Agronegócio

Preço do leite ao produtor em Minas cai 5,6%

Levantamento do Cepea mostra recuo novamente em outubro; pecuarista recebeu, em média, R$ 2,95 por litro
Preço do leite ao produtor em Minas cai 5,6%
Crédito: Adobe Stock

O enfraquecimento da demanda por lácteos, aliado ao aumento da oferta de leite, fez com que o preço pago aos pecuaristas recuasse novamente em outubro. De acordo com o levantamento feito pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em Minas Gerais, o produtor recebeu, em média, R$ 2,95 pelo litro de leite entregue em setembro e pago em outubro – queda de 5,61%. A tendência é de novo recuo no próximo pagamento.

Assim como no Estado, na média Brasil, o preço do leite captado em setembro e pago aos produtores em outubro registrou retração de 6,5% frente ao mês anterior, chegando a R$ 2,84 o litro.

A pesquisadora do Cepea, Natália Grigol, explica que a queda deve-se à menor demanda e maior oferta de leite no mercado. “A inversão do movimento altista, que durou de fevereiro a agosto, esteve atrelada ao enfraquecimento da demanda por lácteos – que vem pressionando as cotações ao longo de toda a cadeia – e ao aumento da oferta – tanto pelo incremento da produção quanto pelo crescimento das importações”.

Ainda segundo a pesquisadora, o consumo de lácteos seguiu retraído em outubro, resultado da diminuição do poder de compra da população. Com vendas fracas e maior pressão dos canais de distribuição, os laticínios tiveram dificuldades em negociar os derivados, gerando queda nos preços no campo.

Oferta e procura

A analista de agronegócio do Sistema Faemg (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais), Mariana Simões, explica que, no Estado, a queda do preço do leite segue a lei da oferta e procura: “Estamos com uma baixa demanda pelos produtos lácteos, mas com aumento da oferta da matéria-prima, que é o leite. Tivemos incremento na produção e também aumento do volume importado de leite”.

Em relação à oferta, houve crescimento da disponibilidade de lácteos, inclusive, com maior importação. O levantamento do Cepea mostra que no Brasil, em setembro, o volume importado de lácteos chegou a 203,5 milhões de litros em equivalente leite, ou seja, avanço de 14,9% frente ao resultado de agosto.

Também houve uma recuperação da produção interna. “A produção de leite tem se recuperado nos últimos meses, ainda que sobre uma base produtiva menor. O crescimento na produção de leite deve-se aos maiores investimentos na atividade, que foram viabilizados pelo aumento expressivo dos preços ao produtor (sobretudo entre junho e agosto) e pela queda nos custos de produção”, explicou a representante do Cepea.

Considerando a média Brasil, conforme o Cepea, o Índice de Captação de Leite (Icap-L) cresceu 2,2% de agosto para setembro, quinto avanço mensal consecutivo. Com isso, desde janeiro, o Icap-L acumula incremento de 8,7%, e, desde setembro de 2021, de 10,9%.

Oscilações de preços

A queda complica ainda mais a situação do produtor rural. “A queda de preços tem impacto direto no produtor. O ano tem sido muito desafiador porque as oscilações de preços foram acima da normalidade. Também tivemos oscilações nos custos, mas, os mesmos caíram menos que os preços do leite. Em setembro, a Embrapa registrou um recuo nos custos de 0,9%, mas a queda nos preços do leite foi maior. Essa diferença coloca o produtor em uma situação complicada”, disse Mariana.

A queda nos preços do leite no campo tem contribuído para a redução em alguns produtos lácteos. No Estado, conforme os dados do Conseleite, até 20 de outubro, foi verificada retração de 5,7% no valor do leite em pó e de 4,2% no preço do leite condensado da indústria para os atacadistas.

Os próximos meses tendem a ser desafiadores para o setor. “Quando a gente pensa nos próximos meses, o cenário é o seguinte. Com a chegada das chuvas, visto que a produção em Minas Gerais é muito baseada em pasto, a tendência é de maior oferta de leite. Então, se não houver um aumento considerável no consumo de lácteos, pode haver nova queda. O cenário é muito incerto, mas a previsão do Conseleite para o produto entregue em outubro e pagamento feito em novembro, é de uma redução de R$ 0,03 a R$ 0,04 por litro no Estado”, explicou a analista do Sistema Faemg.

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