Plataforma Selo Verde passa a incluir a bovinocultura

A Plataforma Selo Verde, ferramenta pública e gratuita que amplia a rastreabilidade e a conformidade ambiental das cadeias produtivas de Minas Gerais, ganhou uma nova versão. Com a atualização, houve a inclusão dos dados da bovinocultura do Estado e, com isso, já são mais de mais 1,1 milhão de propriedades rurais integradas ao programa.
Houve, ainda, o aprimoramento do controle sobre as Autorizações para Intervenção Ambiental (AIA), distinguindo as supressões autorizadas de vegetação nativa das ilegais.
Por reunir informações oficiais, a ferramenta é importante para garantir maior transparência nas informações ambientais, o que é essencial para atender a mercados mais exigentes, como o da União Europeia.
Criada em 2023, a ferramenta foi desenvolvida pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), pela Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
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Na plataforma há um diagnóstico ambiental detalhado e gratuito por imóvel rural. Os dados são do Cadastro Ambiental Rural (CAR), do monitoramento da vegetação nativa e de ações de fiscalização ambiental tanto estadual quanto federal. Conforme o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Thales Fernandes, a versão 1.6 da Plataforma Selo Verde veio para aprimorar ainda mais o serviço, que passa a incluir bovinocultura.
“A versão atualizada vem, na verdade, somar ao trabalho que já fazíamos com o café, soja, florestas plantadas e cana-de-açúcar e, agora, temos a cadeira da bovinocultura. A metodologia é inédita e faz a avaliação de risco, contemplando todos os fornecedores da bovinocultura. Ela considera desde a movimentação dos estoques de animais nas fazendas até os cadastros das propriedades no IMA, que é atualizada anualmente para se ter a rastreabilidade”, diz.
Plataforma Selo Verde é essencial para atender exigência da União Europeia
Ainda conforme Fernandes, por ser um monitoramento totalmente automatizado, o Selo Verde atende, principalmente, os mercados internacionais.
“Atualmente, temos o Regulamento de Produtos Livres de Desmatamento da União Europeia (EUDR), que entra em vigor em 2026. Então, a plataforma auxilia o sistema de rastreabilidade, uma vez que se tem possibilidade de rastrear o trânsito dos animais e os estoques nas fazendas”, explica.
Outro aprimoramento é a possibilidade de distinguir áreas desmatadas por Autorizações para Intervenção Ambiental (AIA) das supressões ilegais. A ferramenta garante a segurança jurídica para os produtores e compradores.
“Antes, a plataforma só mostrava se tinha ou não supressão. Agora, através da Inteligência Artificial (IA) conseguimos identificar se a supressão foi autorizada, seguindo o Código Florestal. Isso gera uma governança ambiental e uma rastreabilidade das cadeias produtivas muito boa”, completa o secretário.
Certidões de conformidade ambiental
Outra inovação da Plataforma Selo Verde é a maior facilidade para a emissão gratuita de certidões de conformidade ambiental. A ferramenta é importante para que os produtores comprovem a adesão às práticas de preservação ambiental.
“Sem dúvida, é uma ferramenta que o produtor tem nas mãos para mostrar que está regular às práticas ambientais, envolvendo a preservação de nascentes, manutenção de Áreas de Preservação Permanente (APP), de Reserva Legal (RL). Isso é possível pela sobreposição geoespacial do CAR”, diz Thales Fernandes.
Com os dados da plataforma, foi possível identificar que no caso da bovinocultura, 97,5% das propriedades produtoras de bovinos apresentam risco negligenciável de associação com desmatamento.
“É um risco mínimo. Isso para o mercado europeu é muito importante. Além disso, foi constatado que 43% das propriedades possuem excedente de áreas de reserva legal. A bovinocultura caminha no mesmo sentido das demais cadeias que já estavam na plataforma, mostrando que Minas faz o dever de casa, tem preservação ambiental, produz com sustentabilidade e que estamos prontos para atender as exigências da UE”, completa.
A Plataforma Selo Verde é utilizada apenas em Minas Gerais, mas, conforme Fernandes, há conversas junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para integração dos dados à Plataforma Agro Brasil + Sustentável.
Há, ainda, negociações com os governos de São Paulo e Espírito Santo para o ingresso dos dados da cafeicultura dos dois estados. “São Paulo e Espírito Santo têm interesse em entrar para termos o parque cafeeiro rastreado”, conclui.
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