Agronegócio

Preço ao produtor deve seguir em alta

Preço ao produtor deve seguir em alta
Crédito: Nacho Doce /Reuters

O aumento dos custos de produção da pecuária de leite mineira tem restringido os investimentos na atividade e reduzido a oferta de leite no campo. Diante de um menor volume, em março, referente à produção entregue em fevereiro, foi registrado avanço de 2,84% no valor do litro de leite pago ao pecuarista, que, na média líquida, foi cotado a R$ 2,24.

No mercado spot, entre as indústrias, a oferta limitada fez com que os valores subissem 15,4% da primeira para a segunda quinzena de março, chegando a R$ 2,93 por litro no Estado. A forte alta, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), mostra uma tendência de nova valorização para o pagamento do pecuarista em abril.

De acordo com os dados do Cepea, a alta no preço pago ao pecuarista também ocorreu na média líquida do Brasil. A valorização chegou a 3,3% frente ao mês anterior, com o litro negociado, em média, a R$ 2,21.

A pesquisadora do Cepea Natália Grigol explica que a valorização do leite no campo ocorre, sobretudo, em função do aumento dos custos de produção, que tem limitado os investimentos na atividade e o potencial de oferta.

“O Índice de Captação Leiteira (Icap-L) do Cepea refletiu esse cenário de oferta limitada e registrou queda de 0,63% de janeiro para fevereiro. É importante frisar que, apesar do preço do leite avançar, isso não significa lucro para o produtor”, disse.

A tendência de novos aumentos nos preços do leite para os pecuaristas é importante, já que o custo de produção da atividade segue avançando.

De acordo com o Índice de Custo de Produção de Leite da Embrapa (ICPLeite /Embrapa), que mede a variação mensal do custo de produção de leite em propriedades localizadas em Minas Gerais, em março, produzir leite ficou 2,7% mais caro.

Perfil dos custos 

A variação mensal elevou para 6,2% a alta acumulada nos custos no primeiro trimestre. Nos últimos 12 meses, os custos já avançaram expressivos 23,2%.

No relatório, os pesquisadores da Embrapa Gado de Leite explicam que, em março, o principal destaque foi o custo do grupo Volumosos, que aumentou 8,2%. “O aumento do preço do adubo, até 30% em apenas um mês, dependendo de sua formulação, é a maior contribuição ao aumento observado neste grupo. A oferta de fertilizantes, que já estava escassa em função da demanda acelerada pós-pandemia, sofreu maior restrição já que a Rússia, um importante exportador mundial, se envolveu em guerra e sanções econômicas a partir do final de fevereiro de 2022”.

Diante do cenário de custos elevados e oferta restrita de leite, a tendência, para o pagamento de abril, é de nova alta. 

“Em março, tanto o leite spot quanto os derivados registraram consideráveis altas, indicando que o movimento de valorização no campo deve persistir e se intensificar no próximo mês (preço do leite captado em março a ser pago em abril). Em Minas Gerais, o preço médio do leite spot subiu 15,4% da primeira para a segunda quinzena de março, chegando a R$ 2,93 por litro. No caso do UHT e da muçarela, os aumentos foram de 11% e de 16,6% em relação à média do mês anterior”, disse a pesquisadora do Cepea. 

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