Agronegócio

Preço da arroba do boi gordo sobe 50%

Preço da arroba do boi gordo sobe 50%
Apesar da alta nas exportações, os custos com a alimentação do rebanho reduzem o lucro | Crédito: L.ADOLFO

A demanda chinesa pela carne bovina brasileira está contribuindo para a manutenção dos preços da arroba do boi gordo em patamares elevados. No ano, em Minas Gerais, a valorização está próxima a 50%, com a arroba variando de R$ 270 a R$ 280, dependendo da região do Estado.

Mesmo com a alta significativa, produtores precisam ficar atentos, uma vez que os custos de produção também ficaram bem mais elevados, tanto em relação aos preços do milho e da soja, como os valores do bezerro. A tendência é de que as exportações sigam em alta, uma vez que a China segue demandando grandes volumes.

Segundo o analista de Agronegócios da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Wallisson Lara Fonseca, a China ainda não recompôs o rebanho de suínos, que foi dizimado em função da Peste Suína Africana (PSA). Com o descarte de mais ou menos 50% do rebanho chinês, o país tem importado grandes volumes de proteína, inclusive de carne bovina.

Lara ressalta que, no acumulado do ano, as exportações de carne bovina do Brasil para a China atingiram 1,85 milhão de toneladas, ante 1,7 milhão no mesmo período de 2019. A receita alcançou US$ 7,7 bilhões até novembro de 2020, contra US$ 6,8 bilhões no mesmo período de 2019. Com essa movimentação, o mercado chinês importou até agora 58% da exportação total brasileira de carne bovina, contra 43,2% em 2019. O resultado estadual ainda não foi divulgado.

“O apetite da China interfere na valorização da arroba para o produtor. Mesmo em momento de pandemia, a China precisa importar carnes para alimentar a população. Isso alavancou o preço do boi. O rebanho suíno chinês está cerca de 50% menor e, por isso, grande parte do consumo migrou para a carne bovina”, explicou Lara.

Mesmo com o aumento da demanda e dos preços da arroba do boi gordo, os pecuaristas precisam ficar atentos à gestão dos negócios. Isso porque os custos com a alimentação do rebanho aumentaram substancialmente. A soja e o milho, por exemplo, estão com os preços cerca de 80% superiores aos registrados no ano anterior.

Já em relação ao bezerro, a arroba que, no ano passado, estava em torno de R$ 200, este ano passou para R$ 400.

“Os preços da arroba subiram e dos custos também. Por isso, o produtor precisa de uma gestão eficiente e também de se informar sobre o mercado mundial. Isso é importante para ele planejar a produção, ser mais eficiente e se manter na atividade”.

Para o próximo ano, a tendência ainda é de oferta ajustada à demanda. Mesmo com a China investindo na recuperação do rebanho suíno, ainda demandará tempo para uma recomposição efetiva. Além disso, com o aumento da produção chinesa de suínos, a tendência é de que o país importe mais milho, o que também pode afetar a cotação do cereal no Brasil.

No mercado futuro, para maio de 2021, o mercado do boi gordo está estabilizado, com a arroba cotada a R$ 270. 

Mercado interno – No mercado interno, o consumo também está aquecido, principalmente, devido ao pagamento do auxílio emergencial. Com a aproximação das festas de final de ano, a tendência é de consumo firme, que será estimulado também pelo pagamento do 13º salário.

Para o próximo ano, existe o receio da descontinuidade do pagamento do auxílio emergencial. Caso seja suspenso, a tendência é de que o consumo de carne bovina recue, com a população migrando para opções mais em conta, como a carne de suíno, frango e ovos.

Alta investe R$ 2 milhões em aberdeen

A Alta, empresa de melhoramento genético bovino, divulgou na segunda-feira (7) que realizou recentemente um investimento em touros de genética superior de aproximadamente R$ 2 milhões. A empresa importou 10 reprodutores aberdeen  angus dos Estados Unidos, entre eles: Powell Peyton Place, Teasdale Spector, Powell Colt, 44 General Election, War Full Throttle, Rb Stout, Rb Dually, Hoover Entice, War Charged UP e Byergo Undeniable – animais direcionados às demandas internas.

De acordo com o gerente de produto da Alta Miguel Abdalla, os jovens reprodutores são “verdadeiras máquinas de produzir carne, animais que aliam pedigree consagrado, excepcional conjunto fenotípico e destacada avaliação genética para desempenho, promovendo maior rentabilidade dentro dos sistemas produtivos”. A aberdeen angus é a raça que mais comercializa sêmen no Brasil, além de ser uma das maiores raças de corte em nível mundial, possuindo mais de 200 anos de seleção.

Com o investimento realizado, a companhia informou que consegue atender ao mercado com maior agilidade, tendo esses produtos altamente demandados no país, sem correr riscos de imprevistos decorrentes de importação. Segundo a técnica de corte da Alta, Luiza Rocha Mangucci, são reprodutores que passaram por um intenso crivo de seleção para otimizar a lucratividade do pecuarista.

“O processo de importação desses touros levou aproximadamente 100 dias. É importante ressaltar que o procedimento sanitário é extremamente meticuloso, visando a garantir maior segurança na utilização desses animais. Os 10 reprodutores já estão na área de coleta, sendo que de alguns já temos sêmen disponível e todos nacionalizados pela Associação Brasileira de Angus”, finalizou Luiza.

Embarques do produto cresceram 10%

São Paulo – As exportações de carne bovina do Brasil cresceram 10% em volume em novembro, com as compras chinesas voltando a aumentar em relação ao mês anterior, apontou a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).A exportação em novembro atingiu o recorde no ano com uma movimentação de 197.852 toneladas (in natura e processada) e receita deUS$ 844,8 milhões, praticamente estável ante o mesmo mês do ano passado.

Com isso, a Abrafrigo mantém previsão de um crescimento de embarques em 2020 próximo de 10%, e de aproximadamente 15% nas receitas.A China aumentou suas compras de 109 mil toneladas em outubro para 123 mil toneladas em novembro, disse a Abrafrigo, citando dados do governo.

No acumulado do ano, as exportações atingiram a 1,85 milhão de toneladas, versus 1,7 milhão no mesmo período de 2019.

Já as receitas alcançaramUS$ 7,7 bilhões até novembro de 2020, contra US$ 6,8 bilhões no mesmo período de 2019. “Com essa movimentação, o mercado chinês importou até agora 57,9% da exportação total brasileira de carne bovina, contra 43,2% em 2019, somando-se as operações realizadas pelo continente e pela cidade-estado de Hong Kong”, afirmou a entidade.

Depois da China o maior comprador do produto foi o Egito, com 122.753 toneladas até novembro (queda de 23,7% em relação a 2019). Na terceira posição veio o Chile com 56.373 toneladas (-21,1%); em quarto lugar ficou a Rússia, com 56.373 toneladas (-14,8%), segundo a Abrafrigo. Os Estados Unidos aparecem em quinto lugar, com compras de 54.384 toneladas (+52,6%). (Reuters)

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