Plataforma certifica sustentabilidade do café para exportação

De olho nas novas regulações mercadológicas. O Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé) e a Serasa Experian desenvolveram a Plataforma de Rastreabilidade Cafés do Brasil, ferramenta que garante aos exportadores cafeeiros a comercialização do produto com origem que respeite as normas socioambientais exigidas para exportação, sobretudo para União Europeia (UE). Nesse primeiro estágio, o sistema conta com mais de 40 associados do Cecafé e já está disponível para embarcadores de café associados que se interessarem.
São empresas brasileiras e estrangeiras responsáveis por aproximadamente 90% dos embarques para a UE e 41% das exportações totais de café do País em 2022 – ano do último dado disponibilizado.
O diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, comenta que a ferramenta está direcionada às normas como o Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR, na sigla em inglês). A Europa é o principal destino das exportações brasileiras do produto, principalmente para cafés especiais. A nova lei exige produtos oriundos de produção sem desmatamento desde dezembro de 2020. “Para nós do Brasil, que fazemos as coisas direito, temos várias regras internas e é uma lei complexa. Porém, sempre vai ter o lado da oportunidade, porque o Brasil – dos 60 países produtores – é o que está mais avançado”, avalia Matos.
Portanto, possuir sistemas que comprovem a completa sustentabilidade dos cafés do Brasil é de fundamental importância para o País se manter como o principal player do mercado.
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Ele explica que o Brasil tem o diferencial da geolocalização das propriedades, algo checado pela legislação europeia. “Você entrega para o importador – que chamamos de operador – toda a geolocalização dos produtores. Aí, ele faz a ‘dupla checagem’, se foi desmatado ou não. E o Brasil tem essa informação graças ao Cadastro Ambiental Rural (CAR). O País tem muitos bancos de dados disponíveis, é transparente”, completa. O CAR é uma obrigação legal para todos os produtores rurais, estabelecida pelo Código Florestal Brasileiro. É uma das diversas bases de dados públicas e oficiais da ferramenta.
Reconhecimento
As áreas de produção cafeeira são monitoradas diariamente. Há atualizações em tempo real se estão em conformidade socioambiental, com emissão de alarmes em resposta a alterações nas responsabilidades estabelecidas. Além disso, a plataforma é auditável e possibilita a personalização conforme o usuário. “O nosso importador quer parceiros confiáveis, parceiros que sejam organizados, que tenham dados, que tenham informações. E o Brasil é esse parceiro”, acrescenta Matos.
O diretor-geral afirma que com a plataforma oferece os dados para o operador fazer a melhor gestão do seu risco. Assim, espera-se que a sustentabilidade do café brasileiro seja mais reconhecida. “A gente diz para o nosso importador: coloque no produto, na gôndola do supermercado, que é ‘origem Brasil’. Também nas cafeterias, identificando a região e o produtor. Nós estamos te dando a rastreabilidade. Reconheça nossas boas práticas, Nosso produto tem valor agregado devido às boas práticas. É uma oportunidade, uma via de mão dupla”, declara.
Apesar do reconhecimento internacional, o representante do Cecafé considera que a comunicação do café brasileiro ainda necessita de mais investimentos. Para ele, a estratégia é o importador falar bem do produto . “Em tempos ESG, discussão de carbono, de crédito de títulos verdes, nós temos as informações necessárias para monitorar os produtores. E aqueles que fazem direito e estão evoluindo, nós estamos dando ferramentas para se reconhecer. Considero um movimento muito positivo e vai ter muitos frutos para o Brasil”, disse.
Além do Ministério da Agricultura e Pecuária e o das Relações Exteriores, embaixadas e adidos agrícolas, o Conselho mantém diálogo com a Comissão Europeia, via Agência da União Europeia para o Programa Espacial (EUSPA, na sigla em inglês).
Governador
Inclusive, em evento na última semana com a embaixadora dos Estados Unidos, Elizabeth Frawley Bagley, na sede do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), o governador Romeu Zema destacou a sustentabilidade da produção do café mineiro. “Nós queremos mostrar que o nosso café, além de ser considerado um dos melhores do mundo, é produzido com responsabilidade ambiental e não com desmatamento, com degradação”, afirmou.
Protocolo de sustentabilidade
Uma das ideias que surgiram a partir da Plataforma de Rastreabilidade Cafés do Brasil é a criação de protocolo de sustentabilidade brasileiro, o qual aproveitaria o know-how do setor em vários protocolos internacionais. “Pensamos o seguinte: Por que não fazemos o protocolo Cafés do Brasil? Já temos tanta lei interna e podemos fazer um monitoramento constante dos produtores com inteligência artificial, com modelos, checando sempre o tempo todo com sistemas de alerta se alguém faz alguma coisa fora da lei com bancos de dados. É uma ideia para o futuro, obviamente, para o Brasil ser uma certificação”, revela Matos.
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