro saltou de R$ 150 bilhões, em 2020, para R$ 177,1 bilhões, em 2021, o que corresponde a uma variação positiva de 18%. Os resultados, divulgados ontem pela Fundação João Pinheiro (FJP), refletem, principalmente, a valorização dos preços na cadeia produtiva da agricultura, pecuária e produção florestal. 

A vantagem propiciada pelos preços foi expressiva, de forma que a queda de 8,4% no volume de produção não afetou diretamente os valores movimentados pelo agronegócio em Minas Gerais. Como principal exemplo, a lavoura de café produziu, em 2020, cerca de 2,1 milhões de toneladas do produto. Já no ano passado, a colheita no Estado teve uma redução considerável, sendo registrada a produção de 1,4 milhão de toneladas.

A bienalidade negativa do grão e as geadas que atingiram o território são os fatores que explicam, também segundo a fundação, a redução do volume apurado. O efeito de bienalidade pressupõe que os ciclos de plantio do café envolvem uma safra mais volumosa, enquanto no ano subsequente há baixas de produtividade. No Estado, vale ressaltar que o cultivo do café tem participação de 34,9% no Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP); em todo o País, a participação do grão chega a 5,8%. 

Entre os principais produtos da agropecuária mineira, apenas a soja teve aumento de produção. A commodity subiu de 6,2 milhões de toneladas colhidas em 2020 para 7 milhões em 2021. Desde 2010, a produção do grão tem altas graduais, partindo de 2,9 milhões de toneladas naquele ano para o valor atual. 

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VAB do Agronegócio

De forma geral, a agricultura tem mais força na composição do Valor Agregado Bruto (VAB) do Agronegócio no Estado, com 55,7% de participação. Na sequência, está a pecuária (28,1%) e, por fim, a produção florestal (16,2%). Considerando apenas os valores dos bens primários produzidos nos setores, o VAB das atividades passou de R$ 45,2 bilhões para R$ 59 bilhões entre 2020 e 2021, mensurados a preços correntes/nominais — o valor de R$ 177,1 bilhões se refere a toda riqueza gerada na cadeia produtiva com a participação da indústria (agroindústria), dos serviços e do comércio. 

Como destaque dos resultados, o coordenador de contas regionais da FJP, Raimundo de Sousa Leal Filho, aponta que até 2015 o setor como um todo estava estagnado, sendo que  os valores gerados pela cadeia giravam em torno de R$ 100 bilhões. A partir de 2015, o pesquisador da fundação aponta que houve um dinamismo maior na cadeia, sendo este impulsionado, ainda, pela valorização de preços. 

“Nos dois últimos anos, tivemos um choque positivo de mudanças. Os preços do setor cresceram muito. O PIB do agronegócio corresponde hoje a cerca de 20% do PIB de Minas Gerais”, afirma. Ainda segundo Raimundo de Sousa, a economia estadual não acompanha o crescimento, no entanto, porque também se relaciona fortemente com outros complexos produtivos, o que acaba por reduzir a influência do agronegócio para a economia do Estado. 

Exportações 

As exportações de produtos do agronegócio mineiro também tiveram um salto importante em 2021, sendo justificado, segundo a pesquisadora Maria Aparecida Sales, da Fundação João Pinheiro, pela valorização das commodities, pelo aquecimento da demanda mundial, pela recuperação de parceiros comerciais (China, Estados Unidos e países da União Europeia) e pela desvalorização do real.

O valor total exportado subiu de US$ 27,8 bilhões em 2020 para US$ 33,2 bilhões em 2021. O café, mais uma vez, ganha destaque em participação nas exportações, sendo responsável por 66,3% dos envios em 2021. A soja representou outros 31,1% no resultado, enquanto o milho teve queda na participação, chegando a 0,8%. Em 2019, o milho teve um peso de 2,5% nas exportações mineiras agropecuárias. 

Mesmo sob efeitos da bienalidade, a safra do café teve o impulso do aumento de demanda decorrente da pandemia da Covid-19 e restrições da oferta mundial, o que elevou o preço médio em 19,9%. Somente os Estados Unidos foram responsáveis por importar 20% do café produzido e exportado por Minas Gerais, seguido pela Alemanha (19%). 

Especificamente no caso da agroindústria (produtos já processados em algum nível/manufatura), alimentos e bebidas tiveram participação de 76,6% nas exportações. Já no caso da produção florestal, a celulose teve participação de 18,8% nos produtos enviados a outros países. 

Ainda na agroindústria, as carnes, no entanto, tiveram participação menor nos produtos exportados, saindo de 32,4% em 2020 para 31,1% em 2021. Ainda assim, o valor nominal teve uma variação positiva de 14,4% no período. A carne bovina liderou as exportações (72,7%), seguida pelas aves (21%) e suína (3,6%). 

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