Preço da cebola dispara com queda na oferta

Os preços pouco remuneradores pagos pela cebola em anos anteriores gerou um maior desestímulo dos produtores no ano passado. Com isso, houve uma redução da oferta e a cebola se tornou o produto que mais encareceu ao longo de 2022. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, com a menor oferta e consumo tradicionalmente elevado, a cebola foi um dos itens que mais pressionaram o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O valor do produto avançou 150,42% no ano.
De acordo com o chefe da Seção de Informações de Mercado das Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa Minas), unidade Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), Ricardo Fernandes Martins, a cebola é uma hortaliça amplamente consumida e, por isso, tem grande impacto na inflação.
“Na unidade da Ceasa Minas de Contagem, a cebola, de forma geral, apresentou uma redução na oferta, em 2022, de 2,6% e o preço aumentou 88%”.
No ano passado, a oferta da cebola amarela foi de 78,1 mil toneladas na unidade, ante as mais de 81,3 mil toneladas ofertadas em 2021. Da cebola roxa, foram 1,24 mil toneladas frente às 1,5 mil registradas em 2021.
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Ainda segundo Martins, a queda na oferta é resultado da redução da área plantada em 2022 devido aos resultados pouco favoráveis da safra anterior. Com uma menor oferta no mercado interno, as importações do produto aumentaram e contribuíram para que os preços ficassem expressivamente mais caros.
“A redução da safra nacional levou a uma maior necessidade de importação do produto. A importação de cebola, em 2022, cresceu 54,9% na Ceasa de Contagem, passando de 2.381 toneladas importadas em 2021 para 3.689 toneladas em 2022”.
Em geral, o preço médio da cebola na Ceasa Minas, em 2022, foi de R$ 3,78, ante os R$ 2,01 por quilo registrado em 2021 – alta de 88%.
“A importação fica mais cara. O consumidor comemora quando o preço está baixo, mas a médio e longo prazos, pagamos a conta. Nos anos anteriores, os preços da cebola estavam baixos e, isso, faz com que se diminua a área plantada, que o produtor mude de cultura”.
De acordo com Martins, a expectativa é de preços mais acessíveis em 2023. A cotação da cebola já vem apresentando sinais de queda.
“Nos últimos 20 dias, o preço recuou bastante. A cebola estava na faixa de R$ 6,50 a R$ 7 a saca de 20 quilos, valor que caiu para R$ 3,25 a R$ 3,50 na última segunda (9 de janeiro)”.
De acordo com os dados da equipe de Cebola do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), com a menor oferta, a safra 2021/22 de cebola apresentou rentabilidade positiva em todas as regiões produtoras do País. Os pesquisadores explicam que a área nacional diminuiu, reduzindo a produção ao longo do ano, o que garantiu um constante aumento dos preços. Parte dessa margem de lucro foi considerada como recuperação dos prejuízos nas últimas temporadas.
Os dados do Cepea mostram ainda que entre janeiro e novembro, o preço nacional médio da cebola híbrida foi recorde com aumento de 259% frente a igual período do ano anterior nas áreas pesquisadas. No ano, houve uma forte queda de 18% na área plantada, levando em consideração as regiões do Cerrado – que é composta por Minas Gerais e Goiás -, São Paulo e no Nordeste.
No Cerrado (Cristalina/GO e Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba), a pesquisa do Cepea mostrou ainda que os investimentos em área também foram menores em 2022. Isso fez com que a temporada registrasse preços elevados de junho a novembro de 2022.O valor praticado, em média, foi de R$ 70,20 por saca de 20 quilos, expressivamente acima dos custos de produção (estimados em R$ 0,99 por quilo).
Conforme a equipe de Cebola do Cepea, “o cenário positivo de preços em 2022 pode estimular produtores a aumentarem a área de cebola em 2023 – mas, mesmo diante do preço elevado, produtores ainda seguem com o “pé no chão”, investindo aos poucos”.
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