Preço da banana dispara por efeitos climáticos e alto custo de logística

Responsável por ser um dos itens do grupo de alimentos que puxou a alta da inflação em Belo Horizonte, a banana-prata tem chegado a valores considerados exorbitantes ao consumidor, atingindo, em média, R$ 12 o preço do quilo.
Dados da Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa Minas) mostram que o preço médio do quilo da fruta na central de distribuição teve um aumento de 37,3% em dezembro de 2023, se comparado com o mês imediatamente anterior, o novembro de 2023.
A alta refletiu no Índice de Preços ao Consumidor (IPC-S) da última semana de dezembro, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV – Ibre) no início do mês. A banana-prata foi considerada o produto do grupo de alimentos responsável por puxar a alta da inflação na Capital, que registrou variação positiva de 4,75%.
De acordo com o coordenador do setor de informações de mercado da CeasaMinas, Ricardo Fernandes Martins, os motivos para a escalada dos preços são principalmente os eventos climáticos. “Tivemos desde calor excessivo à intensificação de chuvas, com ciclones, ventos e até alagamentos em algumas regiões”, avalia.
Motivos também considerados pela presidente da Comissão de Fruticultura do Sistema Faemg/Senar e presidente da Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas – Abanorte, Nilda Lage. Ela conta que, além da entressafra, que já reduz o volume de oferta no período, já que há uma baixa produção da fruta em todo o País, outros pontos são muito relevantes. “O alto custo da logística, com estradas muito ruins. O custo da produção do campo que está altamente elevado, a escassez da mão de obra e o contratempos climáticos são fatores importantes para a alta dos preços”, explica.
De acordo com a presidente da Abanorte, houve no Brasil contratempos climáticos em todas as regiões. Se houve seca e calor excessivo no Norte de Minas, o Vale do Jaíba, em São Paulo, sofreu com as chuvas abundantes, e o norte de Santa Catarina com as rajadas de vento e ciclones. “Quando altera algum polo produtivo, acaba que toda a produção é afetada”, diz.
O calor queima as folhas e altera a fisiologia da planta e a formação dos cachos. Já os fortes ventos derrubam os cachos dos pés. “No caso da banana caturra, também conhecida como banana nanica, os pés são altos e, quando derrubados pela ventania, causam perdas e prejuízos tanto em quantidade como em qualidade, elevando os preços”, explica Nila Lage.
No campo, a presidente da Abanorte ressalta ainda que os produtores sofrem com as quedas de energia. “São muitos os fatores que atrapalham o produtor rural, e somados, acabam repercutindo até o consumidor final”, comenta.
Intempéries não devem afetar crescimento anual
Apesar dos desafios, Minas Gerais produziu, em 2023, 0,6% a mais que 2022 e a bananicultura deve continuar crescendo neste ano. O Estado produziu, no ano passado, 846,8 mil toneladas de bananas contra 841,6 mil toneladas da safra do ano anterior (2022).
Os dados fornecidos pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e que têm como fonte o Instituto Brasileiro de geografia e Estatísticas (IBGE) ainda revelam que a área colhida foi de 50 mil hectares no último ano, apresentando aumento de 2,1% em relação a 2022, quando a área colhida foi de 48,9 mil hectares.
E mesmo com o cenário atípico do clima, a presidente da Abanorte acredita que os desafios não provocarão queda na produção anual de 2024. “São desafios que os produtores rurais convivem historicamente. Eles não afetarão o crescimento de 2024 e o setor deve crescer mais uma vez”, garante.
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